O mal do século: conheça a Depressão Profunda, seus sintomas e tratamentos

Depressão Profunda

Nunca falamos tanto sobre doenças mentais quanto nos dias de hoje. Você provavelmente reparou que isso está acontecendo. Basta ligar a televisão e vemos entrevistas e campanhas sobre a Depressão Profunda e os Transtornos de Ansiedade.

Isso não está acontecendo à toa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 4,4% da população mundial tenha depressão. No Brasil a situação é ainda pior, chegando aos 5,8% de brasileiros com esse Transtorno do Humor.

O que é Depressão Profunda?

Depressão é o nome dado para o Transtornos do Humor caracterizado pelo estado persistente de tristeza, perda de interesse ou desmotivação. Esse estado prejudica o dia a dia de quem é acometido pela doença, atrapalhando a execução de trabalhos e a criação de projetos.

A depressão é a doença mental mais conhecida — todo mundo já ouviu falar dela e conhece alguém que tem ou teve, não é mesmo? —. Ela é, também, uma das mais perigosas e mais debilitantes, podendo prejudicar, significativamente, a vida das pessoas.

A Depressão Profunda, por sua vez, é um estágio avançado da Depressão, também conhecido como “fase crítica”. Esse estado acontece quando a doença já afetou várias áreas da vida do enfermo e os sintomas ficam mais intensos, persistentes e danosos.

É nesse período que acontece o aumento de:

  • fadiga;
  • tristeza profunda e contínua;
  • sentimento de culpa;
  • sentimento de incapacidade;
  • constante pensamento sobre a morte e o suicídio;
  • falta de força e de vontade para fazer qualquer coisa;
  • dificuldade para cuidar de si mesmo, principalmente em relação à higiene e a aparência.

Depressão NÃO é tristeza

É muito comum que as pessoas associem depressão à tristeza. Isso é um erro grave, porque essa doença vai muito além disso. Esse estado psíquico — a tristeza — é só a ausência de felicidade. É um momento sem graça e passageiro, comum em todas as pessoas.

A depressão, por outro lado, é uma doença mental grave. Ela não é apenas a ausência de alegria, ela é a falta de prazer na vida. A pessoa acometida por esse mal para de ter interesse pelas coisas. Em casos mais extremos, o depressivo pode, inclusive, perder a vontade de viver.

Além disso, a depressão não é feita só de tristeza. Algumas pessoas sofrem, também, com a Ansiedade excessiva e com as compulsões (comer demais, trabalhar demais, estudar demais). Para quem não conhece a doença, a Depressão pode passar despercebida, já que a pessoa pode dar a impressão de ser alguém agitado e, até mesmo, feliz.

Então, não pense na depressão lembrando apenas de quão triste a pessoa fica ao atingir a Depressão Profunda. Esse é um estágio crítico da doença. Antes de chegar nesse nível, a Depressão causa muitos danos na vida de quem é acometido por ela — que podem ser evitados se o tratamento for iniciado o mais cedo possível —.

Em vez disso, considere que a depressão é a perda de interesse pela vida. A pessoa para de fazer as coisas que gosta, não se diverte mais como antes e, aos poucos, vai se afastando de seus afazeres preferidos.

O que pode causar Depressão Profunda?

A depressão é uma doença muito complexa e multicausal. Ela é entendida como uma enfermidade biopsicossocial, ou seja, suas causas são biológicas, psicológicas e sociais.

Causas biológicas

A alteração na produção de neurotransmissores é uma das principais causas biológicas da depressão. Eles são agentes químicos que levam a informação de um neurônio (células que conduzem o impulso nervoso pelo nosso corpo) para outro.

Os neurotransmissores têm várias funções, sendo responsáveis por regular nossa memória, emoções, concentração, disposição, excitação etc.

Na depressão o que acontece é que a produção de alguns desses agentes químicos fica alterada. Isso ocorre principalmente em duas regiões do nosso cérebro: no sistema límbico e no lobo frontal.

Estruturas do cérebro

A primeira — o sistema límbico — é a região responsável por regular as emoções, o aprendizado e a aquisição de memórias. É graças a ele que ficamos nervosos, ansiosos, felizes, tristes e com medo, por exemplo. Também é graças a ele que temos memórias mais “vivas” e memórias mais “apagadas” em nossa mente.

