Entenda como a ansiedade no relacionamento pode atrapalhar a sua vida a dois

Casal em crise de ansiedade no relacionamento.

Você às vezes ouve do seu parceiro que é “pegajosa”? Frequentemente se vê fazendo coisas demais para manter o namoro/casamento? Escuta seu parceiro dizendo que está sufocado e precisa de espaço? Tem um constante medo do término da sua relação?

Olha, nós precisamos conversar. Esses são fortes sinais de ansiedade no relacionamento e é importante que você entenda o impacto desses comportamentos na sua autoestima, bem-estar e vida a dois.

Então, que tal falarmos um pouco sobre essa tal ansiedade no relacionamento? Essa é a proposta do texto de hoje.

O que é ansiedade?

A ansiedade é uma resposta natural e saudável a situações desafiadoras ou ameaçadoras. Ela normalmente se manifesta quando estamos inseguros sobre o que pode acontecer no futuro e chama nossa atenção para possíveis “perigos” que possam estar presentes naquilo que nos gera ansiedade.

Para entendermos melhor, imagine que eu terei que apresentar um trabalho importante amanhã. Falarei para um grupo de 30 pessoas. Tenho domínio sobre o conteúdo, mas não sei se o tema irá agradar ou manter a atenção de todos em mim ao longo da apresentação.

Nesse cenário, posso facilmente sentir algum nível de ansiedade. Em consequência, começo a fantasiar sobre as reações da plateia. Talvez imagine que serei vaiado, que ninguém prestará atenção em mim, que farão críticas abertamente etc.

Repare: a ansiedade, diante de um cenário incerto, me faz focar nos medos que tenho com relação a esse futuro próximo (ser criticado, não ser interessante, ser vaiado etc.). Assim, podemos dizer que a ansiedade é uma antecipação de um sofrimento que pode ou não acontecer no futuro.

Como a ansiedade aparece no relacionamento?

Quando falamos de vida a dois, existem algumas coisas que precisamos considerar. Em primeiro lugar, a ansiedade sempre sai de algum lugar — como viu no exemplo anterior, a ansiedade ali era fruto de um medo de não atingir determinadas expectativas.

No caso da ansiedade no relacionamento podemos pensar em possíveis causas para ela. Talvez a mais forte, e vamos nos ater a ela por enquanto, é o medo do abandono. Isso leva a pessoa a uma série de pensamentos, como:

  • “Será que ele realmente sente atração por mim?” — dúvida sobre os sentimentos do parceiro;
  • “Eu sinto que ele não quer mais ficar comigo” — preocupação com o término da relação;
  • “Nós não concordamos hoje, será que temos futuro?” — dúvida sobre a manutenção da relação a longo prazo;
  • “Hoje ele não me deu bom dia, o que fiz de errado?” — constantes tentativas de interpretar o comportamento da outra pessoa (sempre buscando “sinais”);
  • “Ele não leu minhas mensagens até agora, vou terminar esse relacionamento” — sabotagem do relacionamento em função dos sentimentos negativos gerados pela ansiedade.

Da cabeça para a ação

A pessoa ansiosa sofre antecipadamente pelos próprios pensamentos negativos sobre coisas que podem ou não acontecer no futuro. A questão aqui é: não importa se essas coisas são reais ou apenas “fantasias” da mente ansiosa, quem tem ansiedade sofre de verdade e quer se ver livre desses sentimentos negativos.

É por isso que ao sentir o desconforto, antes mesmo que o problema sequer exista, essa pessoa tende a agir impulsivamente para evitar que o cenário desastroso criado em sua mente não aconteça em seu relacionamento.

Para isso, o ansioso tenta controlar tudo em sua rotina. É uma tentativa desesperada de evitar o futuro negativo e aliviar os sentimentos e preocupações. O problema é que isso vem com um preço grande, que vai desde um cansaço enorme até a fragilização da relação.

Ao ter ansiedade no relacionamento é natural que você comece a responder ao que sua mente te diz. Alguns exemplos dessas “ações” de resposta são:

  • ao pensar que não sou interessante o suficiente: mando mensagens o tempo todo para garantir que meu parceiro continua interessado em mim e quando ele demora a responder sinto uma ansiedade mais forte;
  • ao pensar que o parceiro está distante: fico perto o tempo todo, abraço, beijo, ofereço afeto em excesso. Quando ele pede espaço para fazer suas próprias coisas sozinho a ansiedade aumenta;
  • ao ter dúvidas sobre os sentimentos do meu parceiro: tendo a tentar conquistá-lo com mais frequência, cuidando excessivamente da aparência, falando muito, usando de sedução ou fazendo tarefas que sei que ele gosta.

