Como funciona o desejo feminino? Um guia completo para você

desejo feminino

Você já reparou como sempre que falamos sobre o desejo feminino acabamos caindo em uma linha negativa, que foca na falta de libido, na falta de vontade, na falta de prazer sexual e vários outros problemas?

Neste texto quero mostrar para você uma visão diferente. Vou usar da Psicologia, Sexologia e Biologia para explicar tudo sobre o desejo sexual feminino, desde o que acontece no corpo até o comportamento e os pensamentos.

Você também é a favor de uma sexualidade mais positiva? Então, vem comigo e vamos conversar!

O que é e como funciona o desejo sexual?

Quando falamos de desejo o que queremos dizer? Bom, existe uma definição bem interessante que quero usar com você daqui em diante.

Desejo, segundo essa definição, é uma vontade emocional de fazer sexo. É um estado no qual a mulher — já que estamos falando do desejo feminino! — se interessa pelo sexo, sem necessariamente estar excitada.

Qual é a diferença entre desejo sexual e excitação sexual?

Como falei em excitação, é bom entendermos esse tema também. Desejo e excitação sexual são coisas distintas, apesar de andarem lado a lado quando a pessoa tem uma vida sexual saudável.

A excitação é um estado que leva a mulher a ficar focada e atenta a certos estímulos. No caso da excitação sexual, essa estimulação acontece nas zonas erógenas (seios, mamilo, vagina, vulva e diversas outras partes do corpo) e gera respostas físicas no corpo.

Respostas físicas da excitação sexual

Algumas das consequências físicas da excitação sexual são:

  • aumento da pressão sanguínea e do batimento cardíaco (coração acelerado);
  • os vasos sanguíneos dilatam, incluindo aqueles localizados na região vaginal;
  • a vagina e a vulva podem ficar molhadas, ajudando a lubrificação genital;
  • o canal vaginal se expande (o estado “neutro” da vagina é menor e mais fechado que durante a excitação);
  • algumas partes da vulva ficam inchadas em função do aumento do suprimento de sangue na região (é o caso dos lábios e do clítoris — tanto clítoris quanto clitóris são termos corretos);
  • os seios ficam mais cheios (um pouco maiores e mais rígidos) e os mamilos podem ficar eretos.

Moral da história

Para ficar claro: desejo sexual é a vontade, os pensamentos, as emoções e sentimentos ligados ao sexo e às fantasias sexuais. Já a excitação sexual é a resposta física que seu corpo emite quando está sendo estimulado.

Aqui é importante, ainda, deixar claro que a excitação sexual pode ser provocada por vários estímulos, e que eles podem ser físicos (você se tocando ou seu parceiro tocando no seu corpo), verbais (falar de sexo pode fazer com que seu corpo emita respostas sexuais) e no pensamento (pensar em sexo e em fantasias sexuais pode aumentar sua excitação sexual).

Olha que interessante: só no parágrafo de cima já podemos ver como excitação e desejo são difíceis de separar. O desejo sexual pode eliciar (fazer aparecer) respostas de excitação, mesmo os dois sendo coisas distintas.

É por isso, inclusive, que precisamos fazer a diferenciação. Existem pessoas que tem desejo (vontade), mas o corpo não responde da forma como deveria. E existem pessoas que o corpo passa pela excitação, mas elas não têm desejo sexual.

Quais são os estágios do ciclo de resposta sexual feminino?

O desejo feminino, assim como o masculino, é uma coisa única. Cada pessoa tem o seu e ele depende da idade, da relação quem tem com o parceiro, com o ambiente (quem nunca ficou com mais “tesão” durante uma viagem do que em um dia típico em casa?), do tédio e vários outros fatores.

Apesar disso, o ciclo de resposta sexual, que é um “caminho” que vai desde o início da excitação até o período posterior ao orgasmo, é um só. Ele é dividido em 4 grandes etapas.

Vamos ver cada uma delas?

1ª etapa: Excitação

A primeira resposta do corpo feminino no ciclo sexual é a excitação. É aqui que começam as mudanças corporais que falamos (maior fluxo de sangue, aumento dos batimentos cardíacos, leve inchaço no clítoris e da vulva etc.).

