Como a dependência emocional pode arruinar a sua vida (e como se livrar dela)

dependência emocional

Uma das maiores vantagens de se estar em um relacionamento é poder contar com alguém que pode nos auxiliar, que se mantém ao nosso lado nos momentos bons e ruins. Contudo, existe um limite entre essa interdependência saudável e uma dependência emocional.

É como diz a famosa frase: “tudo em excesso faz mal”. Se de um lado temos um processo natural de depender e prestar suporte na medida certa ao nosso parceiro, de outro temos situações nas quais as pessoas se tornam efetivamente dependentes daqueles que estão ao seu lado — e isso gera N prejuízos para ambos.

O que é dependência emocional?

De maneira bastante resumida, podemos dizer que a dependência emocional, ou dependência afetiva, é uma forma de imaturidade emocional. Ela reflete uma dificuldade da pessoa em lidar com frustrações e incertezas ou encarar suas próprias vulnerabilidades, como o medo de estar sozinha ou sua baixa autoestima.

Mas… a dependência emocional não é algo fixo e estável. É mais interessante se pensarmos nela como um espectro. De um lado temos a total independência emocional, que poderia levar a um quadro de dificuldade de expressão e afastamento, no centro temos a interdependência, também chamada de “apego seguro” ou “dependência saudável” e mais para o fim tempos a completa dependência.

Gráfico explicativo sobre o espectro da dependência emocional. Do lado direito temos a total independência, no centro da Interdependência ou Dependência saudável e no extremo direito temos a dependência emocional intensa

Cada pessoa, dentro desse espectro, terá seu nível de apego. Quanto maior o nível de dependência, mais difícil é para a pessoa lidar com suas próprias emoções. À medida que nos aproximamos da borda à direita da régua começamos a depender excessivamente do suporte do nosso parceiro.

A palavra “dependência” não é escolhida ao acaso aqui. Quando “usamos” nosso parceiro para aliviar algum sentimento negativo, como a solidão ou o medo da incerteza, vamos aprendendo a ter ele como a única estratégia para lidar com essas emoções, assim como alguém que aprendeu a usar o álcool para aliviar a ansiedade, por exemplo.

Quanto mais tempo dependendo desse outro para aliviar nossas próprias emoções negativas e nos sentirmos melhor, mais complexo é o vínculo. Em outras palavras: pessoas com perfil dependente em relacionamentos longos terão mais dificuldade de lidar com esse comportamento em suas vidas.

Como nossa infância promove a dependência emocional na vida adulta?

Você já deve ter escutado dizer que nossa infância molda o que seremos quando adultos. Essa fala não é totalmente verdade, mas existe um fundo de lógica importante que precisamos considerar. Para isso, vamos parte do princípio de que todo comportamento é aprendido, combinado?

Se tudo o que fazemos é fruto de aprendizado, as experiências que temos ao longo da vida vão moldando a maneira como agimos e reagimos às situações. O período no qual aprendemos mais rapidamente é na infância, por isso uma parte significativa da maneira como interpretamos o mundo vem do que nos foi ensinado nesse período.

Mesmo que cada pessoa tenha uma história de vida única e complexa, existem alguns aspectos da infância que podem favorecer o surgimento da dependência emocional na vida adulta. Vamos ver alguns deles:

Abandono parental

O abandono parental é uma forma de negligência que ocorre quando os pais ou responsáveis não oferecem o cuidado, a atenção, o afeto e a proteção adequados para o desenvolvimento saudável da criança. Isso pode acontecer por diversos motivos, como morte, separação, doença, violência, trabalho, vícios, etc.

O abandono parental pode gerar na criança sentimentos de rejeição, insegurança, baixa autoestima, culpa e medo. Esses sentimentos podem persistir na vida adulta e fazer com que a pessoa busque no parceiro a compensação pela falta de amor e cuidado que recebeu na infância, bem como uma segurança e estabilidade. Assim, a pessoa se torna dependente emocionalmente do parceiro, pois teme perdê-lo e ficar sozinha novamente.

