Complexo de Cinderela: o que é e porque você precisa conhecê-lo?

Complexo de Cinderela

Só por nascer mulher a pessoa já está, na maior parte das culturas do mundo, condenada a sofrer com sentimentos de ansiedade, inferioridade, medo, insegurança e dependência. Um dos motivos para isso acontecer é o Complexo de Cinderela.

Esse termo foi profundamente estudado pela escritora norte americana Colette Dowling. Ela teve algumas elucidações bem interessantes e acho importante falarmos sobre isso, especialmente se você for uma mulher ou tiver uma filha.

Vamos lá?

O que é o Complexo de Cinderela?

Complexo de Cinderela, Síndrome de Cinderela e Transtorno de Cinderela são nomes que se referem a uma condição psicológica na qual a mulher tem medo de ser totalmente independente e espera, secretamente, pelo príncipe encantado que virá em sua armadura brilhante para tomar conta dela.

A referência aqui é clara, não é mesmo? É como qualquer uma das clássicas histórias das princesas da Disney: sempre uma mulher sem liberdade, aprisionada, que precisa de um príncipe encantando que cuide dela e a salve dessa prisão.

O Complexo de Cinderela não é uma doença mental reconhecida. Contudo, ela descreve muito bem um padrão comportamental comum entre as mulheres e gera bastante identificação.

O principal ponto dessa Síndrome é o fato da mulher, independentemente de quão forte, empoderada, bem sucedida, decidida e inteligente seja, sempre busca, mesmo que não intencionalmente, por um homem que tome conta dela.

De onde vem o Complexo de Cinderela?

Dizer, exatamente, como surge o Complexo de Cinderela sem ter pesquisas aprofundadas sobre o tema é um grande risco. Mas posso falar com você sobre algumas das hipóteses. Especialmente a mais aceita: o desenvolvimento da pessoa durante a infância.

A forma como uma mulher é educada, como os pais cuidam dela, os conselhos que recebe, as coisas que escuta e a maneira como é ensinada a lidar com a vida moldam muito da personalidade e do comportamento dessa pessoa.

Mais importante do que isso: durante a infância tudo o que recebemos é fruto do que somos, e não de quem somos. Afinal de contas, uma criança ainda está aprendendo e ela é ensinada de acordo com a “caixinha social” que pertence — mulheres ficam em uma dessas caixinhas, homens ficam em outras.

É aí que as diferenças começam e que a educação que recebemos faz toda a diferença.

Como acontece a formação do Complexo de Cinderela?

Quando um garoto está chorando, é comum que ele escute coisas como: “homem não chora”, “você tem que ser forte”, “se você chorar vão achar que você é fraco”, “que frescura é essa?”, “você não tem vergonha?”

Por outro lado, se uma garota chora o comportamento dos adultos muda. Ela recebe abraços e escuta coisas como: “porque você está assim, minha princesa?”, “o que eu posso fazer para você parar de chorar?”, “qual o motivo de você estar chorando?”.

É mais provável que os pais confortem uma garota chorando do que um garoto chorando — é claro que existem exceções, mas pense nessas diferenças a 20 ou 30 anos atrás, enquanto você ainda era uma criança.

Como a sociedade vê as mulheres como mais frágeis, quando um garoto e uma garota começam a andar também vemos essa nítida diferença: os cuidados com o caminhar da garota, com os tombos e com suas descobertas são enormes. Já o garoto fica um pouco mais solto, descobrindo coisas e ganhando sua autonomia.

Não estou dizendo que os pais cuidam menos dos filhos do que das filhas, mas que existe uma ideia de que os homens, mesmo crianças, são mais resistentes.

Porque o Complexo de Cinderela é algo negativo?

Pegue o que falei até agora e coloque tudo isso em uma mulher adulta. Uma pessoa que cresceu sendo cuidada, protegida e escutando para se esforçar, mas nunca se esforçar demais. Para tentar, mas também não exagerar. Para buscar melhorar sempre, mas com cuidado.

Em um primeiro momento essa criação parece muito boa, certo? Mas ela também gera uma sensação de dependência. Enquanto os homens aprendem a cair e se levantar, as mulheres aprendem a cair e esperar que alguém cuide delas.

Essa falta de independência prejudica muito o desenvolvimento acadêmico e profissional da pessoa.

You can have ambition, but not too much
You should aim to be successful, but not too successful
Otherwise you will threaten the man
***Flawless — Beyoncé


(tradução)
Você pode ter ambição, mas não muita
Você deve ter como objetivo o sucesso, mas não muito sucesso
Caso contrário, você ameaçaria o homem

Apesar disso, somos fruto do meio no qual vivemos. O que significa que as adversidades podem, sim, fazer com que a mulher se empodere mais, tome a frente das suas ações e faça as coisas acontecerem.