Esse estágio prepara o corpo feminino para a penetração vaginal — mesmo que a relação sexual não tenha penetração, essa é uma reação biológica natural de preparação.

É aqui que a mulher consegue sentir sua vagina molhada com a lubrificação e os mamilos ficam mais sensíveis ao toque, além de o canal vaginal sofrer uma pequena dilatação (como uma forma do corpo se preparar para receber a entrada do pênis).

2ª etapa: Platô

O platô é um período que acontece anteriormente ao orgasmo. Nele, as sensações sentidas com a estimulação do período de excitação aumentam. Os traços mais marcantes desse momento são a respiração acelerada, gemidos involuntários e aumento da produção de lubrificação pela vagina.

Dependendo da intensidade do platô, é possível que a lubrificação chegue a molhar significativamente o que está em baixo da mulher, como lençóis, colchão ou a cadeira.

3ª etapa: Orgasmo

Ao chegar no ápice do platô, a excitação elevada se transforma no orgasmo. Aqui cabe uma ressalva: apesar de o orgasmo ser considerado o final do sexo, as coisas não precisam ser assim. É possível ter horas e horas de sexo prazeroso apenas ficando no platô, por exemplo.

Continuando…

O orgasmo é o resultado do ápice de prazer, no qual a mulher tende a sentir contrações musculares involuntárias, principalmente na região pélvica — é aquela sensação de que as paredes da vagina estão se aproximando e se tocando.

Gemidos mais altos, perda de controle dos membros (torcer mãos e pernas, por exemplo), leve falta de ar, coração mais acelerado e aumento da lubrificação são alguns dos efeitos do orgasmo.

4ª etapa: Resolução

Após o orgasmo entramos na 4ª e última etapa do ciclo sexual, a resolução. Na resolução a musculatura, que antes estava contraída, começa a relaxar, a pressão sanguínea reduz (voltando ao normal) e a região da vagina, especialmente o clítoris, pode ficar bastante sensível, chegando a causar dor ao de receber um toque.

Algumas mulheres conseguem ter orgasmos múltiplos. O que acontece é que esses orgasmos “extras” podem acontecer tanto em sequência, antes do início do período de resolução, quanto pouco tempo depois do período de resolução, mas não durante (dada a sensibilidade da vulva).

5ª etapa: Período refratário

E assim chegamos à 5ª etapa, o período refratário. Mas talvez você esteja se perguntando: “Wendell, você não disse que eram apenas 4 estágios do ciclo sexual?”.

Sim, eu realmente disse isso. O segredo está justamente aí: o período refratário é um momento no qual a pessoa não consegue receber novos estímulos sexuais, se excitar ou mesmo ter um orgasmo novamente.

Esse período é um “descanso” para o corpo. Entretanto, nem toda mulher vai experimentar essa etapa assim que tiver o primeiro orgasmo. É graças a isso que existe a possibilidade dos orgasmos múltiplos.

Contudo, depois de terminada a atividade sexual, que pode ser sexo com algum parceiro ou apenas a masturbação, é comum que a mulher passe, sim, por esse período refratário, ficando um pouco cansada, sonolenta e sem conseguir receber novos estímulos sexuais porque o corpo simplesmente não vai reagir a eles.

O orgasmo só acontece na penetração?

Já aproveitando que estamos no tema, vamos falar um pouco sobre orgasmo e penetração?

Uma queixa comum das mulheres é a dificuldade de ter um orgasmo durante a penetração. Então, vou te contar um segredo: isso é super normal. 1 em cada 3 mulheres não consegue chegar ao orgasmo apenas com a penetração. Mesmo as que estatisticamente conseguem, não é em toda relação sexual que a penetração será suficiente.

O motivo para isso é bem simples: por mais que exista o ponto G (uma área rugosa na parte interior da vagina, próxima da entrada do canal vaginal), a maior região de estimulação e concentração de pontos nervosos fica no lado de fora da vagina, ou seja, na vulva. Especialmente no clítoris.

Logo, apenas a penetração não é o suficiente para estimular toda a região. Se considerarmos apenas a entrada e saída do pênis, a estimulação acontece no canal vaginal, na entrada da vagina e no colo do útero. Todas essas regiões são sensíveis, mas não tem tantas terminações nervosas quanto o clítoris, por exemplo.