Excesso de zelo na infância e adolescência

O excesso de zelo na infância e adolescência é o oposto do abandono parental. É quando os pais ou responsáveis são super protetores, controladores, exigentes e invasivos na vida da criança ou do adolescente. Eles não permitem que a criança ou o adolescente tenha autonomia, liberdade, responsabilidade e independência. Eles fazem tudo pela criança ou pelo adolescente, sem deixá-lo enfrentar desafios, frustrações e riscos.

O excesso de zelo na infância e adolescência pode gerar na criança ou no adolescente sentimentos de incapacidade, insegurança, dependência, ansiedade e medo. Esses sentimentos persistem na vida adulta e fazem com que a pessoa busque no parceiro a proteção, a orientação, a aprovação e a segurança que recebeu na infância. Assim, a pessoa se torna dependente emocionalmente do parceiro, pois teme não conseguir se virar sozinha na vida.

É uma constante dúvida sobre a sua própria autoeficácia. Além disso, nesse cenário a criança e o adolescente não tem liberdade nem mesmo para aprender a lidar com as próprias emoções, e o desconforto de uma emoção negativa, como aquele experimentado em uma separação, talvez seja quase insuportável.

Bullying e problemas de adaptação

O bullying é uma forma de violência que ocorre quando uma pessoa ou um grupo de pessoas humilha, ofende, agride, isola ou discrimina outra pessoa de forma repetitiva e intencional. O bullying pode acontecer em diversos ambientes, como escola, trabalho, família, internet, etc.

O bullying pode gerar na pessoa que sofre sentimentos de tristeza, raiva, vergonha, baixa autoestima, isolamento e medo. Esses sentimentos podem persistir na vida adulta, acompanhados de uma sensação de inadequação e insuficiência. Como se a pessoa não merecesse fazer parte de nenhum grupo e, caso tentasse, seria novamente excluída.

Pessoas que crescem em ambientes com excesso de bullying tendem a ser desconfiadas, não confiar nas pessoas e se isolar. Quando encontram um parceiro que se sentem confortáveis, podem acabar direcionando todas as demandas emocionais a ele, se sacrificando para manter a relação em função de um constante medo de rejeição, humilhação ou abandono futuro.

Mudanças constantes e poucas amizades na infância

As mudanças constantes e as poucas amizades na infância são fatores que podem dificultar a formação de vínculos afetivos estáveis e duradouros na vida da criança. Isso pode acontecer por diversos motivos, como mudanças de casa, de escola, de cidade, de país, etc.

As mudanças constantes e as poucas amizades na infância geram sentimentos de solidão, insegurança, instabilidade e medo. Além de privá-las da habilidade de criar, nutrir e manter laços saudáveis e profundos com os outros.

Esses sentimentos levam a pessoa a buscar no parceiro a companhia, a confiança, a estabilidade e a fidelidade que não teve na infância. Assim,ela se torna dependente emocionalmente do parceiro, pois teme ficar sozinha, deslocada ou sem referências na vida.

Ambientes invalidantes

Os ambientes invalidantes são aqueles que não reconhecem, não valorizam, não respeitam ou não aceitam as emoções e os sentimentos da pessoa. Eles podem ser a família, a escola, o trabalho, a sociedade ou qualquer outro espaço de convivência. 

Nesses ambientes, quando a pessoa se expressa, outras ao seu redor reduzem suas queixas, medos e emoções. É o caso da mãe que, ao ver o filho caindo e se machucando, diz que ele não deveria chorar, que aquilo não está doendo e que ele não está sentindo dor.

Por mais “natural” que seja esse comportamento da mãe do exemplo, quando isso acontece em níveis elevados, invalidando quase que totalmente as emoções e pensamentos de alguém, o resultado é catastrófico. É assim que criamos pessoas que se sentem inadequadas, erradas, inferiores e culpadas por sentirem e pensarem o que sentem e pensam.

Essas pessoas se sentem perdidas, frustradas, com medo e angustiadas em sua vida adulta. Ao se depararem com alguém que as acolhe, podem acabar adotando essa relação amorosa como o único ponto de validação de suas vidas, como se só seus parceiros realmente as entendessem.