Como você pôde ver, o sistema límbico parece ser um dos mais afetados durante o período da depressão. As emoções ficam desreguladas e a apatia aumenta. Além disso, pessoas que passam pelo quadro de depressão relatam que suas memórias ficam acinzentadas, sem graça e difíceis de acessar.

Já o lobo frontal, por sua vez, é afetado em duas estruturas: o córtex pré-frontal e o córtex motor. O primeiro é o responsável pela tomada de decisão e pela inibição de impulsos. Em outras palavras, ele é o que nos ajuda a fazer julgamentos e escolher.

O córtex motor, como o nome já diz, é o responsável pela motricidade de nosso corpo. Ele que emite os sinais nervosos responsáveis pela movimentação e agitação voluntária de toda a nossa musculatura. Os movimentos involuntários, como o batimento cardíaco, são de responsabilidade de outra área do cérebro.

Aqui também vemos áreas importantes ligadas ao comportamento depressivo. Durante o período da depressão, principalmente na Depressão Profunda, é comum que a pessoa pare de tomar decisões, faça más escolhas e reduza, significativamente, seus movimentos.

Quem já teve a oportunidade de presenciar alguém com essa doença vai concordar comigo: ao olhar para a pessoa com depressão temos a sensação que o tempo dela está mais lento que o nosso e que cada movimento parece muito difícil de ser feito.

Neurotransmissores

Como falei, a grande aposta das causas da depressão não está nas estruturas (sistema límbico e lobo frontal), mas na comunicação interna entre elas. As estruturas cerebrais são afetadas dessa forma porque durante a depressão vemos uma alteração significativa em alguns neurotransmissores.

Dentre os afetados, a serotonina, noradrenalina e dopamina são as principais.

A serotonina é um neurotransmissor importantíssimo. Ela ajuda a regular o humor, a memória, facilita o aprendizado, controla a alimentação e estimula o desejo sexual.

Já a noradrenalina é a responsável por induzir a excitação física (correr, pular, andar e trabalhar, por exemplo), mental (felicidade, animação, motivação etc.) e ao bom humor.

Por último, a dopamina é um dos neurotransmissores mais famosos — a um tempo atrás até virou notícia em vários jornais —. Esse agente químico é conhecido como “neurotransmissor do prazer” e é ele quem ativa o circuito de recompensa em nosso cérebro.

Quando consideramos que durante a depressão um ou mais desses neurotransmissores estão em falta, podemos entender o que gera o comportamento depressivo, não é mesmo? É como se nosso corpo fosse movido por várias baterias diferentes, cada uma com uma função, e, em algum momento, é como se elas parassem de funcionar como deveriam.

Causas psicológicas

Outros fatores que estão relacionados com o início da depressão estão na vida íntima das pessoas. Hábitos, comportamentos e pensamentos influenciam diretamente no desenvolvimento dessa doença.

Ao praticar exercícios, por exemplo, estimulamos o aumento de serotonina e da dopamina, o que faz com que nos sintamos felizes e recompensados.

Para ficarmos saudáveis, precisamos ter uma boa autoestima, reconhecer nossos méritos e entender que momentos de tristeza e de alegria são normais e fazem parte da vida.

Falta de prazer nas atividades diárias

Os problemas começam quando algo falta em nossa rotina. Um dos fatores que mais favorece o aparecimento da depressão é uma vida com baixo reforçamento. Em outras palavras, uma vida na qual não nos sentimos recompensados por fazer o que fazemos.

Isso tende a acontecer com pessoas que se dedicam demais a apenas uma coisa. É o caso, por exemplo, de quem foca no trabalho 24h por dia. Essa pessoa para de ter seus momentos de lazer, deixa de fazer o que gosta e tende a ficar apático, já que a vida não tem prazer.

Mesmo que ele ame o trabalho, ninguém consegue ter uma vida saudável colocando toda a carga da sua felicidade em cima de uma única coisa. Se essa pessoa é feliz no trabalho, mas por algum motivo acontece algo com ela ou com a empresa, qual será o resultado?