É por isso que o sexo oral, a utilização de vibradores bullet (aqueles pequenininhos que ficam apenas no clítoris), e a estimulação com os dedos são tão importantes para proporcionar prazer a uma mulher.

Isso também explica o motivo de as posições sexuais nas quais as mulheres mais sentem prazer serem aquelas que a região pélvica do parceiro estimula o clítoris enquanto acontece a penetração — é o caso da posição “papai e mamãe” quando o casal fica bem coladinho durante o sexo.

Quais hormônios afetam o desejo feminino e a excitação sexual?

Já na parte biológica do desejo e da excitação sexual, temos algumas reações químicas importantes que acontecem no cérebro da mulher. Os responsáveis por essas reações são os hormônios.

Em primeiro lugar precisamos listar os hormônios responsáveis pelo aumento da resposta sexual. São eles:

  • ocitocina — conhecida como “hormônio do bem-estar”, é o hormônio que gera a sensação de empatia e apego entre as pessoas, além de ser responsável por parte do prazer no orgasmo;
  • norepinefrina — também conhecida como “noradrenalina”, é a responsável por aumentar o ritmo cardíaco e o fluxo sanguíneo;
  • dopamina — ligada ao sistema de recompensas do cérebro, é o hormônio que dá a sensação de motivação e felicidade.

Já na outra parte, o corpo feminino também conta com hormônios que inibem a resposta sexual. São eles:

  • serotonina — hormônio que regula o humor, o ritmo cardíaco, a temperatura corporal, o sono, o apetite e outras funções;
  • endocanabinóides — cuidam do controle do apetite, temperatura corporal, musculatura e diversas outras funções do corpo.

Realmente existe diferença entre desejo feminino e masculino?

Pensar nas diferenças entre o desejo feminino e o desejo masculino é uma tarefa bastante complicada. Em primeiro lugar, existem muitos estereótipos que precisamos evitar para não cair em uma armadilha argumentativa.

Seguindo esse caminho, minha proposta é que olhemos o passo a passo aqui. Começando da resposta biológica, que diferenças existem? Bom, praticamente nenhuma. Exceto a diferença das genitálias, o processo é bem semelhante.

O batimento cardíaco aumenta, o pênis começa a ficar cheio de sangue, a lubrificação acontece e existem contrações musculares durante os períodos de excitação. Até aqui tudo igual, correto?

Então a diferença é no cérebro, correto? Errado! A liberação de hormônios (ocitocina, norepinefrina, dopamina, serotonina e endocanabinóides) é bem próxima também. Existem algumas leves mudanças, mas nada que justifique uma diferença gritante entre o desejo feminino e o masculino.

A maior diferença, na parte química, que podemos falar é sobre a produção de testosterona (no homem) e de estrogênio (na mulher). Só que essa discussão vai longe. Por isso, vou partir para uma abordagem diferente. Vem comigo!

Diferenças no ciclo sexual

As duas grandes diferenças entre o ciclo sexual feminino e o masculino está no início e no final.

No início, na fase de excitação, temos um ponto que merece atenção: homens são mais propensos a ficarem excitados em função do seu desejo sexual. Isso significa que primeiro vem a vontade, depois a excitação.

Nas mulheres, por outro lado, acontece o inverso. A sensação psicológica de desejo feminino vem após a estimulação física e genital.

Aqui já encontramos uma grande confusão. Conseguiu perceber? O homem tem a vontade e isso serve de estímulo para ele ter a relação sexual. Já no caso da mulher, existe a possibilidade de ela não ter vontade e só depois de ser estimulada é que o desejo aparece.

Entretanto, se a pessoa não está com desejo, como ela vai ser estimulada para começar a sentir esse desejo? É um paradoxo.

Mas olha só: isso não significa que a mulher tenha mais ou menos desejo. Apenas significa que o desejo dela funciona de uma forma diferente. Além disso, existem alternativas para aumentar o desejo sem a estimulação física (daqui a pouco vamos falar sobre isso).

Diferenças no período refratário

Já a segunda diferença está no período refratário. O tempo de descanso que o corpo do homem precisa após o sexo é muito maior que o corpo da mulher. Dependendo da idade, é comum que esse período refratário no homem leve até um dia para terminar, enquanto o da mulher pode levar poucas horas.