A dependência surge dessa percepção de que apenas com aquele parceiro existirá compreensão e acolhimento, por isso o relacionamento deve ser mantido a qualquer custo.

Quais os principais sinais da dependência afetiva?

Existem vários sinais que podem revelar a dependência emocional, mas nem todos são iguais para todas as pessoas. Cada pessoa tem sua própria forma de expressar e vivenciar suas emoções e seus relacionamentos. No entanto, alguns comportamentos são mais comuns e podem servir de alerta para você. Vamos ver alguns deles:

Necessidade de contato e validação

Um dos sinais mais evidentes da dependência emocional é a necessidade constante de estar perto de outras pessoas, especialmente do parceiro. A pessoa dependente emocionalmente não consegue ficar sozinha, pois se sente insegura, ansiosa e incompleta. Ela precisa da presença e da atenção do outro para se sentir bem, valorizada e amada.

Forte insegurança

A pessoa dependente emocionalmente não confia em si mesma, nem no seu parceiro, nem no seu relacionamento. Ela tem medo de perder o parceiro, de ser traída, de ser abandonada, de ser rejeitada. Ela duvida do seu valor, da sua capacidade, da sua beleza, da sua inteligência. Ela se compara com os outros e se sente inferior.

Sensação de não ser bom o suficiente

Quem sofre com a  dependência emocional se sente indigno de receber o amor e o carinho do outro. Ele acha que o parceiro é perfeito, que merece alguém melhor, que vai se cansar dele. Essa pessoa se esforça para agradar o parceiro, para atender às suas expectativas, para não decepcioná-lo. Ela se anula, se sacrifica e se submete ao outro.

Medo de perder o parceiro

Um dos sinais mais graves da dependência emocional é o medo obsessivo de perder o parceiro. Essa pessoa tende a viver em função do outro, faz dele o centro da sua vida, o sentido da sua existência. Ela não consegue imaginar a vida sem o parceiro, acha que não seria capaz de sobreviver sem ele. 

Por dentro de todo esse controle, existe um verdadeiro medo de abandono e da solidão. Pessoas nessa posição podem fazer de tudo para manter o relacionamento, mesmo que isso signifique sofrer, se humilhar, se violentar.

Sentimento de culpa ao se priorizar

Pessoas com comportamento de dependência emocional se sentem responsáveis pelo bem-estar, pela felicidade, pelo humor, pelo sucesso e pelo fracasso do outro. Elas acreditam que devem estar sempre disponíveis, atentas e presentes para o parceiro. 

Quando não podem fazer isso, ou quando se priorizam de alguma forma — cuidando da própria saúde, por exemplo — se sentem culpadas e o medo do abandono aparece com força total, seguido de um sentimento de estarem sendo egoístas.

Aceitação do sofrimento por medo de perder o relacionamento

Um dos sinais mais tristes da dependência emocional é a aceitação do sofrimento psicológico e físico por medo de perder o relacionamento. A pessoa se submete a situações de abuso, chantagem, mentiras e descaso para manter o relacionamento.

Normalmente essa pessoa tem uma visão deturpada do que é uma vida saudável, e entende que tudo isso faz parte de um relacionamento e que “suportar” essa violência é prova de amor. Mas na verdade o motivo da manutenção da relação é um constante medo do novo, do diferente e da solidão.

Constante sentimento de ansiedade

A pessoa dependente emocionalmente vive em um estado de tensão, sempre preocupada com o futuro da sua relação. Ela se mantém em vigília 24h por dia, sempre atenta a como está seu parceiro e seu relacionamento.

Para alguém que sofre com dependência emocional, basta que seu cônjuge fale algo de uma forma mais grosseira ou esteja mais introspectivo para iniciar um processo de ansiedade. Todas as possíveis justificativas passam pela cabeça da pessoa, principalmente aquelas nas quais ela se sente culpada ou fragilizada.

Frases como “será que eu falei algo errado?” e “ele está com raiva por causa de X coisa que eu fiz” são alguns dos pensamentos que podem surgir.

