Equilibrando trabalho e vida pessoal: desafios e estratégias para o bem-estar

Conciliar trabalho e vida pessoal

Você já parou para pensar em como seu trabalho afeta praticamente todos os aspectos da sua vida? Não digo apenas sobre sua renda, mas de tudo que faz parte da sua rotina corrida.

O trabalho ocupa a maior parte das nossas vidas. Como tudo que existe ao nosso redor nos influencia de alguma forma, não dá para negar o impacto que essa atividade tem sobre nosso comportamento e, consequentemente, em nossas relações sociais e amorosas.

Hoje eu gostaria de falar com você sobre como a nossa ocupação pode interferir em suas relações sociais. Vamos lá?

Acúmulo de estresse e expectativas de entrega

Você já fez musculação? É uma pergunta estranha, eu sei, mas faz todo sentido aqui. Quando estamos nos exercitando, ativamos vários músculos do nosso corpo. Esses músculos conseguem suportar uma determinada carga. A cada nova repetição a fadiga aumenta, até que o músculo se exaure.

Nosso cérebro é bastante parecido; ele também é capaz de realizar um conjunto de ações, mas o excesso de “carga”, como o estresse, aos poucos o esgota. Ao chegar no limite, esse cérebro começa a funcionar de uma maneira menos assertiva.

Relação entre trabalho e estresse

O trabalho, qualquer que seja, é inerentemente estressante. Não importa se gostamos ou não do que fazemos, sempre existe algum nível de cobrança, de expectativa e de estresse associado à nossa atividade laboral.

Assim, sempre que trabalhamos consumimos um pouco da “energia” que existe no nosso cérebro. Isso significa que após uma jornada de 8 a 12 horas (incluindo o deslocamento) estamos com menos recursos mentais para lidar com outros desafios.

É por isso que algumas pessoas — talvez seja seu caso — chegam mal humoradas em casa, sem vontade de conversar e tendem a dar respostas mais “grosseiras” do que fariam usualmente. Isso é basicamente o cérebro da pessoa exigindo descanso e qualquer novo estímulo atrapalha esse período de relaxamento.

Do estresse no trabalho para o estresse dentro de casa

O problema é que não é apenas o trabalho que gera estresse. Dentro de casa também temos nossos desafios. Escutar um desabafo, cuidar das crianças, lavar louça, cozinhar, dar e receber afeto, tudo isso também exige um certo grau de atenção e, consequentemente, gera um pouco de estresse.

Nossa energia no dia é limitada e quando direcionamos a maior parte dela para o trabalho, pouco sobra para as relações dentro de casa. As consequências disso são óbvias, não é?

Brigamos com mais frequência, falamos o que não gostaríamos de falar, ficamos irritados com pequenas coisas, sentimos um desespero e exaustão ao lembrar que temos trabalhos para serem feitos em casa também e que não podemos apenas descansar. É quase como uma sensação de que o mundo está contra nós e “não temos um minuto de paz”.

Mas não dá para trabalhar menos e nem reduzir o estresse

Entendo que apenas dizer “trabalhe um pouco menos” ou “gerencie melhor o estresse do trabalho” são orientações que alcançariam um grupo ínfimo de pessoas. No Brasil, a maior parte da população não pode sequer se dar ao luxo de trabalhar em um local próximo de casa.

Então, o que fazer? A energia que temos é limitada, após passar um dia sob estresse ficamos, sim, cansados e mais sensíveis. Isso significa que qualquer esforço parece muito grande e qualquer incômodo se torna um desconforto imenso.

O que pode ser feito dentro de casa para lidar com isso é comunicar. Parece simples ou pouco funcional, mas a verdade é que quando deixamos claro para as pessoas ao nosso redor sobre o que está acontecendo conosco, isso melhora tanto nosso humor quanto nossa consciência sobre nossos estados internos.

Quando digo “amor, estou cansado, o trabalho foi estressante, não sou a melhor pessoa para conversar hoje” eu não apenas comunico para minha parceira o que está acontecendo, como também tomo consciência disso.