É aí que entra outro ponto importante. O desejo feminino aumenta com a estimulação física, certo? O que significa que depois do sexo é normal que as mulheres queiram ainda mais sexo. Por outro lado, o homem depois do sexo tem um período refratário longo e o desejo sexual dele fica bem reduzido, impossibilitando essa continuação — e às vezes deixando a parceira insatisfeita.

Mulheres não têm menos desejo que homens

Agora para esclarecer de uma vez por todas sobre o desejo feminino e o masculino: mulheres não têm menos desejo.

O que acontece é que as mulheres têm oscilações no seu desejo sexual ao longo do mês, enquanto os homens são mais constantes e mantém níveis próximos de estimulação do desejo ao longo de todas as quatro semanas.

Uma das razões para isso acontecer com as mulheres é o ciclo menstrual. Em seu período fértil (ovulação) o desejo feminino é bem mais alto que nas outras três semanas do mês, superando o desejo masculino. Entretanto, a semana seguinte é acompanhada de uma queda brusca no desejo.

A culpa é dos bebês

Biologicamente ainda somos animais. Mesmo que o ser humano seja uma criatura racional, vários aspectos dos nossos comportamentos remetem à questões evolutivas. O desejo sexual é uma delas.

Qualquer casal que já tenha tentado engravidar sabe que o momento ideal para ter relações sexuais é durante a ovulação ou um dia antes, correto?

Entretanto, imagine o ser humano antes das sociedades existirem, antes mesmo de criarmos uma língua. Para manter o crescimento da espécie precisávamos de alguma ferramenta biológica que nos ajudasse. É justamente esse mecanismo que gera a excitação sexual.

No período de ovulação o desejo feminino aumenta, e a propensão à excitação também. Isso deixa o comportamento da mulher um pouco mais desinibido, bem como faz com que ela fique um pouco mais atrativa para o sexo oposto — sim, isso acontece até hoje, mesmo depois de tanta evolução.

Esse conjunto de variáveis levava ao acasalamento no período ideal para que houvesse a reprodução da nossa espécie. As pessoas que tinham esses mecanismos conseguiram se reproduzir, enquanto as que não tinham tal recurso não geraram filhos e consequentemente não passaram sua genética para as próximas gerações.

Essa história evolutiva da nossa espécie ajuda a entender essa oscilação do desejo feminino. Contudo, já temos várias ferramentas para contornar esses impulsos biológicos, tanto é que criamos contraceptivos que evitam a reprodução mesmo nos períodos férteis. Mas a oscilação do desejo em função dos períodos férteis ainda é mantida.

O que pode gerar falta de interesse sexual feminino?

Lembra de como começamos nossa conversa? Minha proposta neste texto era falar de uma sexualidade mais positiva. Apesar disso, é importante conversar sobre as principais faltas de desejo feminino, já que essa informação pode ajudar, sim, muitas pessoas.

O que não farei é dedicar todo o texto a esse tema (tanto é que estamos falando dele só agora).

Quais as principais causas da falta de desejo feminino?

A falta de desejo normalmente está associada a alguma disfunção sexual. Essa disfunção pode ter origem biológica (hormônios, por exemplo), cultural (o meio que a pessoa vive) ou comportamental (a relação da pessoa consigo mesma e com sua sexualidade).

Essas três áreas formam um pilar que chamamos de “biopsicossocial”. O ser humano sempre precisa ser analisado nessa linha, olhando aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

Mantendo essa lógica, veja os principais motivos para as disfunções sexuais femininas:

  • desregulações hormonais e outros males, como: diabetes, depressão, ansiedade, hipertensão arterial, tireoidopatias, hiperprolactinemia, hipoandrogenismo; hipotiroidismo, hipoestrogenismo;
  • uso de medicamentos, como: inibidores da recaptação da serotonina, anticoncepcionais hormonais, anti-hipertensivos de ação central, antipsicóticos antidopaminérgicos, antidepressivos tricíclicos, betabloqueadores adrenérgicos, entre outros (grande parte dos medicamentos citados são usados no tratamento de depressão e ansiedade);
  • problemas de relacionamento, como: relação conflituosa, rotina repetitiva, relacionamento longo e sem novidades, falta de engajamento do casal na sedução, preliminares insuficientes, prática sexual pouco prazerosa por falta de novidades ou habilidade;
  • aspectos socioculturais, como: tabus e mitos sobre o sexo (vários deles foram desmistificados neste texto), sexualidade vista como algo negativo, costumes e valores que punem o bom relacionamento com a própria sexualidade e com o desejo feminino;
  • violência sexual de qualquer espécie, desde assédios verbais à abusos físicos;
  • repressão sexual, como: família que proíbe e reprime o conhecimento sexual e religiões que veem a sexualidade como algo negativo;
  • falta de conhecimento sobre anatomia, que pode acarretar na inibição, dificuldade de relacionamento com o próprio corpo e repertório sexual limitado (focado apenas na penetração e ignorando outras formas de prazer);
  • disfunções sexuais específicas, como a alteração em uma das fases de resposta sexual (ciclo sexual), dor durante a relação sexual, falta de lubrificação e anorgasmia (falta de orgasmo).

Porque essas situações geram falta de desejo?

Se você reparar na lista de causas para as disfunções sexuais, vai perceber que tirando aquelas relacionadas ao uso de medicamentos e mudanças hormonais, todas são fruto do nosso comportamento.

Em outras palavras, a forma como lidamos com nosso corpo e nossa sexualidade afetam diretamente nosso desejo. No caso das mulheres isso é ainda mais intenso, porque vivemos em uma sociedade que reprime o desejo feminino e que não estimula as mulheres a conhecerem o próprio corpo e explorarem o prazer sexual (diferentemente do que acontece com os homens).

Essa falta de conhecimento, repressão com relação à própria sexualidade e problemas no relacionamento fazem do sexo, e do próprio desejo sexual, coisas ruins, desagradáveis, que não geram prazer e nem são socialmente aceitas.

Quem, em sã consciência, vai querer cultivar algo assim?

Além disso, sexualidade é um tema extremamente delicado e se não nos sentimos bem com nosso corpo ou com nossas vontades, o desejo sexual também é afetado.

Com tudo isso, temos também as disfunções sexuais específicas que falei. Elas afetam diretamente o prazer da relação sexual, fazendo do contato íntimo uma experiência dolorosa, cansativa ou mesmo embaraçosa.

Tudo isso contribui para sérios problemas de autoestima e de autoaceitação e refletem no desejo feminino.

Como saber se tenho falta de desejo ou apenas não quero ter relações sexuais com meu parceiro atual?

Essa pergunta normalmente é a base de várias e várias sessões no meu consultório. A quantidade de mulheres que têm desejo sexual, tem uma boa libido, mas se reprime por não querer ter relacionamento com o parceiro atual é enorme.

Porque isso acontece?

Olha, nenhum relacionamento é perfeito, mas algumas relações são mais pesadas e negativas que outras. Um relacionamento repleto de brigas, críticas, falta de confiança, traições e abusos (físicos e verbais, mesmo que não de origem sexual) acaba com a saúde da mulher.

Isso gera um afastamento do parceiro. E uma das primeiras portas a se fechar é justamente a das relações sexuais.

A falta de desejo pelo parceiro pode estar associada a um problema não resolvido, a alguma falta de confiança ou a vários fatores juntos, desde pequenos acontecimentos que viraram uma bola de neve até grandes desrespeitos e falta de compromisso.

A forma de saber se a falta de desejo feminino acontece só com o parceiro ou se é generalizada também é um pouco difícil. A maneira mais simples é observado se existe desejo sexual com relação a outras pessoas, desde atores à pessoas conhecidas.

Se a resposta for sim, já encontramos a solução: o problema é o parceiro.

Contudo, existem algumas situações ainda mais complicadas. Por exemplo: é comum que a mulher tenha desejo sexual pelo parceiro enquanto ele está longe, mas quando acontece a aproximação esse desejo muda e começa um afastamento.

Nesse caso o problema também é o parceiro e as associações que foram feitas com relação a ele. Mas perceber que esse é o problema é difícil, porque em um primeiro momento a mulher pode ter a sensação que está tudo bem, já que ela tem desejo sexual e só ficou “desanimada” na hora do sexo.