Idealização do parceiro e/ou do relacionamento

Um dos sinais mais comuns da dependência emocional é a tendência a idealizar o parceiro e/ou o relacionamento. Isso significa que a pessoa dependente cria uma imagem distorcida da realidade, ignorando os defeitos, os problemas e os conflitos que existem na relação. 

Ela passa a acreditar que o seu parceiro é perfeito, que o seu amor é incondicional e que o seu relacionamento é o melhor do mundo. Essa idealização a impede de ter uma visão crítica e equilibrada da situação, e também dificulta que ela reconheça os seus próprios sentimentos e necessidades.

Crença de que a vida não tem sentido ou valor sem o parceiro

Outro pensamento comum nos quadros de dependência emocional é a crença de que a vida não tem sentido ou valor sem o parceiro. A pessoa passa a se sentir incompleta, vazia e sem propósito quando está longe do seu cônjuge/namorado, ou quando pensa na possibilidade de perdê-lo. 

Ela não consegue se imaginar feliz ou realizada sem a presença do outro, e acha que nada mais importa além do relacionamento. Essa crença revela uma falta de autoconhecimento, de auto valorização e de autonomia da pessoa dependente, que se anula constantemente na relação.

Persistente necessidade de segurança

A pessoa dependente tem uma dificuldade em lidar com a incerteza, a ambiguidade e a mudança. Ela precisa de garantias constantes de que o seu parceiro a ama, a deseja e a escolhe.

Ela também precisa de provas concretas de que o seu relacionamento é estável, duradouro e exclusivo. Essa necessidade de segurança faz com que a pessoa dependente seja ansiosa, controladora e exigente, e que cobre do parceiro demonstrações de afeto, de compromisso e de fidelidade.

Dependência do parceiro para ter confiança e autoestima

O nono sinal da dependência emocional é a necessidade de se reafirmar com base no julgamento e falas do parceiro para ter confiança e autoestima. A pessoa dependente não tem uma boa imagem de si mesma, e não se valoriza pelo que é, pelo que faz ou pelo que sente.

Ela depende da aprovação, do elogio e do reconhecimento do seu parceiro para se sentir bem, bonita e capaz. Existe uma tendência de se comparar constantemente com outras pessoas, e se sentir inferior ou ameaçada por elas. Ela não confia no seu potencial, e não busca o seu crescimento pessoal ou profissional a não ser que seja estimulada a isso por ele.

Excesso de ciúmes e comportamento possessivo

A baixa autoestima e elevada insegurança em relação ao seu relacionamento levam a quadros intensos de ciúme e tentativas de controle. Por acreditar que os outros são melhores que ela, a pessoa dependente tenta se proteger da forma como consegue: vigiar e controlar o comportamento do seu parceiro.

Ela não respeita a individualidade, a privacidade e a liberdade do outro, e quer controlar tudo o que ele faz, diz ou pensa. Também não aceita que o seu parceiro tenha outras relações, como amigos, familiares ou colegas de trabalho, e se sente ameaçada ou traída por eles. Ela faz cenas de ciúmes, acusações infundadas e chantagens emocionais para manter o seu parceiro sob o seu domínio.

Como a Psicologia entende a dependência emocional?

A Psicologia entende que a dependência afetiva pode se originar de vários padrões de comportamento e processos de aprendizado. Contudo, existem quatro grandes bases que servem como uma terra fértil para o crescimento e florescimento dessa imaturidade emocional — que é fruto de muito sofrimento.

Esses quatro pontos de atenção são: a vulnerabilidade, o medo de abandono, a baixa autoestima e o baixo autoconceito.

Vulnerabilidade

A dependência por segurança e proteção é um reflexo de uma baixa auto-suficiência, ou seja, a pessoa não se sente capaz de cuidar de si mesma e de enfrentar os desafios da vida. Ela tem medo do desamparo, da falta de proteção e de apoio. 

Por isso, ela busca no outro uma fonte de proteção e segurança, que pode ser material, emocional ou social. Ela tende a se envolver com parceiros mais bem resolvidos, que possam suprir suas carências, e em alguns casos, controladores, que possam tomar decisões por ela.

