Comunicação Assertiva: a arte de compreender e ser compreendido

comunicação assertiva

A comunicação é uma peça fundamental no quebra-cabeça da vida. Ela está em todos os aspectos do nosso cotidiano, desde as palavras que proferimos até como interpretamos as informações que nos cercam.

Não seria exagero dizer que ter uma comunicação assertiva é a habilidade mais importante que precisamos desenvolver. Por isso, acho justo dedicar este artigo para falar um pouco sobre esse processo tão interessante e te mostrar como ele é a base do desenvolvimento pessoal. Vamos lá?

A importância de saber se comunicar

A comunicação é muito mais do que apenas transmitir palavras. É uma ferramenta poderosa que, quando aprimorada, nos permite expressar pensamentos e sentimentos, bem como desempenha um papel crucial na resolução de conflitos, na capacidade de expressão e em como nos posicionamos.

Poderíamos até mesmo dizer que a medida que aprimoramos a nossa comunicação é como se ganhássemos mais habilidade para interpretar as informações da vida e interagir com o mundo ao nosso redor.

E… olha: saber se comunicar não é lá uma das tarefas mais fáceis. Não estamos aqui falando apenas de escolher as palavras mais bonitas para dizer, mas sim as mais adequadas.

Sabe aquela máxima que diz que “sou responsável pelo que digo, não pelo que o outro entende”? Pois é, só concordo com ela até a vírgula. No final das contas, querendo ou não essa responsabilidade, precisamos entender que a forma como o outro entende o que dizemos é, em parte, resultado da maneira como falamos.

Por isso, neste texto vamos seguir o seguinte pensamento: não existe forma correta de falar algum, mas sim maneiras adequadas de se passar uma informação de acordo com cada contexto.

O que é Comunicação Assertiva?

A comunicação assertiva é a habilidade de expressar nossos pensamentos, sentimentos e opiniões de maneira direta e compreensível, sem desrespeitar os outros.

Vamos ilustrar: imagine alguém atrasado para uma reunião.

Comunicação tradicional

Em uma abordagem mais “tradicional” tendemos a rotular a pessoa como “atrasada e desorganizada”. Talvez até mesmo diga para ela coisas como “você sempre se atrasa” ou “você não tem organização”.

Ao analisar a situação dessa forma e pensar ou dizer essas palavras, geramos vários efeitos negativos. Em primeiro lugar tendemos a olhar de forma desfavorável para a pessoa.

Somado a isso, colocamos nosso interlocutor no “modo de defesa”. Ao escutar essas palavras a pessoa pode, por exemplo, enumerar as vezes que faltou para provar que não era sempre atrasada e desorganizada.

No final das contas, mesmo que haja uma mudança de comportamento também existirá um prejuízo na relação entre vocês.

Comunicação assertiva

Em vez disso, na comunicação assertiva poderíamos dizer algo como: “Fulano, você se atrasou X minutos. Isso me frustra, pois tínhamos assuntos importantes e hoje não teremos tempo para eles. Seria possível você chegar mais pontualmente nas próximas reuniões ou me avisar com antecedência se houver atrasos?”

Repare como nesse exemplo continuo deixando claro meu desconforto, explicando o que me incomodou e apresento uma forma de resolver o problema para que essa situação não se repita.

Ao deixar claro o que sinto, como penso e explicitar o que a pessoa fez  — repare que não foi dito que a pessoa é atrasada, foi dito que ela se atrasou X minutos —, eu dou a oportunidade para ela repensar a situação e responder à minha solicitação.

Estrutura da comunicação assertiva

Como mencionei, a base da comunicação assertiva reside na habilidade de expressar seus desejos, limites e visão de mundo sem desrespeitar o espaço da outra pessoa.

Vamos considerar o exemplo apresentado anteriormente, onde desejo defender meu tempo de trabalho e o respeito à minha disponibilidade. Existem diversas estratégias que poderiam ser adotadas nesse caso.