Técnica do diário

Para entender se isso está acontecendo eu recomendo usar um diário.

Mulher: anote, ao longo do dia, sempre que sentir algum desejo sexual. Escreva que está com desejo e fale quem é o “objeto” desse desejo, se é seu parceiro ou outra pessoa.

Caso seja outra pessoa, e nunca o seu próprio parceiro, é fácil reconhecer o problema. Contudo, não vamos exagerar. Ter desejo sexual por outras pessoas é normal e faz parte de uma sexualidade saudável, o problema existe quando esse desejo nunca é pelo seu parceiro.

Agora, se no seu diário está escrito que o seu desejo é com relação ao seu parceiro, comece a reparar se esse desejo vai embora quando ele se aproxima de você — se a resposta for “sim”, procure um psicoterapeuta urgentemente, porque existem algumas associações negativas que estão atrapalhando o relacionamento de vocês e isso pode gerar até mesmo um término.

O que pode ser feito para despertar o desejo feminino?

Até aqui falamos de tudo que envolve o desejo feminino, certo? E como prometido, chegou o momento de conversar sobre as formas de despertar o desejo feminino.

A seguir vou falar de algumas coisas que podem ser feitas para aumentar esse desejo e vou separá-las em dois grupos: coisas que uma mulher pode fazer por si mesma e coisas que o parceiro pode fazer para ajudar sua companheira a ter mais desejo.

Anota aí!

O que as mulheres podem fazer pelo próprio desejo sexual?

Você, mulher, sente que não tem tanto desejo quanto gostaria e quer encontrar alguma forma de resolver essa situação? Vou listar algumas coisas que podem ser feitas, mas a primeira dica é: sempre parta do biológico para depois ir para o comportamental.

O que isso significa? Bom, algumas disfunções que causam a falta de desejo podem ser puramente orgânicas. Não adianta fazer mil e um exercícios ou procurar um psicoterapeuta se essa parte não for resolvida primeiro.

Depois de descartar as questões biológicas (doenças, hormônios desregulados, medicamentos em dia) aí, sim, vale a pena focar nas outras dicas. Combinado? Elas são igualmente importantes, mas não tem como uma estimulação sexual, por exemplo, fazer efeito se a sua lubrificação não estiver acontecendo por conta de algum hormônio que está em falta.

Mude sua medicação ou troque a dosagem

Alguns medicamentos, como você já sabe, alteram a sua libido e interferem diretamente no seu desejo sexual. Se você notou que algum deles está causando esse efeito, fale com seu médico.

Primeiro pergunte se algum dos medicamentos que você toma tem esse efeito adverso. Caso a resposta seja sim, peça para que ele faça um teste trocando a medicação ou veja a possibilidade de reduzir a dosagem.

Ah! Quando fizer a mudança, fique atenta. Pode demorar algumas semanas para que as mudanças aconteçam no seu corpo e se elas não acontecerem é porque o medicamento não era o responsável pelo problema.

Cuide da sua saúde física

Várias doenças e distúrbios afetam negativamente o desejo feminino. Faça um check up e veja se sua saúde está em ordem. Caso tenha algo que mereça atenção, siga as orientações médicas.

Tenha, também, uma vida balanceada: sem trabalho em excesso, comendo de maneira adequada e praticando atividades físicas. Isso vale para melhorar seu desejo sexual e a sua qualidade de vida.

Se masturbe

Lembra que falei que a estimulação masculina começa na mente e a feminina começa no corpo? É justamente aí que entra a masturbação.

O desejo feminino, assim como o masculino, não é uma coisa apenas “natural”. É preciso treinar esse desejo para que ele aconteça com mais frequência. A principal maneira para fazer isso é por meio da masturbação.

Separe um tempo para você e comece a conhecer seu corpo. Pode ser que no início não seja tão prazeroso, mas insista. Ninguém vai conseguir te dar orgasmos tão intensos e tão rápidos quanto você mesma.

Quando já estiver acostumada com a masturbação tente usar, vez ou outra, um vibrador de clítoris — o resultado vai te surpreender (e dá para usá-lo no sexo também, durante a penetração, mas cuidado que o orgasmo pode ser rápido até demais).