É como se eu dissesse para mim mesmo: “Wendell, você está estressado, seu pavio está curto, cuidado para não falar algo no calor do momento ou se irritar com coisas que normalmente não te irritariam tanto”. 

É o famoso dois coelhos com uma cajadada só, de um lado a minha parceira fica consciente do meu estado e evita pensamentos negativos — por exemplo: ficar se questionando sobre o que fez de errado para eu estar assim —, de outro tomo consciência do meu estado mental e fico mais atento para evitar uma desregulação maior.

Dificuldade na separação entre trabalho e casa

O ambiente de trabalho é repleto de sentimentos intensos: ansiedade, felicidade, medo, insegurança, alegria. Tudo que acontece ali tem um certo potencial de elevar nossas emoções, desde uma meta batida e uma venda feita até um cliente reclamando do seu serviço ou produto.

É natural sentirmos essas emoções. Elas enviam sinais ao nosso corpo apontando o que estamos sentindo. É ansiedade? Hora de aumentar a respiração e acelerar o coração. Estamos tristes? Hora de segurar o choro e se afastar um pouco das pessoas.

Contudo, normalmente esses sentimentos não se restringem ao ambiente de trabalho. Quantas vezes você não chegou em casa com raiva ou decepcionado por conta de algo que alguém disse ou algum acontecimento durante seu expediente?

A questão é que esses sentimentos podem estar restritos a um ambiente, eles não precisam nos acompanhar ao longo do dia. Essa dificuldade em fazer a separação entre o que é espaço do trabalho e o que é espaço de casa faz toda a diferença.

Não ataque quem não tem relação com sua dor

Sentimentos são uma coisa forte. Nós não conseguimos ignorá-los. Pelo contrário: quando fingimos que eles não nos afetam, a verdade é que eles começam a nos controlar por completo e nem percebemos, temos uma falsa sensação de estar no controle.

Seja sincero consigo mesmo: já aconteceu de você estar nervoso por conta de algo no trabalho e ao interagir com alguém na sua casa acabou dando uma resposta agressiva? E depois, mesmo sentindo que errou, manteve sua posição e tentou justificar sua fala?

Pois é, isso já aconteceu com todo mundo — a menos que você esteja mentindo para si mesmo, é claro — e é um sinal da dificuldade que temos de entender e lidar com nossos estados mentais. Sentimentos sempre dão um “impulso” para a nossa ação. Durante a raiva a minha vontade é de atacar as pessoas, durante o medo é de lutar ou fugir, diante do nojo é preciso segurar o vômito. É assim que nossa mente funciona; tentar negar esse mecanismo não te protege dele.

Assim, quanto mais conscientes estamos do que se passa pela nossa cabeça, melhor podemos direcionar o sentimento ao lugar certo. Nesse exemplo, entender seu sentimento fará a raiva passar? Não, de forma alguma. Mas fará você direcioná-la a onde realmente deveria estar. 

E isso é mágico. Acredite! Ao direcionar um sentimento, abrimos espaço para que outras sensações entrem em nossa mente. É como se ao limitar o que sentimos ao contexto no qual o sentimento faz sentido, começássemos a poder sentir outras coisas ao mesmo tempo. Podemos ter raiva do chefe e ficar feliz por estar em casa, tudo ao mesmo tempo.

Regulação emocional é a chave para o sucesso

Claro que fazer esse trabalho de ter duas ou mais emoções ao mesmo tempo, e também direcionar a emoção certa para o local certo, não é lá uma das tarefas mais fáceis. Na verdade, existe um conjunto de habilidades que precisamos desenvolver para fazer isso, que compõem o que chamamos de “regulação emocional”.

A regulação emocional é uma forma de lidarmos com nossas emoções sem “explodir”. Ela é a base para o processo de inteligência emocional e é fundamental para termos uma vida mais saudável, direcionando as emoções para onde elas realmente deveriam acontecer.