Em situações mais disfuncionais esses parceiros podem ser, também, abusadores e cometerem excessos quanto ao controle da vida da pessoa dependente.

Medo do abandono

A dependência de estabilidade é um reflexo de uma vulnerabilidade do desenvolvimento afetivo, ou seja, a pessoa não se sente segura em relação ao amor e ao vínculo que estabelece com o outro. Ela tem medo de que sua relação fracasse, de que o outro a deixe ou a traia.

Por isso, ela busca no outro uma fonte de estabilidade, que possa garantir a continuidade e a exclusividade da relação. Ela tende a se envolver com parceiros que demonstrem compromisso, fidelidade e lealdade, e em alguns casos, dependentes, que possam depender dela também — aqui entraria o conceito de “codependência”.

Baixa autoestima

A dependência de afeto e desejo é um reflexo de uma baixa autoestima, ou seja, a pessoa não se sente amada, valorizada e desejada por si mesma. Ela tem medo de que o outro não a ame o suficiente, de que não a ache atraente ou interessante. 

Por isso, ela busca no outro uma fonte de afeto e desejo, que possa elogiar, admirar e satisfazer suas necessidades. Ela tende a se envolver com parceiros que demonstram carinho, atenção e paixão, e em alguns casos, idealizados, que possam corresponder às suas fantasias.

Baixo autoconceito

A dependência de aprovação e reconhecimento é um reflexo de um baixo autoconceito, ou seja, a pessoa não se sente competente, inteligente e capaz por si mesma. Ela tem medo de que o outro a desaprove, a despreze ou a critique.

Por isso, ela busca no outro uma fonte de aprovação e reconhecimento, que possa validar, incentivar e apoiar suas escolhas. Ela tende a se envolver com parceiros que demonstram respeito, admiração e confiança, e em alguns casos, submissos, que possam se adaptar às suas vontades.

Como a dependência emocional te afeta?

Imagino que você tenha achado a dependência emocional suficientemente maléfica até aqui, mas a verdade é que além de todos os pontos já ditos ela também pode afetar sua vida em níveis mais profundos.

Existem três aspectos, em especial, que precisamos falar sobre.

Problemas de relacionamento

A dependência emocional dificulta a construção de relacionamentos saudáveis, baseados no respeito, na confiança e na liberdade. Pessoas dependentes emocionalmente costumam:

  • Precisar de muita segurança e apoio do parceiro, o que pode gerar cobranças excessivas e invasão de privacidade. Você pode, por exemplo, pegar perguntando frequentemente coisas como:
    • “Você me ama?”
    • “Estou te incomodando?”
    • “Você realmente quer ficar comigo?”
    • “Eu estou bonito?”
    • “Você quer terminar comigo?”
  • Ter medo de perder o parceiro, o que pode gerar ciúmes, possessividade e tentativas de controle;
  • Depender da aprovação do parceiro, o que pode gerar insegurança, baixa autoestima e submissão;
  • Idealizar o parceiro, o que pode gerar frustração e decepção.

Esses comportamentos podem afastar o parceiro, que pode se sentir sufocado, manipulado ou desvalorizado. Além disso, geram conflitos, brigas e desgaste na relação. Ter um padrão de relacionamentos fracassados é algo relativamente frequente em quadros de dependência emocional.

Estresse

Conviver com tanta insegurança e sentimentos negativos não é uma tarefa simples. Isso gera uma sobrecarga mental e, consequentemente, um grande cansaço, privando a pessoa dependente do merecido descanso e a submetendo a elevados níveis de estresse.

Os principais comportamentos que favorecem essa sobrecarga são:

  • Se preocupar constantemente com o futuro do relacionamento e os sentimentos do parceiro, o que pode gerar ansiedade e inquietação;
  • Se fixar no parceiro, o que pode gerar obsessão e compulsão;
  • Se sentir culpado, envergonhado ou indigno, o que pode levar a quadros de depressão e isolamento;
  • Se sentir impotente, desesperado ou vazio, podendo desencadear pânico e angústia.

