Você tem alguma ideia sobre o que é sexualidade? Essa palavrinha é tão importante para nossas vidas, mas pouco falamos dela. Mas, existe um motivo: é muito difícil definir e entender o que é sexualidade.
Por isso, minha proposta é conversar com você sobre esse tema. Mostrando que a sexualidade está em tudo na sua vida, desde a hora que acorda até o momento que vai para a cama — seja para dormir ou para ter sexo.
Índice
O que é sexualidade?
Sexualidade é uma esfera da vida humana, individual, conectada à cultura e ao desenvolvimento singular de cada pessoa. Ela é a síntese da maneira como nos relacionamos com nossa vivência sexual, sentimentos de prazer e desejos.
Confuso? Bastante, mas dá para simplificar!
Quando falo de sexualidade, não estou falando apenas de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero. Cada um desses itens está intimamente associado à sexualidade, mas ela é uma característica ainda mais individual.
Podemos pensar na sexualidade como uma vivência singular na qual cada pessoa tem contato com o que lhe dá prazer. Ela faz parte da nossa personalidade, da maneira como agimos e das coisas de que gostamos.
A sexualidade é um termo que assimila e une nossa perspectiva sobre nosso corpo, nossos fetiches, o que pensamos dos corpos das outras pessoas, coisas que achamos “sexys” e várias outras experiências individuais.
Um ótimo exemplo de sexualidade é quando pensamos exatamente nessas características singulares. Imagine, por exemplo, que algumas pessoas sentem-se atraídas por quem lambe os lábios, já outras têm um apreço maior por “covinhas”. O que difere a primeira da segunda é a sexualidade.
Porque a sexualidade é tão diferente?
Cada pessoa tem sua sexualidade. Isso é um fato. Mas, tal afirmação não implica na impossibilidade de que hajam fatores em comum entre as diferentes sexualidades que temos contato diariamente.
Em primeiro lugar, a sexualidade não acontece ao acaso. Ela existe em um tempo e um espaço definidos. A sexualidade de João, de 23 anos, que mora em Salvador em 2021, difere da sexualidade de Maria, que passou sua vida em Paris entre 1500 e 1540.
Práticas sociais, culturais e educacionais mudam a forma como nos relacionamos com nossa maneira de nos expressar. Na Grécia antiga, por exemplo, eram os anciãos que iniciavam os jovens na vida sexual, comportamento que hoje é enquadrado no nosso código penal como abuso de vulnerável.
Cada sociedade tem suas regras, seus tabus e suas práticas mais tradicionais. Querendo ou não, esses limites são parâmetros para nossa sexualidade, seja para segui-los ou para ultrapassá-los.
Enquanto algumas pessoas vão exercer práticas mais tradicionais, outras vão olhar para os limites sociais e sentir atração pelos tabus daquela sociedade na qual vivem.
E a experiência individual começa a se desenvolver antes mesmo disso: nossa sexualidade é fruto das experiências, sejam elas imaginárias ou reais, que temos. Ao ter contato com alguma coisa, separamos elas em três níveis: não dá prazer, é prazeroso, é indiferente.
Pouco a pouco construímos o que é a nossa sexualidade. Uma pessoa pode, ao longo dos anos, descobrir que gosta de sexo com mais carinho, sem uso de força, com toques no pescoço e orelhas. Já outra pessoa pode se perceber indo para um caminho oposto, sentindo mais prazer com toques nos mamilos. Enquanto uma terceira pessoa tem sua sexualidade expressa fora da cama, com demonstrações públicas.
Com quantos anos a sexualidade aparece?
Caso considerássemos a opinião, e talvez o chute, de boa parte da população sobre a sexualidade, provavelmente teríamos uma resposta dizendo que ela começa a se desenvolver na adolescência, certo?
Contudo, Sigmund Freud, médico e criador da Psicanálise, teve uma percepção diferente e a expressou em 1905. Por mais combativa que tenha sido a recepção dos escritos, e a controvérsia da teoria psicanalítica, Freud tinha uma razão: crianças também têm sexualidade.
O desenvolvimento infantil é cercado de momentos de exploração da sexualidade, mas também de curiosidade. Entretanto, atenção a uma coisa: sexualidade não é sexo!