Mas mesmo essas mulheres correm o risco de perder a autonomia quando entram em um relacionamento. E veja: mesmo que o parceiro seja uma pessoa compreensível, mente aberta e super disposto a dialogar (características raras atualmente), graças a história de vida da mulher ela acaba se tornando uma Cinderela só pelo fato do seu parceiro ser um homem, independentemente do que ele faça.

Você provavelmente já sentiu na pele isso, ou conhece alguém que passou por esse processo: antes do relacionamento a pessoa era uma mulher decidida, que escolhia as coisas, tomava suas decisões e se esforçava todos os dias. Depois de começar o relacionamento ela precisa do parceiro até mesmo para escolher uma refeição.

Alguns sintomas do Complexo de Cinderela

Para ficar ainda mais claro do que estou falando, vamos ver alguns dos principais “sintomas” do Complexo de Cinderela. São eles:

  • delegar para o parceiro as decisões e escolhas sobre vários âmbitos de sua vida, desde o trabalho até a vida pessoal;
  • sentimento de ansiedade quando a mulher começa a viver sozinha;
  • acredita ser impossível tomar decisões sobre a própria vida sozinha;
  • dificuldade para manter um emprego ou deixar as contas em dia;
  • preferência pelo papel de dona de casa e mãe do que alguém que está no mercado de trabalho;
  • sempre quer ter uma parceria romântica com alguém e tem dificuldades de considerar a solteirice como uma alternativa;
  • nunca fica fora de sua zona de conforto emocional e não arrisca por conta própria;
  • tem um forte desejo, mesmo que não seja tão claro, de ser cuidada.

Se olharmos para esses sintomas, podemos perceber o problema da “princesa”. Tudo depende de um príncipe que vai protegê-la e fazer tudo por ela. Esses traços são bastante marcantes no Complexo de Cinderela.

Além deles, temos alguns outros sintomas menos óbvios desse transtorno, como:

  • sentir que não merece ficar no cargo que ocupa na empresa;
  • ter medo de se expor demais durante uma reunião e ofender alguém;
  • ter dificuldade para falar publicamente das suas ideias;
  • não conseguir interromper um homem enquanto ele está falando (mesmo que homens façam isso entre eles o tempo todo);
  • não se candidatar para ótimas oportunidades por achar que não vai conseguir e, por isso, é melhor não tentar.

Desamparo aprendido e Complexo de Cinderela

Em alguns casos o Complexo de Cinderela é tão presente que a mulher acredita que não consegue viver sem seu parceiro. Do ponto de vista dela, se o relacionamento terminar ela não terá mais nada e nunca mais terá alguém do lado dela, para cuidar dela.

Essa dependência pode chegar a níveis tão altos (seja dependência psicológica, financeira ou emocional) ao ponto de a mulher suportar várias situações que fazem mal a ela, como o abuso psicológico, traições e agressões físicas.

A permanência nesse ambiente agressivo, que prejudica a saúde física e mental da pessoa, e a incapacidade de sair dele é chamada de “desamparo aprendido”. Que significa, na prática, que a pessoa aprendeu que aquilo é o que ela merece e que não adianta tentar sair daquela situação porque não terá resultado algum. 

Como tratar o Complexo de Cinderela?

Nem todas as mulheres sofrem ou vão sofrer com o Complexo de Cinderela. Existem pessoas que vivem em vidas tradicionais, em um relacionamento saudável e ambos (marido e esposa) são mutuamente dependentes um do outro, seja pelo cuidado com os filhos, divisão de contas ou mesmo disponibilidade emocional.

Entretanto, se só de pensar na possibilidade de viver sozinha e ser responsável por tudo em sua vida te faz ficar com medo e muita ansiedade, o ideal é procurar ajuda profissional. Um psicoterapeuta tem todos os recursos para te ajudar a descobrir as alternativas que você tem e a encarar os medos e a insegurança emocional para conquistar uma boa qualidade de vida.O primeiro passo você já deu: conhecer o problema. Se precisa de ajuda com o segundo passo (a ajuda profissional), me chame no WhatsApp e vamos conversar!

SOBRE O AUTOR: Sou um psicólogo (CRP 04/51810) dedicado a ajudar pessoas a desbloquearem seu potencial máximo e alcançarem o sucesso em suas vidas. Minha missão é clara: eliminar as barreiras que impedem você de prosperar. Entendo que a jornada do desenvolvimento pessoal pode ser complexa, e é por isso que minha abordagem é sempre empática e flexível. Acredito que cada pessoa é única, com sua própria história, desafios e objetivos. Você não será rotulado aqui; em vez disso, exploraremos juntos o que está por trás de suas ações, pensamentos e aspirações. Com mais de 7 anos de experiência, estou comprometido em fornecer resultados tangíveis. Trabalho com abordagens baseadas em evidências, sempre considerando o contexto individual. Quer dar um passo em direção a uma vida mais plena e completa? Clique aqui e agende sua primeira consulta comigo!

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