Todo esse contexto promove emoções muito intensas e uma grande desregulação emocional. Em função disso a pessoa que está experimentando um quadro de dependência emocional e já atingiu determinado nível de estresse também sentirá coisas como:

  • Mudanças repentinas de humor, que podem ser irritabilidade, tristeza ou euforia;
  • Explosões de raiva ou tristeza, como choro, gritos e agressões;
  • Expressões físicas dos seus sentimentos, como quebrar objetos ou atentar contra a própria vida;
  • Sintomas somáticos, que podem incluir tensão muscular, dores de cabeça, desconforto estomacal ou alterações no sono ou no apetite.

Baixo autocuidado

A dependência emocional também prejudica a capacidade da pessoa de cuidar de si mesma, de atender às suas próprias necessidades emocionais, assim como identificar quando deve se priorizar. A longo prazo isso gera um processo de autonegligência intenso.

Pessoas dependentes emocionalmente podem:

  • Depender totalmente do parceiro para o apoio emocional, o que as priva de desenvolver recursos internos para lidar com as dificuldades;
  • Negligenciar as suas próprias atividades, interesses e hobbies, as afastando do prazer e da satisfação pessoal;
  • Abandonar os seus amigos e familiares, acabando com sua rede de apoio social e afetivo;
  • Descuidar da sua saúde física e mental, prejudicando sua qualidade de vida e bem-estar.

Todos esses comportamentos interferem diretamente na autonomia e na autoeficácia da pessoa. Assim como levam o dependente a perder sua própria identidade, passando a se reconhecer apenas por meio do relacionamento e se tornando incapaz de sair dessa relação.

Como superar a dependência emocional?

Se você chegou até aqui posso imaginar três possíveis cenários: [1] você está sofrendo com dependência emocional; [2] você está apenas curioso sobre esse tema; ou [3] você quer ajudar alguém que sofre com a dependência afetiva.

Em qualquer um desses cenários imagino que seu objetivo seja entender sobre como alguém poderia sair do estado de dependência emocional e viver uma vida mais saudável e rica em oportunidades. É sobre isso que falaremos agora.

Exploração

Em primeiro lugar a pessoa dependente precisa se abrir para o mundo. Ela TEM que explorar outras áreas e aspectos da sua vida que vão além do relacionamento. Assim, ela poderá começar a construir sua identidade e ganhar autoconfiança.

Descobrir novos hobbies, atividades e interesses que te façam feliz e realizado é o caminho. Essa é uma maneira de nos sentirmos satisfeitos com o que fazemos, valorizando nossas experiências e habilidades e parando de nos anular para viver apenas o relacionamento.

Lembre-se: relacionamento é sempre à três, [1] você e sua individualidade, [2] seu parceiro e a individualidade dele e [3] seu relacionamento e a dinâmica do casal. Para ter um relacionamento saudável é importante que você cuide da sua individualidade também, assim você e seu parceiro podem se somar como casal em vez de se anular em prol do relacionamento.

Autonomia

Um dos traços mais marcantes da dependência emocional é a incapacidade da pessoa de se organizar para lidar com os problemas da própria vida sozinha, ou seja, a baixa e a autoeficácia. 

Aprender a cuidar de si mesmo, a resolver as suas próprias coisas e a enfrentar os problemas, sem depender do outro para tudo, é o caminho para mudar isso. No início será difícil e você notará que te faltam várias ferramentas e habilidades para lidar com os desafios, mas é assim mesmo que aprendemos.

A maior barreira aqui será lidar com os sentimentos negativos, especialmente o medo, bem como a constante vontade de correr para seu parceiro buscando ajuda.

Deixar de ser alguém frágil, vulnerável e inseguro, e se tornar alguém forte, confiante e independente é fundamental para não depender de outras pessoas. Isso não significa deixar de pedir ajuda, mas entender quando a ajuda é realmente necessária e quando você pode “dar conta” do que precisa ser feito.