Não vou me alongar muito aqui porque já escrevi um conteúdo enorme sobre esse assunto. Se quiser entender um pouco mais sobre regulação e Inteligência Emocional, clique aqui.

Falta de energia, baixa disposição e perda de ânimo

Não saímos ilesos do estresse. Lidar com os desafios do trabalho, do trânsito e das nossas próprias cobranças internas tem um preço alto: ficamos esgotados e o único respiro de alívio é na sexta-feira à noite.

Essa baixa energia nos torna pessoas chatas, infelizmente. Nossa principal resposta para quase qualquer coisa é “não” e priorizamos atividades mais passivas, como ver tv ou ficar no celular, a opções mais “trabalhosas”, como sair de casa ou se encontrar com amigos.

Mais uma vez, isso é natural e faz total sentido quando pensamos em quão cansativo é trabalhar e o nível de estresse que precisamos lidar. Mas o prejuízo em nossa vida social fora do trabalho acaba sendo grande.

Mas não dá para “ganhar” energia e disposição magicamente

Precisamos de tempo para descansar. Isso é um fato e em alguns casos a pessoa realmente não tem essa disponibilidade. Se o seu ritmo de trabalho é acordar, ir trabalhar, chegar em casa, tomar banho e dormir, realmente não temos o que fazer, a não ser mudar de trabalho assim que for possível.

Agora, se sua rotina é um pouco mais flexível e você dispõe de duas ou três horas no dia, aí, sim, podemos fazer algo. O cansaço acumulado em nosso corpo e mente não é fruto apenas do excesso de estresse e esforço, mas também de um conjunto de hábitos negativos.

A falta de exercício físico, alimentação pobre em nutrientes, falta de exposição ao sol e poucas opções de descanso ativo são os principais motivos para não conseguirmos efetivamente descansar.

Veja bem: não estou falando de nada absurdo, tá? Não é para correr 10 km por dia, mudar a alimentação totalmente para só salada, grãos e frango ou separar uma parte do dia para colocar a sunga/biquíni e ficar tomando sol.

Vamos por algo mais simples inicialmente. 15 a 30 minutos de exercício de alta intensidade vai ajudar no processo de recuperação do seu corpo. Na primeira semana você se sentirá mais cansado, mas nas semanas seguintes verá a diferença na disposição.

Em vez de mudar toda a alimentação, que tal cortar só o excesso de doces, frituras e industrializados? Não precisa ser algo super restritivo, basta acrescentar uma fruta, alguns legumes e comidas mais leves no dia. Não tem problema aquele docinho depois do almoço, mas viver à base de doce e salgadinho além de te levar mais rápido para o túmulo também impede sua recuperação e descanso.

Quando falo sobre exposição ao sol, são 10 minutinhos sentado em um local com iluminação natural no período da manhã. Se quando você acorda o sol já nasceu, é só levantar da cama, abrir a janela e ficar sentado onde o sol está batendo enquanto seu corpo termina de despertar. Isso não atrapalhará sua rotina em nada e mudará drasticamente sua disposição.

É preciso saber descansar

Sabe quando você vai até algum médico, ele coloca o estetoscópio nas suas costas e pede para respirar; depois de duas inaladas o profissional diz: “não, você está respirando errado”. Aí vem aquele pensamento de “como assim eu não sei respirar?”

Bom, é mais ou menos por aí com relação ao descanso. Temos o costume de pensar que descansar é não fazer nada ou ficar em repouso (deitado, sentado etc.). Mas na verdade não, o repouso é importante para reparar o corpo e nos preparar para o sono, mas descansar vai muito além disso.

Para efetivamente descansar precisamos nos engajar em atividades prazerosas, mesmo naquelas em que teremos que empregar algum nível de esforço. Jogos (futebol, basquete, vôlei, jogos de tabuleiro, videogames etc.), interação com amigos (um churrasco, conversa…), natação, leitura, meditação. Não importa sua escolha, desde que seja algo que você faça ativamente e seja prazeroso.