Uma abordagem menos assertiva envolveria xingamentos, reclamações sobre comportamentos passados ou até mesmo ameaças para evitar comportamentos futuros indesejados. Todas essas ações constituem uma invasão no espaço da outra pessoa, um ataque direto à sua integridade. 

Em alguns casos isso pode, sim, gerar resultados. Mas… será que essa é a forma mais construtiva de lidar com a situação? Veja bem: ao agir de maneira menos assertiva, é bem provável que você até consiga o que quer, mas ao custo das suas relações sociais.

A proposta da comunicação assertiva é diferente. Diante de um cenário de desrespeito ou desconforto, a ideia é expressar como você se sente e apresentar soluções para a situação. Isso significa comunicar o impacto do comportamento da outra pessoa em você e sugerir alternativas.

Essa abordagem coloca a responsabilidade pelo comportamento nas mãos da outra pessoa, promovendo uma cooperação voluntária. Evita-se que a pessoa se sinta atacada e, em vez disso, cria-se um espaço para a construção conjunta de um relacionamento mais saudável, objetivo e livre de jogos de manipulação.

É importante destacar que esse modelo de comunicação não se restringe ao ambiente de trabalho. Ele é aplicável em todas as áreas da vida, incluindo relacionamentos amorosos e familiares. 

Por quê? Porque a assertividade elimina mal-entendidos, ajuda a navegar por situações desafiadoras e substitui a expectativa de que os outros leiam nossas mentes por uma comunicação clara.

Entendendo o que os outros me dizem

A comunicação não é meramente um ato de falar; ela abrange também a habilidade de ouvir e interpretar as mensagens transmitidas por outras pessoas. Cada palavra carrega consigo uma história, emoções, contexto e um público-alvo específico.

A habilidade de entender os outros é valiosa, especialmente porque poucas pessoas sabem se comunicar de forma assertiva. Quem domina a assertividade tem o superpoder de captar o que está nas entrelinhas.

Marshall Rosenberg, autor de “Comunicação não violenta“, nos deu um atalho poderoso: por trás de cada fala existe uma necessidade. Compreender isso é a chave para realmente aprender a criar conexões verdadeiras.

Imagine, por exemplo, que você tenha esquecido um compromisso crucial em seu relacionamento. Se seu parceiro expressa sentimentos  em frases como “você não me valoriza” ou “nosso relacionamento não é prioridade para você,” .

Nessa situação você tem duas opções: entrar em um debate baseado nas palavras proferidas ou buscar compreender o que está por trás delas.

No exemplo dado, a NECESSIDADE subjacente da pessoa era a de ter companhia em um momento crucial, enquanto as palavras utilizadas expressavam solidão, tristeza e raiva. Ao empregar a comunicação assertiva, você pode focar na resolução do problema e reconectar-se genuinamente com a pessoa.

Isso significa que, em vez de se defender contra as acusações feitas, você pode reconhecer o verdadeiro significado por trás delas. Em outras palavras, ao entender que essas acusações são, na verdade, um disfarce para uma necessidade não atendida, não seria mais eficaz responder diretamente ao cerne do problema?

O verdadeiro impacto de saber ouvir

Eu não sei se você consegue entender a magnitude dessa habilidade de interpretação. Quando conseguimos ler o meio que nos cerca, podemos tomar decisões cada vez mais conscientes e embasadas, reduzindo nossa margem de erro e aumentando a satisfação pessoal ao tomar decisões que vão de acordo com nossos valores e objetivos. 

Saber se comunicar e saber escutar, significa também entender a melhor maneira de agir em cada situação. Não que você vá acertar sempre, mas provavelmente você estará menos alheio ou ao que acontece ao seu redor caso entenda o que é uma comunicação assertiva.

Tenta imaginar por alguns segundos, Quantas vezes você teria evitado um problema ou aproveitado uma oportunidade se conseguisse entender os sinais no momento em que eles aconteciam?