Sentido de vida

Ao explorar novas atividades e ganhar autonomia, pouco a pouco a sua confiança também aumentará. Mas apenas isso não é o suficiente, caso contrário existirá, também, um sentimento de vazio.

Para além de se abrir para o mundo, você também precisa buscar a autosafistação, a capacidade de sentir realização pessoal pelas coisas que faz. Isso pode incluir a definição de seus valores, crenças, sonhos, projetos e propósitos, sem se limitar ao seu relacionamento ou às perspectivas de vida do seu parceiro.

À medida que nos expomos a novas oportunidades e nos engajamos em assumir o controle de nossas vidas, percebemos que somos bons em algumas coisas, péssimos em outras, e tudo isso faz parte da nossa personalidade e de nossas características.

Identificar seus talentos, gostos e potenciais permite a você ter objetivos, ter coisas que valem a pena serem feitas, e assim alcança a realização em diferentes áreas da sua vida (pessoal, profissional etc.).

Busca de um terapeuta

Por mais que os passos que falei sejam simples de entender, praticá-los é uma tarefa bastante complicada. Principalmente quando levamos em consideração o nível de dependência emocional e de repertório comportamental que você experimenta em sua vida.

Algumas habilidades, como a capacidade de gerir as próprias emoções, interagir com outras pessoas, se posicionar e resolver problemas podem ser especialmente complexas de desenvolver. Mas elas são fundamentais para dar os primeiros passos. Sem elas, pode ser que você se sinta perdido no início — e é completamente normal.

Por isso, minha sugestão é: ao notar que você está tentando, está se esforçando, mas mesmo assim não consegue dar o próximo passo, procure um psicólogo. A psicoterapia individual pode te ajudar muito mais do que você pensa.

As habilidades que citei, por exemplo, podem ser desenvolvidas durante as consultas, assim você não precisa enfrentar um nível tão elevado de emoções negativas e dificuldades nessa sua jornada pelo crescimento pessoal.

Além disso, na psicoterapia é possível não só resolver o problema, mas também aprofundar nas causas dele — caso queira — e descobrir o porquê sua dependência emocional existe, quais os sintomas dela, como ela vem interferindo na sua vida e como se prevenir de uma recaída futura. 

Além, é claro, de o objetivo final da terapia ser te ajudar a construir relacionamentos mais saudáveis e proveitosos no futuro. Até mesmo porque a existência da dependência no seu relacionamento  não necessariamente o torna um relacionamento ruim, em vários casos é possível ter uma relação saudável com a mesma pessoa, apenas precisamos fazer alguns “ajustes”.

A dependência emocional é um problema que pode afetar a sua vida de diversas formas, prejudicando a sua saúde, a sua autoestima e a sua felicidade. Mas, com a ajuda certa você pode superar esse desafio e viver melhor.

Esses passos podem te ajudar a se conhecer melhor, a se valorizar mais, a se realizar pessoalmente e a construir relacionamentos mais saudáveis e proveitosos.

Mas, se você sentir que precisa de mais apoio, orientação e acompanhamento neste processo, não hesite em procurar ajuda profissional. Inclusive, me coloco à disposição para conversar sobre o tratamento com você. Basta clicar aqui e me chamar no WhatsApp.

SOBRE O AUTOR: Sou um psicólogo (CRP 04/51810) dedicado a ajudar pessoas a desbloquearem seu potencial máximo e alcançarem o sucesso em suas vidas. Minha missão é clara: eliminar as barreiras que impedem você de prosperar. Entendo que a jornada do desenvolvimento pessoal pode ser complexa, e é por isso que minha abordagem é sempre empática e flexível. Acredito que cada pessoa é única, com sua própria história, desafios e objetivos. Você não será rotulado aqui; em vez disso, exploraremos juntos o que está por trás de suas ações, pensamentos e aspirações. Com mais de 7 anos de experiência, estou comprometido em fornecer resultados tangíveis. Trabalho com abordagens baseadas em evidências, sempre considerando o contexto individual. Quer dar um passo em direção a uma vida mais plena e completa? Clique aqui e agende sua primeira consulta comigo!

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