Os comportamentos de quem tem ansiedade no relacionamento giram em torno de controlar tudo o que faz para “não errar”, ter uma hipervigilância em relação às reações e ações do parceiro para captar os “sinais” dele e uma priorização completa da relação e do parceiro em detrimento das próprias necessidades.

A ansiedade no relacionamento é sempre negativa?

Como falei no início deste texto, a ansiedade é uma resposta natural a situações que acontecem ao nosso redor. Por isso, nem sempre ela é algo ruim. Em vários casos ela serve como um alerta para que nos atentemos a algo.

É importante desmistificar isso para efetivamente observar o que acontece conosco. Às vezes a ansiedade realmente vai ser fruto das nossas inseguranças e medos, mas em alguns casos ela pode sinalizar sobre problemas reais no relacionamento.

Talvez a ansiedade na sua relação sirva para mostrar que seu relacionamento não é saudável, que existe uma relação abusiva acontecendo. Talvez ela possa te alertar para mudanças reais no seu comportamento ou nos do seu parceiro. Talvez ela esteja sinalizando que você precisa ter uma conversa importante que está sendo adiada.

O ponto aqui é: a ansiedade no relacionamento não necessariamente é ruim. Ela pode ser um alerta bastante funcional que devemos, sim, escutar. O problema começa quando a frequência dessa ansiedade é alta e não existe uma justificativa que a preceda.

Prejuízos da ansiedade no relacionamento

Ter um sentimento negativo, como a ansiedade, por um período prolongado e com alta intensidade é, com certeza, um grande preço a se pagar. Mas esse não é o único prejuízo de viver com medo de abandono.

A ansiedade no relacionamento nos faz criar um super repertório de “proteger a relação”. O medo de algo ruim acontecer é tão grande que tentamos fazer de tudo para manter a relação estável e isso nos coloca em uma posição bastante arriscada.

Perda de oportunidades de desenvolvimento

Primeiro porque deixamos de nos priorizar. O relacionamento fica em posição privilegiada em nossa vida. Desse modo, o foco que antes poderia estar voltado para nosso autodesenvolvimento, agora é direcionado para o cuidado do parceiro e a manutenção do bem-estar a dois.

Inicialmente isso pode trazer resultados positivos, como um alívio momentâneo da ansiedade e uma sensação de “união”. A longo prazo é que encontramos o prejuízo: pouco a pouco você se sentirá sendo deixada para trás, sentindo que todos ao seu redor, e às vezes até seu parceiro, estão se desenvolvendo enquanto você ainda está no mesmo “ponto” de antes.

Ao focar tanto na relação você se torna uma pessoa menos interessante, porque não tem assuntos para trazer, não tem objetivos na vida, não tem ambições, não desenvolve planos, não têm histórias suas para contar (apenas histórias de casal).

Criação de dependência emocional

O segundo ponto delicado é a dependência emocional gerada pelo elevado tempo dedicado ao parceiro.

Toda essa energia direcionada para a relação não surge mágicamente, você precisa retirá-la de algum lugar. Assim, quanto mais esforço é direcionado para a relação, menos coisas acontecem em sua vida pessoal.

O mais comum nesses momentos é: se afastar progressivamente dos amigos até não conversar mais com a maioria deles, recusar qualquer convite para sair que não envolva o parceiro, deixar de lado hobbies e atividades que eram prazerosas, priorização de atividades que o parceiro gosta etc.

Pouco a pouco essas atitudes vão “excluindo” da sua vida o que te faz ser você e vão colocando seu relacionamento e seu parceiro no centro de tudo. Com o passar do tempo, a única coisa que sobrará será a relação a dois. Não existirão mais hobbies, amigos, nada.

E nesse momento a dependência emocional é inevitável — ao ponto de nos sentirmos “presos” ao relacionamento e sufocados pelo medo ao pensar sobre o que aconteceria se ficássemos solteiros.

Como manejar sua ansiedade no relacionamento?

Um relacionamento saudável é composto por duas pessoas com vidas plenas, que sabem argumentar, colocar seus pontos e expressar suas vontades, mas sem ferir ou atacar o outro. Ter a segurança de fazer isso é fundamental para alcançar o sucesso na vida a dois.

Por isso, lidar com a ansiedade tem relação com o nosso empoderamento, ganho de autoestima e autocuidado. Em vez de tentar controlar tudo para que a relação não acabe, podemos tentar ser a melhor versão de nós mesmos e assim dar a escolha ao nosso parceiro se ele quer continuar do nosso lado ou não.

Mas em vez de te dizer para “tentar ter mais confiança”, prefiro falar o que você efetivamente pode fazer para construir essa confiança, melhorando seu bem-estar e favorecendo o desenvolvimento de um relacionamento saudável na sua vida.