Além disso, nossa vida depende de diferentes fontes de reforço para ter sentido. Temos que cultivar relações saudáveis (isso conseguimos com amigos e familiares), alcançar reconhecimento social (pode ser pelo trabalho ou por algum feito) e nos aceitar como somos (isso pode ser feito por meio de processos de autoconhecimento, como a psicoterapia).

Excesso de estresse

Outro grande problema que favorece o aparecimento da depressão é o excesso de estresse. Todos conseguimos lidar com alguma quantidade de irritação e raiva. O problema é quando ficamos assim o tempo todo, sem descanso para nosso corpo se recuperar.

Qualquer um que já passou por um ataque de raiva sabe que ficamos exaustos depois de um tempo, não é mesmo? Mas… imagine que esse estado simplesmente não passasse. O que pode acontecer é que nosso corpo chega no limite, a pressão arterial dispara e simplesmente começamos a nos irritar com qualquer coisa.

Existem pessoas que enfrentam isso diariamente. Elas ficam tão estressadas e durante tanto tempo, que não conseguem mais relaxar, descansar ou dormir. Como resultado, toda sua vida fica desregulada e os prazeres diários começam a diminuir.

Falta de rotina

Experimentar novas coisas, sair da rotina e mudar de ares sempre é uma coisa boa. Isso dá mais prazer para nossa vida, ajuda a criar boas memórias e nos enriquece. Só que isso só é possível quando temos uma rotina e podemos sair dela.

A organização de nossos dias, semanas e meses é importante. Ela ajuda a acostumar nosso corpo a uma série de trabalhos. Nós moldamos nosso comportamento dependendo das atividades que temos que desempenhar e isso é ótimo para nosso cérebro.

Ao nos organizar e seguir um cronograma, ou uma lista de tarefas, vemos, de maneira mais concreta, o resultado de nossas ações. Além disso, sabemos quando é hora de trabalhar, de descansar, de ficar com a família e de dormir. Tudo isso é fundamental para delimitar o nosso dia.

A falta de rotina pode ser muito prejudicial a longo prazo. É como se fosse um período de férias: no início nós adoramos, mas depois de três semanas já ficamos cansados, entediados, sem saber o que fazer e com a sensação que estamos gastando nosso tempo.

Baixo autoconhecimento e autoestima

Outra causa psicológica da depressão é a baixa autoestima e o baixo autoconhecimento. Quando não nos conhecemos, constantemente colocamos a culpa das coisas que nos acontecem em outras pessoas. Como resultado, não tentamos mudar nada, já que não temos responsabilidade pela nossa vida.

A longo prazo, isso reduz nossa autonomia, atrapalha a tomada de decisão e nos deixa estagnados. Pouco a pouco nos afundamos em um mar de incertezas, dúvidas e descaso. No final das contas, nos sentimos incapazes, inúteis e sem perspectiva.

Causas sociais

Além das causas biológicas e psicológicas, o contexto social no qual vivemos também interfere em nossa saúde mental. O relacionamento com outras pessoas é muito importante. Ele é o responsável por nos permitir desenvolver uma gama incrível de comportamentos importantes.

É justamente nas situações sociais (quando estamos junto de alguém) que expressamos sentimentos, demonstramos emoções, falamos de problemas e podemos contar com a ajuda externa. O apoio que recebemos de outras pessoas nos passa a sensação de segurança, conforto e proteção.

Além disso, o clima de cada ambiente que frequentamos também nos afeta. Famílias que brigam constantemente, não se apoiam e não permitem a expressão individual, por exemplo, podem favorecer o aparecimento de uma psicopatologia, como a Depressão Profunda.

Ter amigos e familiares que você confia é importante. Essas pessoas formam o que chamamos de rede social. Eles são um grupo de apoio que facilitam a sua vida e proporcionam vivências positivas, permitindo que sua autoestima se desenvolva.

Quais são os sintomas da Depressão Profunda?

A depressão é uma sensação constante de perda de interesse pelas coisas. Em outras palavras, ela faz a vida perder o sentido. Essa sensação, quando prolongada, tende a piorar, chegando até a fase crítica, que chamamos de Depressão Profunda.

Nesse estado, vários sintomas podem aparecer. Entretanto, veja bem: assim como as causas da depressão podem ser várias, os sintomas também podem. Não é por passar por algumas das coisas que falarei que significa que você tenha depressão, okay?