Estimule suas fantasias

Depender apenas do estímulo físico para ter desejo sexual é uma coisa que não dá certo. Sexo é algo cansativo e precisamos estar animados para dar o primeiro passo e começar a fazê-lo, e essa animação normalmente vem do desejo.

Logo, ter que começar a ter relações sexuais para depois se animar, despertar o desejo e continuar nem sempre funciona.

Mas… como mudar isso? Bom, trabalhe suas fantasias. Pense nas coisas que você gosta, leia sobre práticas sexuais, se imagine naquelas situações e comece a entender quais são as fantasias que te excitam.

Essa estimulação mental é excelente para começar a entender como se estimular mesmo sem toques físicos.

Outra forma bacana de fazer isso é por meio de contos eróticos. Você tanto pode ler contos quanto escrever os seus próprios, de acordo com suas fantasias. Dependendo da sua intimidade com seu parceiro até é interessante compartilhar com ele o resultado para que vocês dividam a fantasia.

Uma última sugestão para estimular seu desejo sexual é a utilização do sexting. Escreva mensagens um pouco mais picantes e envie para seu parceiro ao longo do dia. Use o WhatsApp como se fosse uma conversa preliminar antes do sexo. Fale de como você está, do que tem vontade de fazer, o que quer usar, o que vai fazer quando vocês se encontrarem.

Use sua criatividade e não tenha vergonha!

Tenha um sexo prazeroso

Poucas coisas são tão efetivas para aumentar seu desejo sexual quanto ter um bom sexo. É essa atividade bem feita que vai deixar aquele gostinho de “quero mais” e vai estimular o aumento da sua vontade de repetir a dose.

Para ter um sexo prazeroso primeiro você precisa se conhecer e conhecer seu corpo. Se não conseguir chegar ao orgasmo sozinha, é muito mais difícil que outra pessoa consiga fazer isso por você — daí a importância da masturbação.

Somado ao autoconhecimento, na hora do sexo você precisa assumir a responsabilidade pelo seu prazer. Guie seu parceiro, mostre para ele como você gosta do sexo oral, quais posições te dão mais prazer e não termine o sexo enquanto não se sentir satisfeita (mesmo que não chegue no orgasmo, você precisa sentir prazer, isso é importante).

Não fique esperando que seu parceiro acerte tudo ou adivinhe as coisas, um sexo prazeroso depende dos dois e só você conhece seu corpo tão bem ao ponto de saber o que dá ou não prazer. Então, invista nisso!

O que o parceiro pode fazer para aumentar o desejo sexual da sua companheira?

Você está lendo este texto porque sente que sua companheira tem um desejo sexual baixo e que isso acaba, de uma forma ou de outra, atrapalhando a relação de vocês?

Existem formas de contornar essa situação. Falarei sobre algumas delas que estão ao seu alcance e podem ser feitas desde já. Mas antes, um adendo: sempre respeite a vontade da sua parceira e não fique insistindo demais, isso prejudica tanto o relacionamento quanto o desejo. Combinado?

Tenha um dia cheio de coisas prazerosas

Para que sua parceira consiga se sentir disposta para ter algum desejo sexual, é importante que vocês tenham um dia prazeroso. Isso é o que vai deixar ela animada para se permitir explorar o sexo (mesmo que ela ache cansativo ou não esteja com tanta vontade por conta do baixo desejo).

Saiam para fazer alguma coisa, assistam a um bom filme, comam uma comida gostosa, se divirtam. O sexo, e o desejo, são consequência.

Acaricie sua parceira

Mulheres precisam de estimulação física. Diferentemente dos homens, que o pensamento é a base da excitação, as carícias são essenciais para que sua parceira comece a despertar algum desejo.

Dê beijos de língua, faça carinho, abrace-a por trás, dê toques mais “quentes” nela. Sempre tomando cuidado para não exagerar e nem ser inconveniente, combinado? A ideia é ir estimulando ela gradualmente, ao mesmo tempo que mostra que sente atração por ela — o que é excelente para a autoestima da sua parceira.

Se esforce no sexo

Quando chegar a hora do sexo, é importante que sua parceira sinta prazer. E para isso você terá que se esforçar.

A primeira regra é esperar ela ter um orgasmo antes de ter o seu orgasmo. Isso vai evitar que você fique desanimado e com sono no meio do caminho, e dará mais disposição para se dedicar.