Comunicação interpessoal também conta

Olha que interessante: a comunicação também serve para nos comunicarmos com nós mesmos. Nossos pensamentos acontecem em linguagem, e a forma como conversamos com nossa mente interfere na maneira como agimos no mundo.

Para ilustrar, mais um exemplo simples: detesto fazer musculação, sempre tento pensar em alguma desculpa para evitar o exercício. Certa vez estava na porta da academia e encontrei duas pessoas no ambiente. De imediato, pensei exatamente em “deixar para fazer o exercício depois porque a academia estava cheia”.

Se estivesse desavisado, poderia acreditar que esse pensamento era uma decisão e não apenas uma vontade. E aqui já entendemos o primeiro ponto importante da comunicação interpessoal: nossos pensamentos não são reais e não são decisões, eles são apenas pensamentos.

Assim sendo, podemos dizer que nossos pensamentos são “interpretações da vida”, ou seja, são resultado da maneira como lemos o mundo que nos cerca. Para alguém sedentário, como eu, existe uma tendência de buscar informações que corroborem com a vontade de ficar em casa e evitar o exercício físico.

É preciso aprender a pensar

Isso é completamente normal. Nosso comportamento, assim como nossos pensamentos, é fruto de aprendizado. Se eu não desenvolvi o hábito de me exercitar, nada mais normal que eu tenha “preguiça” de começar a desenvolvê-lo.

Sabendo disso e entendendo que preciso me comunicar comigo mesmo, diante da situação que descrevi, posso pensar, intencionalmente, coisas como: “eu quero sair da academia porque me gera um incômodo fazer exercício, as pessoas provavelmente são só uma desculpa. Melhor eu ir logo fazer minha ficha para me acostumar com essa situação”.

Ao pensar isso, em vez de apenas aceitar o pensamento anterior, eu mudo o curso do meu comportamento e aumento a probabilidade de me exercitar.

Se não soubesse “ler as entrelinhas” e não entendesse sobre como nos comunicamos, talvez eu tivesse apenas aceitado o meu pensamento como real e repetido a mesma coisa que repito todos os dias. Em vez disso, ao identificar a real necessidade do pensamento é possível mudar a ação que seria tomada.

Agora imagina aplicar essa mesma lógica não apenas para a academia, mas para tudo na sua vida: como você se sente no seu relacionamento, o que gostaria de fazer no trabalho, como idealiza se dedicar aos estudos etc.

Ao olhar dessa forma, a comunicação assertiva parece algo cada vez mais importante, certo?

A  comunicação assertiva como um trampolim para o sucesso

Talvez, depois de tudo que falamos até aqui, não seja necessário defender a importância da comunicação assertiva. Ainda assim, pode ser importante frisar um pouquinho mais alguns pontos.

Afinal de contas, porque dedicar tanto tempo a aprender uma habilidade tão complexa e difícil de se desenvolver quanto a comunicação assertiva?

Imediatamente a primeira coisa que penso é que tudo é comunicação. Desde as informações online, a maneira como nos comunicamos, o que é escrito em livros, revistas e artigos, a forma como pensamos, a maneira como interpretamos o comportamento das outras pessoas. Nosso mundo se baseia na comunicação.

Por isso, não seria errado ou exagerado dizer que a comunicação é provavelmente o principal meio pelo qual vamos conseguir qualquer coisa. Seja para captar pistas no ambiente e saber o que fazer, seja para colocar uma ideia em ação, para defender um projeto, para se relacionar com alguém. A comunicação sempre é a ponte para algo.

Logo, é justamente ela que pode abrir portas para o seu desenvolvimento profissional  e profissional, te dando acesso a oportunidades e permitindo que você aprenda cada dia mais e melhor em qualquer âmbito da sua vida.