Algumas pessoas descansam até na academia — longe de mim ser essa criatura iluminada, mas quem sabe um dia? —, o ponto é: descanso precisa ser algo planejado e feito intencionalmente, que gere algum nível de prazer e que não fiquemos passivamente recebendo inputs (como rolar o feed das redes sociais).

É claro, o tempo sempre será um limitador, principalmente dependendo do estilo de vida que levamos e das oportunidades que temos. Também entendo que alguém que trabalhe 16 horas por dia ao chegar no final de semana preferirá apenas dormir.

Mas veja, isso são exceções. Se você tem tempo disponível para passar 6 a 8 horas por semana nas redes sociais ou vendo séries, você também tem para descansar adequadamente.

E olha, até ver séries vale aqui, desde que seja uma atividade ativa. Ver com amigos, comentar, discutir teorias. Isso é completamente diferente de se jogar no sofá, dar o play e nem prestar atenção ao que está assistindo.

Falta de planejamento para a vida social e doméstica

Com tanto trabalho, cansaço e falta de tempo, é natural que algumas coisas comecem a ser negligenciadas. Talvez seja sua saúde, sua relação com seus amigos, o tempo de lazer com os filhos ou sua relação conjugal.

Mas a vida é feita de escolhas, e é melhor escolhermos conscientemente para sabermos o que realmente vale a pena abrir mão e o que é importante para nós. Então, pare um pouco e se pergunte: “Além do trabalho, o que é mais valioso em minha vida?” São meus amigos? Minha saúde? Família? Crie uma hierarquia — eu sei que é difícil, mas viver também é.

Agora, se pergunte o que precisa ser feito para cultivar aqueles valores. Vou dar o exemplo da relação conjugal, okay? Mas vale para qualquer escolha que você fizer.

Imagine que por conta do trabalho você já não tem mais um cuidado com sua estética, tem optado por ficar no celular em vez de conversar e não cria oportunidades de uma relação mais íntima entre o casal. Será que essas ações vão fazer você ter um casamento saudável ou levarão ao fim dessa relação?

Se o relacionamento amoroso for um valor importante para você, é necessário se planejar para tal. Romantismo, sexo e afeto “espontâneos” não existem. Nós precisamos planejar essas ações, assim como fazíamos na época do namoro.

“Ah Wendell, mas não fazia, a gente se encontrava e acontecia naturalmente”. Mas vocês planejavam se encontrar, e nesse planejamento se lembravam de coisas que sentiam falta ao longo da semana e gostariam de fazer juntos, certo? É isso que falta em muitos casamentos.

Como disse, o caso do relacionamento amoroso é só um exemplo, a mesma lógica você pode aplicar para qualquer coisa (relacionamento com amigos, estudo, criação dos filhos, cuidado com a saúde etc.): [1] identifique suas prioridades, [2] se pergunte sobre o que tem feito, [3] avalie as consequências futuras do que tem feito, [4] planeje suas ações em função do futuro que gostaria.

Agora, se você quer dar um passo adiante, clique aqui e descubra qual é o papel da sua mente e seu comportamento no desenvolvimento pessoal.

SOBRE O AUTOR: Sou um psicólogo (CRP 04/51810) dedicado a ajudar pessoas a desbloquearem seu potencial máximo e alcançarem o sucesso em suas vidas. Minha missão é clara: eliminar as barreiras que impedem você de prosperar. Entendo que a jornada do desenvolvimento pessoal pode ser complexa, e é por isso que minha abordagem é sempre empática e flexível. Acredito que cada pessoa é única, com sua própria história, desafios e objetivos. Você não será rotulado aqui; em vez disso, exploraremos juntos o que está por trás de suas ações, pensamentos e aspirações. Com mais de 7 anos de experiência, estou comprometido em fornecer resultados tangíveis. Trabalho com abordagens baseadas em evidências, sempre considerando o contexto individual. Quer dar um passo em direção a uma vida mais plena e completa? Clique aqui e agende sua primeira consulta comigo!

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