Nos primeiros anos da infância, por exemplo, a masturbação é muito comum. O motivo é óbvio: ao se estimular, a criança sente prazer. Mas isso não é sexual, porque não tem essa conotação. Para a criança, a masturbação ou um cafuné tem o mesmo valor.
Só começamos a fazer a diferenciação entre essas coisas quando somos ensinados, quando aprendemos que uma dessas formas de “sentir prazer” é permitida publicamente e a outra deveria acontecer apenas entre quatro paredes.
Essa exploração do próprio corpo, assim como a curiosidade com o corpo de pessoas do sexo oposto, já é o primeiro passo para o desenvolvimento da sexualidade.
Sexualidade na puberdade
Isso tende a se intensificar durante a puberdade, uma vez que os hormônios estimulam o comportamento sexual — agora, sim, estamos falando de sexo! — e, consequentemente, uma maior exploração do próprio corpo, até mesmo porque o contato sexual, nessa época e em nossa sociedade, é escasso ou nulo — salvo raras exceções.
A grande diferença, além dos hormônios e do cunho sexual, é que na puberdade também começamos a ter mais consciência das coisas que gostamos. Sabemos que gostamos de A mais que de B, e que preferimos determinada coisa uma hora e outra coisa outra hora.
E assim vamos, pouco a pouco, desenvolvendo nossa sexualidade.
A censura na sexualidade
Nossa sociedade, a chamada “sociedade moderna”, tem um sério problema com a expressão da sexualidade. Tantos temas viraram tabus em nossa rotina, que não raro aparecem mulheres em meu consultório dizendo que nunca tiveram um orgasmo, ou que não se masturbam — prática essencial para uma vida sexual saudável.
É quase como — e aqui uso de eufemismo — houvesse uma censura à sexualidade. O principal motivo de tal censura é a falta de informação e conhecimento. Não falamos sobre sexo, sobre prazer, sobre o que gostamos de fazer, sobre zonas erógenas ou qualquer outro assunto.
Se não é um profissional da área da saúde, como eu, falando, ninguém sequer toca no tema. Você tem alguma ideia de como a libido é um indicador da sua saúde física e mental? Provavelmente não, porque não dialogamos a respeito disso normalmente.
Toda essa censura que envolve a sexualidade, incluindo o descobrimento das formas de prazer e práticas sexuais, atrapalha no nosso desenvolvimento saudável. Tendemos a nos relacionar com nossa sexualidade apenas em lugares fechados. Não tocamos no assunto, já que é visto como errado, não nos descobrimos e vivemos nossos prazeres quase como um crime que precisa ser escondido das outras pessoas.
Falar de sexualidade é o mesmo que virar motivo de piada. Grupos e mais grupos de pessoas, ao se depararem com o tema, fazem piadas, tanto para aliviar a tensão quanto para esconder o fato de que não dominam aquele assunto de maneira séria.
Como ter uma sexualidade saudável?
Uma sexualidade saudável é aquela na qual entendemos nossos gostos, nossas formas de satisfação, fetiches, individualidades e temos ciência das práticas que realmente não nos atraem, não por uma insegurança ou medo, mas por realmente não serem instigantes à nossa pessoa.
A sexualidade saudável envolve uma questão importantíssima do âmbito humano: a sinceridade. Ser sincera consigo mesma é o caminho para experimentar um verdadeiro sentimento de autoconhecimento.
Para isso, talvez você tenha que se redescobrir. Experimentar, criar, inovar, testar. Pedir ajuda a seu parceiro, propor práticas. Ensaiar carinhos diferentes, posições sexuais ainda não tentadas, saborear novas comidas e realmente entender qual é seu deleite.
Além disso, a sexualidade saudável também envolve a maneira como você se relaciona com seu corpo, como se aceita e de que maneira usa a pele, o maior órgão do corpo humano, para se permitir explorar suas diferentes formas de prazer.
Dependendo da sua criação, do lugar no qual vive ou da pessoa que dorme ao seu lado, talvez uma ajuda extra seja necessária. Nesse caso, considere procurar o auxílio de um psicólogo.
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