Da mesma forma, não é por não ter algum desses sintomas que significa que você não tenha depressão. A depressão é uma doença mental perigosa e debilitante. Ela deve ser diagnosticada por um psicólogo ou psiquiatra. Combinado?

Então, vamos aos sintomas!

Irritabilidade, tristeza e vazio

Durante a Depressão Profunda sofremos com uma drástica mudança na produção de vários neurotransmissores. Isso faz com que nosso comportamento fique diferente do que estamos acostumados.

Algumas dessas diferenças podem surgir na apatia, que é aquele sentimento de vazio, falta de sentido e falta de vontade de fazer as coisas. Outros comportamentos que também tendem a aumentar é a tristeza e a irritabilidade.

Procrastinação excessiva

Toda essa sensação de vazio e de falta de sentido faz com que percamos a vontade de alcançar nossos objetivos. Começamos a trabalhar menos e a procrastinar constantemente. Passamos a criar situações para não termos que fazer o que deveria ser feito.

Se temos um trabalho para entregar amanhã, podemos, talvez, começar a limpar a casa “porque ela está muito suja”. Ou, então, “mexer por cinco minutos no Instagram e depois focar”, mas, na realidade, no final das contas viramos a noite no celular e nem tocamos no projeto que já deveria estar pronto.

Isolamento

Todos esses sentimentos negativos nos deixam infelizes. Perdemos o interesse pelas coisas e começamos a nos afastar das pessoas. Preferimos ficar sozinhos, em nosso canto, dormindo, comendo ou pensando na vida.

Pouco a pouco nos afastamos de colegas, amigos e familiares. Até que chega o momento em que ficamos completamente isolados.

Falta de cuidado com a higiene pessoal

Como nada faz sentido e a vida não tem mais graça, nos tornamos desleixados na Depressão Profunda. Não nos preocupamos com nenhum tipo de autocuidado, nem mesmo com a nossa higiene ou saúde.

Como não vamos sair de casa e nem conversar com ninguém, não existe motivo para trocar de roupa, escovar os dentes ou tomar banho, por exemplo.

Alterações no sono e na alimentação

Existe uma coisa muito interessante no comportamento humano. Quando estamos insatisfeitos, em ambientes estressantes ou com poucos prazeres em nossas vidas, acabamos recorrendo a fontes de reforçamento primárias, que são aquelas coisas que deixam quase todas as pessoas bem.

As quatro principais são: receber reconhecimento social, comer, fazer sexo e dormir.

Na Depressão Profunda, nem sonhamos em fazer sexo ou em encontrar pessoas, então nos resta a comida e o sono. Por isso, algumas pessoas começam a comer excessivamente nesse período. Outras dormem durante dias a fio, levantando apenas para ir no banheiro.

Entretanto, na depressão nada é tão simples assim. Existem também situações opostas. Algumas pessoas estão tão mal, se sentindo tão inúteis e incapazes, que simplesmente não conseguem comer, porque não têm força para isso.

Outras ao deitar na cama começam a pensar sobre a vida, relembrando de momentos de fracasso, insegurança e falta de habilidade. Isso as tira o sono, levando-as a ficar acordadas a maior parte do tempo, exceto por pequenos cochilos.

Queda do desempenho acadêmico e profissional

Durante a depressão, mesmo nos períodos em que ela está mais superficial e difícil de perceber, é comum que o desempenho acadêmico e profissional da pessoa acometida pela doença reduza. É difícil nos mantermos ativos e produtivos quando temos que lidar com sensações internas desagradáveis.

Dificuldade de concentração

Em função das mudanças que ocorrem no cérebro durante a depressão, é esperado que pessoas passando por esse quadro psicopatológico sofram com a dificuldade de concentração. Os pensamentos tendem a ficar bagunçados, dificultando o acesso a memórias e atrapalhando o raciocínio lógico.

Falta de cuidado com a aparência

Em decorrência do isolamento social, a pessoa para, também, de se preocupar com sua aparência. Ela não se arruma, não cuida dos cabelos, unhas, barba, muito menos se preocupa em se sentir bonito ou apresentável.

Desespero

Considerando todos os sintomas que expliquei até aqui, não é difícil imaginar que a pessoa em Depressão Profunda sofre danos em todas as esferas de sua vida, correto? Com isso, ela vê suas relações, seu trabalho, seus objetivos e seus sonhos ruírem.