1. Pise no freio da relação

Não adianta querer acelerar as coisas, a vida tem seu ritmo e ele é diferente do ritmo da nossa mente. Temos que aceitar isso e dar um passo de cada vez, sem querer atropelar etapas importantes de um relacionamento.

Então, se o seu parceiro não está respondendo, respire fundo, lembre-se de que ele tem uma vida e que você precisa focar na sua no período em que não estão juntos.

Sempre que houver um “excesso” de pensamentos e comportamentos sobre o relacionamento, pise no freio. Lembre-se que dar espaço ao outro e ter autocuidado são tão importantes para o relacionamento quanto cuidar do seu parceiro ou conversar com ele.

2. Tenha uma rotina de autocuidado

Comece a direcionar um pouco do seu foco para si mesma. Cuide da sua aparência e da sua saúde mental e física.

Faça exercícios físicos regularmente, crie uma rotina de skin care, corte seu cabelo, cuide das unhas, se engaje em atividades que gosta de fazer (ir ao cinema, por exemplo). Enfim, tenha uma parte da sua vida dedicada ao seu bem-estar.

Antes de estar com alguém você deve estar bem consigo mesma.

3. Observe onde você está exagerando

O medo do abandono pode nos levar a comportamentos muito intensos. Nesses momentos nos pegamos exagerando em algo apenas para conseguir a aprovação de nosso parceiro.

É o caso de fingir orgasmos, exagerar na quantidade de carinho entregue, aceitar fazer coisas que não concorda, assumir mais atividades com frequência apenas para agradar o outro, enviar mensagens demais, se declarar com frequência exagerada etc.

Entenda onde você está exagerando. Em que locais, momentos ou situações da relação seu comportamento ultrapassou o limite? Ao identificar essas informações, crie formas saudáveis de agir e tente utilizá-las.

4. Respeite suas necessidades

Você sabe que tem necessidades. Aposto que às vezes sente falta de fazer algo ou se sente um pouco mais desanimada por abdicar de algo que gostaria em função das necessidades do seu parceiro.

Não existe nada de errado em ter necessidades e você está no seu direito de reclamá-las. Quer escutar que é amada, mas seu parceiro não diz essas coisas? Converse com ele. É importante demonstrar suas vontades.

Entendo que existe um medo aqui, um receio de que ao expressar alguma vontade seu parceiro possa se cansar da relação ou achar “chata” a situação. Mas… será que você gostaria de preservar o relacionamento com alguém assim?

Então, no final das contas só existem ganhos quando aprendemos a respeitar nossas necessidades: [1] deixamos nosso parceiro ciente do que buscamos no relacionamento e construímos uma relação mais saudável ou [2] terminamos uma relação fadada ao fracasso.

5. Abra mão do controle

Por fim, mas não menos importante, abra mão do controle. Olha, a ansiedade sempre vai te fazer querer controlar tudo, a menos que você aceite que as coisas estão fora do seu controle e que o que pode fazer é apenas cuidar do seu próprio comportamento.

É libertador entender que você não é responsável pelas ações da outra pessoa. Que você é livre para viver sua vida sem a necessidade de voltar sua atenção para o relacionamento 24h do dia.

A vontade de controlar as coisas (mandar mensagem, vigiar celular, exagerar na entrega de afeto, entre outros) vai ser forte no início. Tente lutar contra ela e veja o que acontece quando você não interfere nas coisas para controlá-las. Pode ser que se surpreenda.

Bom, espero que tenha gostado das dicas que trouxe até aqui. Para fechar com chave de ouro, gostaria de finalizar com uma indicação. Recentemente liberei um teste de ansiedade gratuito aqui no blog. Que tal fazê-lo para medir seu nível de ansiedade? 

É só clicar aqui, responder às perguntas e descobrir seu resultado!

SOBRE O AUTOR: Sou um psicólogo (CRP 04/51810) dedicado a ajudar pessoas a desbloquearem seu potencial máximo e alcançarem o sucesso em suas vidas. Minha missão é clara: eliminar as barreiras que impedem você de prosperar. Entendo que a jornada do desenvolvimento pessoal pode ser complexa, e é por isso que minha abordagem é sempre empática e flexível. Acredito que cada pessoa é única, com sua própria história, desafios e objetivos. Você não será rotulado aqui; em vez disso, exploraremos juntos o que está por trás de suas ações, pensamentos e aspirações. Com mais de 7 anos de experiência, estou comprometido em fornecer resultados tangíveis. Trabalho com abordagens baseadas em evidências, sempre considerando o contexto individual. Quer dar um passo em direção a uma vida mais plena e completa? Clique aqui e agende sua primeira consulta comigo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Back To Top