Não se engane: essa tarefa é gostosa, é prazerosa, mas também exige dedicação. Levar uma mulher ao orgasmo só com o sexo oral, por exemplo, pode fazer sua língua doer — isso é normal, esteja preparado!

Peça direcionamentos e orientações no sexo

Ninguém conhece nosso corpo como nós mesmos. Após que você, se quiser, consegue chegar ao orgasmo rapidamente com a masturbação. Isso é fruto de autoconhecimento — você sabe a velocidade e a pressão certa para se dar prazer de maneira efetiva e ninguém no mundo consegue ser tão eficiente quando você.

Pois é, esse conhecimento que temos do próprio corpo é essencial para sentirmos prazer. E o mesmo vale para a sua companheira. Ela também sabe as coisas que mais gosta e se for alguém que tem o costume de se masturbar, é bem provável que ela tenha os mesmos resultados, sozinha, que você.

Por isso, na hora do sexo fique atento ao que ela fala e demonstra. Pergunte como ela prefere que você faça os movimentos. Se ela te orientar, siga o que foi dito e veja a reação. Com um pouco de sensibilidade você vai começar a reparar que alguns movimentos dão mais prazer para ela do que outros — é possível notar pela mudança de respiração, contrações musculares e aumento na lubrificação.

Dica de ouro: quando estiver fazendo sexo com sua parceira, mantenha o ritmo independentemente de como ela se contorça ou se movimente. Homens têm o costume de acelerar os movimentos quando estão perto do orgasmos, mas as mulheres preferem movimentos contínuos e de mesma intensidade.

Converse sobre fantasias sexuais com sua companheira

Não sabe o que sua parceira gosta na cama ou que fantasias ela quer tentar com você? Converse sobre o assunto.

Proponha para ela conversar sobre fantasias sexuais, diga que quer conhecer ela melhor e colocar alguma coisa nova no sexo. Caso ela se solte, aproveite para ter uma boa conversa e conhecer, de verdade, a sua parceira.

O mais importante dessa conversa é não julgar. Quando ela falar sobre as fantasias, apenas aceite. Se você criticá-la, julgá-la ou atacá-la porque achou alguma fantasia sexual estranha, exagerada ou qualquer outro adjetivo negativo, provavelmente vocês nunca mais conversarão sobre esse tema.

Alivie o estresse da sua parceira ao longo do dia

Não adianta tentar estimular o desejo feminino se sua parceira tem uma rotina estressante e cansativa. Para se excitar ela precisa estar relaxada.

Então, divida com ela as tarefas de casa, faça uma massagem, cuide dos seus filhos, cozinhe sempre que possível, cuide das roupas sujas. Enfim, alivie o máximo possível do estresse diário que ela enfrenta.

Isso vai gerar resultados — e talvez seja a dica mais importante que poderia ter te dado neste texto.

Bom, espero que você, caro leitor, cara leitora, tenha gostado deste texto até aqui. Minha intenção foi oferecer o máximo de conhecimentos sobre o desejo feminino para que você possa ver a sexualidade de uma maneira diferente e mais positiva.

Depois de ler o texto até aqui você decidiu que precisa de uma ajuda profissional para resolver seus problemas? Então, pode me chamar no WhatsApp e vamos marcar uma conversa!

SOBRE O AUTOR: Sou um psicólogo (CRP 04/51810) dedicado a ajudar pessoas a desbloquearem seu potencial máximo e alcançarem o sucesso em suas vidas. Minha missão é clara: eliminar as barreiras que impedem você de prosperar. Entendo que a jornada do desenvolvimento pessoal pode ser complexa, e é por isso que minha abordagem é sempre empática e flexível. Acredito que cada pessoa é única, com sua própria história, desafios e objetivos. Você não será rotulado aqui; em vez disso, exploraremos juntos o que está por trás de suas ações, pensamentos e aspirações. Com mais de 7 anos de experiência, estou comprometido em fornecer resultados tangíveis. Trabalho com abordagens baseadas em evidências, sempre considerando o contexto individual. Quer dar um passo em direção a uma vida mais plena e completa? Clique aqui e agende sua primeira consulta comigo!

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