Ao ter contato com esse cenário, o desespero é praticamente inevitável.

Ideação suicida

Além da tristeza constante, outro traço muito famoso da Depressão Profunda é a ideação suicida. Como a vida da pessoa parece sem sentido, o risco que ela se mate acaba aumentando significantemente.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 90% dos casos de suicídios estão relacionados com algum transtorno mental.Isso fica ainda mais preocupante: 30% dos suicídios tem uma relação direta com Transtornos do Humor, como a Depressão Profunda.

Perda de interesse e prazer

A pessoa acometida pela depressão vai perdendo interesse e o prazer pelas coisas que faz. Pouco a pouco, ela vai deixando de lado o trabalho, a relação com os amigos, os hobbies etc. Até que chega um momento em que o enfermo não faz mais nada.

Retardo ou agitação psicomotora

Quando falei sobre as causas da depressão, cheguei a comentar que o córtex motor e a produção de noradrenalina ficam alteradas em função dessa doença, não é? Pois, bem. O que acontece é que ambos podem sofrer alteração para uma maior ou para uma menor atividade.

Então, existem dois comportamentos típicos para pessoas com depressão:

  • excesso de agitação, com movimentos constantes dos pés e mãos, quase como se fosse impossível controlá-los (é aquele clássico caso da pessoa que balança a perna sem parar);
  • excesso de lentidão, normalmente acompanhada de cansaço. Quando olhamos para alguém nesse estado, temos a sensação de que a pessoa está em câmera lenta (e, para ela, o mundo está rápido demais).

Cansaço (fadiga)

Nada tem graça, nada dá prazer e, ainda por cima, seu corpo está com a produção de neurotransmissores desregulada. É essa a situação de quem sofre com a Depressão Profunda. Nesse cenário, qualquer esforço, físico ou mental, é muito trabalhoso.

O cansaço é quase inevitável. A pessoa se sente fadigada 24h por dia. Não importa quanto tempo durma e descanse, ela simplesmente não consegue se recuperar.

Sentimento de culpa ou inutilidade

Como a depressão leva a pessoa a se afastar das coisas que faz, depois de algum tempo ela se vê sem fazer nada, incapaz de contribuir com sua família, amigos e sociedade. Esse cenário leva a um sentimento de inutilidade.

Além disso, é esperado que o depressivo sinta culpa por toda essa situação. Ele se sente culpado por estar com depressão, por não suprir as expectativas das outras pessoas, por não conseguir trabalhar e por não sair de casa.

Abuso de substâncias

Durante o período da depressão, como vimos, nosso corpo enfrenta a carência de vários neurotransmissores. Isso significa que temos uma desregulação biológica e que ela precisa ser suprida para que melhoremos.

O grande problema disso é que algumas substâncias conseguem dar uma leve sensação de bem-estar na pessoa acometida pela Depressão Profunda. Dentre elas, as drogas são as mais perigosas.

Substâncias, como cocaína, maconha, álcool e tabaco, oferecem um grande perigo. Como elas causam um alívio imediato em alguns dos sintomas da depressão (a cocaína deixa a pessoa mais elétrica, por exemplo), o risco de o depressivo fazer uso desses entorpecentes para se sentir melhor é muito alto.

Num primeiro momento essa ação vai, sim, causar um alívio breve das sensações desagradáveis — não posso negar isso —. O problema é que a longo prazo será necessário consumir cada vez mais drogas para ter um pouco de prazer. Isso leva ao vício e à dependência química.

Aqui, cabe uma ressalva: existem alguns institutos que estão testando a efetividade do THC (maconha) no tratamento de depressão. Até o momento as análises são inconclusivas e não podemos afirmar que é benéfico nem maléfico, por isso é melhor evitar esse tipo de substância por enquanto.

Automutilação

Os sentimentos negativos, incertezas, apatia e sofrimento da depressão também podem servir de gatilho para que o depressivo se automutile. Nesse caso, não existe intenção de cometer suicídio. Essa agressão auto infligida é feita com o propósito de deixar a dor mais “concreta”.

Na depressão a pessoa sente um profundo vazio e falta de sentido. É um sentimento que não dá para explicar e nem compreender. Ele passa a sensação de interminável, como se não houvesse forma de fazer aquele estado acabar.