Pense nas possibilidades que se abrem diante de você. Imagine evitar conflitos desnecessários, cultivar relacionamentos mais saudáveis e alcançar seus objetivos com mais facilidade. A comunicação assertiva não apenas aprimora suas interações com os outros, mas também fortalece sua conexão consigo mesmo em um nível mais profundo.

Como desenvolver uma comunicação assertiva?

Agora, você deve estar se perguntando: “Como diabos desenvolver essa tal comunicação assertiva?” Essa é uma dúvida completamente justa, especialmente considerando que até agora só toquei na superfície, discutindo suas aplicações e os benefícios que ela traz.

A verdade é apenas uma: ensinar como aprimorar a comunicação assertiva é uma tarefa hercúlea, impossível de ser totalmente encapsulada em um texto. Mas claro que não vou te deixar sair daqui sem direcionamento, veja essas dicas:

Busca por conhecimento

Primeiramente, você pode iniciar sua jornada correndo atrás de materiais sobre comunicação assertiva, comunicação não violenta e comunicação positiva. De preferência, busque por conteúdo produzido por psicólogos. Eles são os verdadeiros guias para dar o pontapé inicial no seu desenvolvimento.

Em livrarias você consegue encontrar estantes inteiras dedicadas a livros dessa área. Normalmente eles são colocados juntos aos livros de Psicologia — e alguns deles são livros de Psicologia de fato, não só de comunicação.

Especialização sob medida

Se desejar algo mais específico, como dicas voltadas para a comunicação empresarial ou para o aprimoramento de relacionamentos amorosos, você pode procurar especialistas nessas áreas. Frequentemente, você encontrará perfis nas redes sociais, como Instagram e TikTok, que não apenas ensinam sobre comunicação, mas também utilizam dramatizações para tornar o aprendizado uma experiência mais divertida.

Imagine que você precisa dar uma notícia “difícil” para seu chefe. Que tal pesquisar por isso? No TikTok é possível encontrar psicólogos e especialistas em Recursos Humanos  fazendo um mini teatro mostrando como lidar com esse desafio. Use a tecnologia ao seu favor.

Além disso, conteúdos em livros sempre são um recurso interessantíssimo para o aprendizado. Quer ver um exemplo? Clique aqui e veja a lista de opções que existem sobre comunicação assertiva nos mais diversos tópicos.

Psicoterapia

Outra boa estratégia que você pode seguir é contar com a orientação de um profissional.

Para dominar a comunicação assertiva, você precisa compreender o funcionamento das emoções, como elas se manifestam em você e nas pessoas ao seu redor. E quem melhor do que um psicólogo, alguém que trabalha diretamente com isso, para te ajudar nessa jornada?

Vale ressaltar que o psicólogo não só pode dar suporte à compreensão dessas nuances, como também possui um treinamento específico para ajudar você a desenvolver um modelo de comunicação assertiva. Isso muitas vezes é o objetivo central da psicoterapia.

Se essa opção de buscar um profissional te agrada, Que tal entrar em contato comigo? Clique aqui e marque sua primeira consulta.

SOBRE O AUTOR: Sou um psicólogo (CRP 04/51810) dedicado a ajudar pessoas a desbloquearem seu potencial máximo e alcançarem o sucesso em suas vidas. Minha missão é clara: eliminar as barreiras que impedem você de prosperar. Entendo que a jornada do desenvolvimento pessoal pode ser complexa, e é por isso que minha abordagem é sempre empática e flexível. Acredito que cada pessoa é única, com sua própria história, desafios e objetivos. Você não será rotulado aqui; em vez disso, exploraremos juntos o que está por trás de suas ações, pensamentos e aspirações. Com mais de 7 anos de experiência, estou comprometido em fornecer resultados tangíveis. Trabalho com abordagens baseadas em evidências, sempre considerando o contexto individual. Quer dar um passo em direção a uma vida mais plena e completa? Clique aqui e agende sua primeira consulta comigo!

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