Os cortes, normalmente feitos na região das coxas, barriga e pulso, servem para gerar uma dor mais direta, possível de compreender e sentir. Existem relatos de pessoas que explicaram que não acreditavam mais que estavam vivas e que essa dor as ajudou a voltar para a realidade — entretanto, não é uma prática benéfica, muito menos recomendada —.

Choro excessivo

Quando a Depressão Profunda afeta alguém por meio da tristeza, é possível que essa pessoa chore sem parar. Ela chorará a todo momento, mesmo sem entender o motivo de fazer isso. É quase uma reação automática do corpo para lidar com a melancolia.

Repetição insistente de pensamentos

A depressão é, também, conhecida como “a doença do passado”. Quem é acometido por essa enfermidade tende a parar de viver o presente, ficando preso em suas lembranças, sentimentos e lamentações.

Na fase mais crítica da doença, é possível que o depressivo fique relembrando várias vezes do mesmo acontecimento.

Queda no apetite sexual

Somado a tudo isso, a pessoa que está com depressão tem, em grande parte dos casos, sua libido reduzida. A vontade de fazer sexo cai drasticamente, podendo chegar a casos de frigidez e impotência.

Quais são as fases da Depressão?

A depressão é uma doença que não tem uma “linha” de atuação. Ela se desenvolve de forma diferente em cada pessoa. Tudo depende do estilo de vida, da genética e das habilidades pessoais de cada um.

Entretanto, podemos pensar em uma evolução lógica do quadro depressivo até que ele atinja a fase crítica (Depressão Profunda). Isso aconteceria mais ou menos assim:

Procrastinação e perda de vontade

Em um primeiro momento a depressão não aparecer como um monstro que vai devorar a alma de alguém. Ela começa aos poucos, afetando pequenas áreas da vida da pessoa.

Um dia você simplesmente procrastina um pouco no trabalho. No dia seguinte procrastina um pouquinho a mais. E, isso vai acontecendo dia após dia, até que começa a atrapalhar sua rotina diária.

Tudo pode começar, também, pela perda de interesse. Você pode, por exemplo, perder a vontade de ir na festa que você estava doido para ir. A princípio parece só uma falta de vontade, mas depois o interesse pelas coisas vai diminuindo. Sair com os amigos já não é tão legal, assistir séries começa a ficar chato; e por aí vai.

Redução de afazeres

Pouco a pouco a pessoa com depressão começa a largar suas atividades. Ela vai deixando de fazer uma coisa hoje, duas amanhã, três na semana que vem. Depois de um tempo, sua vida pode se resumir a ir para a faculdade ou trabalho, chegar em casa e dormir.

Queda no desempenho geral

Depois de afetar várias áreas da vida das pessoas, a depressão tende a ir piorando. Ela começa a atrapalhar, de maneira severa, o desempenho acadêmico e profissional. O raciocínio não funciona como deveria e há uma queda na concentração.

Nesse momento, é provável que a apatia também comece a aparecer. O depressivo não vê mais sentido nas coisas que faz e não consegue se sentir motivado para continuar se engajando em seus projetos pessoais.

Depressão Profunda

Após isso, a pessoa chega ao ponto crítico da doença, também conhecido como Depressão Profunda. Nesse estágio é que encontramos os maiores perigos da depressão. O enfermo já não vê sentido na vida, não consegue iniciar nenhuma atividade e se isola do mundo.

Como a Depressão Profunda é diagnosticada?

A depressão, como já falei algumas vezes no texto, é uma doença como qualquer outra. Por isso, existem apenas dois profissionais que podem fazer seu diagnóstico: o psicólogo e o psiquiatra.

A avaliação é feita por meio de entrevistas, análise de sintomas e diagnóstico. Em alguns casos, principalmente quando a doença ainda está no começo, pode ser necessário passar por uma bateria de testes psicológicos.

No caso da Depressão Profunda, o diagnóstico pode acontecer com mais precisão, já que é um estado crítico da doença e isso não passará despercebido por um bom profissional. É mais ou menos o mesmo que acontece em um caso de Alzheimer. No início a doença é quase imperceptível, mas quando evolui é difícil não notar o que está acontecendo.

Qual é o tratamento para a Depressão Profunda?

Agora falando do tratamento, preciso chamar sua atenção para uma coisa. A depressão é uma doença que se espalha devagar e pouco a pouco consome todas as áreas da vida de quem é acometido por ela.

Esse processo é longo, mas muito danoso.

Da mesma forma, o tratamento vai ser uma lógica semelhante. O processo de recuperação não é rápido, variando de seis meses a dois anos, dependendo de quão grave é o estado da pessoa e do grau de cooperação entre os profissionais e enfermo.

Além disso, o tratamento é feito com psicoterapia e medicação — principalmente no caso da Depressão Profunda —. Qualquer uma dessas opções sozinha é ineficiente nos casos de depressão mais acentuados. Caso a doença ainda esteja no início, uma das opções pode ser suficiente, mas não o é recomendado.

Por mais que esse processo seja longo, os resultados não demoram a aparecer. Em poucas semanas a pessoa já deve começar a se sentir melhor. Dentro de dois a três meses ela volta a fazer suas atividades e consegue estabilizar sua vida, mesmo com a permanência da doença.

Como superar a Depressão Profunda

A Depressão Profunda só é superada com o devido tratamento. Essa é a única forma de sair do quadro depressivo e voltar a ter uma vida tranquila, com sentido e saudável.

Entretanto, existem algumas ações que o depressivo pode (e deve) fazer para ajudar no processo. São elas:

  • seguir as orientações psiquiátricas com relação ao uso de medicamentos;
  • evitar substâncias psicoativas, como álcool, tabaco e outras drogas;
  • frequentar a psicoterapia semanalmente até receber alta;
  • se aproximar de amigos e familiares, pouco a pouco, e recuperar as relações que tinha antes da doença começar;
  • retomar as atividades que antes eram prazerosas, tentando reaver o ritmo de vida que fazia bem para a pessoa;
  • voltar a trabalhar e estudar, mas sem exageros ou excessos de cobrança;
  • aceitar seu estado atual, entender que ele faz parte de um processo e trabalhar, junto com os profissionais, para se livrar da doença.

Como ajudar quem está em Depressão Profunda?

As pessoas com Depressão Profunda precisam de constante ajuda. Elas vão perdendo a autonomia com o passar do tempo e se tornando incapazes de viver sem o auxílio de amigos e familiares, apesar de se isolarem. É necessário “cuidar” do depressivo.

As relações interpessoais são muito importantes. Por isso, fique perto da pessoa, escute-a, ajude-a e, principalmente, incentive-a a procurar um tratamento. Não tente forçá-la a fazer atividades e nem menospreze seus sentimentos.

Mostre que você está disposto a ajudar, que acredita que é possível melhorar e que o tratamento psiquiátrico e psicológico é o melhor caminho para ter mais saúde. Entretanto, faça isso sem ser pedante e insistir em excesso.

Com essa atitude você poderá ajudar seu amigo, companheiro ou familiar que está passando pela Depressão Profunda. Somado a esses comportamentos, tenha muita paciência. Para um depressivo, tudo passa em um ritmo mais lento e é preciso ter calma e deixar com que a pessoa faça as coisas no tempo dela.Se você anda desanimado, triste, inseguro e apático, ou se precisa de orientações sobre a depressão, entre em contato comigo. Clique aqui e me chame no WhatsApp, eu posso te ajudar!

SOBRE O AUTOR: Sou um psicólogo (CRP 04/51810) dedicado a ajudar pessoas a desbloquearem seu potencial máximo e alcançarem o sucesso em suas vidas. Minha missão é clara: eliminar as barreiras que impedem você de prosperar. Entendo que a jornada do desenvolvimento pessoal pode ser complexa, e é por isso que minha abordagem é sempre empática e flexível. Acredito que cada pessoa é única, com sua própria história, desafios e objetivos. Você não será rotulado aqui; em vez disso, exploraremos juntos o que está por trás de suas ações, pensamentos e aspirações. Com mais de 7 anos de experiência, estou comprometido em fornecer resultados tangíveis. Trabalho com abordagens baseadas em evidências, sempre considerando o contexto individual. Quer dar um passo em direção a uma vida mais plena e completa? Clique aqui e agende sua primeira consulta comigo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Back To Top