Passo a passo para perdoar uma traição

perdoar uma traição

É possível perdoar uma traição, mas o processo é longo, difícil e exige muito mais esforço de quem foi traído do que quem traiu. Em outras palavras: você, que já está fragilizada, com raiva e sem confiar em seu parceiro ou sua parceira, ainda precisa querer, intencionalmente, oferecer um perdão por essa quebra de confiança.

Mas se chegou até aqui, significa que mesmo nessa posição você ainda acredita que o perdão é o caminho, mesmo que seja apenas uma curiosidade da sua parte. Então, vou ajudar como posso: explicando o passo a passo de como perdoar uma traição.

Todos os passos são essenciais e eles precisam acontecer exatamente na ordem que mostrarei. Combinado?

Aceitação é o primeiro passo

A traição aconteceu. Você foi traída!

É difícil ler isso, falar é ainda mais complicado. Mas o pior de tudo é aceitar esse pensamento: a pessoa que estava ao seu lado, que prometeu fidelidade, que você confiou, ela quebrou o acordo entre vocês e dividiu momentos íntimos com outro alguém.

Não existe meio-termo aqui. Traição é traição, não importa se foi uma vez ou várias, por mensagem ou pessoalmente, na sua casa ou na casa da(o) amante.

Tudo isso é duro de ler, eu sei. Não posso, sequer, me colocar no seu lugar para imaginar a dor, tristeza e a raiva que você está sentindo agora. Mas aceitar esses fatos é o primeiro passo para superar o problema.

Agora não é hora de amenizar. O erro já aconteceu e é preciso lidar com ele pelo que ele é: uma traição.

Quando amenizamos, escondemos o problema. E somos ótimos em fazer isso: dizemos que foi apenas uma vez, que a parceira, ou o parceiro, teve o cuidado de não desrespeitar nossa casa, que foi com uma pessoa feia, que foi só sexo etc.

Essas mentiras que contamos para nós mesmos podem até resolver momentaneamente o desconforto, mas são medidas paliativas. No futuro tudo isso retornará na forma de remorso, já que você não se permitiu aceitar para depois perdoar a traição.

Sejam brutalmente sinceros um com o outro

Você tem curiosidade de saber várias coisas sobre a traição que sofreu. Não adianta dizer que escutar essas coisas seria ainda pior, porque na realidade as perguntas ficam girando na sua cabeça.

É completamente normal querer saber quem foi a pessoa que atraiu a atenção do seu ou da sua parceira, além de várias outras questões, como:

  • como se conheceram;
  • o que gerou a atração;
  • quando se encontravam;
  • quantas vezes se encontravam;
  • porque a pessoa resolveu te trair;
  • quanto tempo essas traições vem acontecendo;
  • o que poderia ser feito para evitar a traição — cuidado, essa pergunta é uma armadilha! Independentemente de quão ruim estivesse seu relacionamento a situação não era uma desculpa para a traição;
  • como foi o sexo;
  • se seu parceiro ou parceira ficou apaixonada(o)
  • etc.

A curiosidade sobre essas questões ficarão martelando na sua cabeça até que você esqueça que a traição aconteceu — algo que é pouco provável de acontecer — ou até ter a resposta para cada uma delas.

Por isso, chame a pessoa que deveria ser sua parceira, ou seu parceiro, para conversar e peça para que ela(e) seja brutalmente sincera(o) e responda cada uma de suas dúvidas. Pergunte o que precisa perguntar. Evite a pergunta sobre “o que poderia ser feito para evitar a traição” e escute tudo o que a pessoa falar.

Ah! Caso queira saber sobre “o que gerou a traição”, tenha em mente que o que a pessoa vai dizer é apenas como ela se sente. Ela provavelmente falará dos seus comportamentos e de como estava insatisfeita — de novo, isso não é justificativa para a traição, mas ajuda você a ter uma visão diferente sobre o relacionamento.

Avalie sua relação e veja onde deu errado antes de perdoar uma traição

Depois de fazer várias perguntas sobre a traição, você provavelmente terá algumas informações, pelo ponto de vista da outra pessoa, sobre seu relacionamento e as expectativas da vida a dois.

Aproveite isso para fazer uma avaliação. Repasse seu relacionamento, ano a ano, em sua mente e tente ver o que foi mudando com o tempo. Nenhum namoro ou casamento começa porque as pessoas se odeiam; pelo contrário, no início é sempre às mil maravilhas e com o tempo ficamos mais relapsos e deixamos de fazer coisas importantes para quem está ao nosso lado.

Quando isso aconteceu? Quando foi que você, ou a outra pessoa, deixou de cuidar do relacionamento e as brigas e afastamentos foram se tornando parte da rotina do casal? Descobriu? Ótimo! Agora volte ainda mais no tempo. As brigas e os momentos de silêncio são fruto de alguma coisa. Elas viraram rotina depois de algum tempo, e isso mostra que o relacionamento estava ruim, mas não mostra como ele chegou nesse ponto.

Assim que encontrar, em sua memória, o momento que as brigas começaram, volte um pouco no tempo e tente se lembrar de como o relacionamento estava antes. O que você (ou sua parceira(o)) deixou de fazer ou começou a fazer que mudou a dinâmica da vida a dois que estavam construindo?

Essa avaliação vai te ajudar a entender o contexto da traição e a olhar para seu relacionamento de uma forma mais crítica. É importante cumprir com essa etapa para que você tenha mais consciência do estado atual e passado da sua vida amorosa.

Pense que do outro lado da relação existe uma pessoa

Você está, ou estava, em um relacionamento e tudo bem pensar nele dessa forma: um relacionamento. Contudo, existe algo além disso; essa relação é a união de duas pessoas e precisamos levar em consideração isso.

Ao olhar para seu parceiro, ou sua parceira, como uma pessoa, você pode tirar um pouco o peso do “relacionamento” e fazer perguntas importantes, como:

  • ele(a) é uma boa pessoa?
  • ele(a) é confiável?
  • o ciclo de amizades dessa pessoa apoia seu relacionamento?

Ao olhar para a outra pessoa dessa forma, você pode entender se ela é realmente alguém que vale a pena construir uma vida em conjunto. Essa análise vai ajudar até mesmo a visualizar se a pessoa que está ao seu lado é alguém verdadeiramente confiável, e a traição foi apenas um lapso momentâneo, ou se é alguém que não merece um voto de confiança.

A relação é formada por duas pessoas, construí-la de maneira saudável ou rompê-la definitivamente também é uma tarefa para os dois. Ao olhar para cada um individualmente — tanto para você quanto para o(a) seu parceiro(a) — você consegue vislumbrar as reais possibilidades até mesmo de perdoar uma traição e insistir, mais uma vez, na vida como um casal.

Use o tempo que achar necessário

Depois de passar por cada uma das etapas que listei até aqui, você provavelmente vai ter chegado a uma conclusão. Então, diga, vale a pena perdoar uma traição ou não? A pessoa que está ao seu lado merece uma segunda chance?

Você não precisa perdoar de imediato, ou tentar fazer qualquer coisa para aliviar a situação. Apenas a sua decisão importa aqui. É um “sim” ou um “não” para o perdão?

Pronto! Decisão tomada, agora é hora de respirar. Tire o tempo que precisar para dar a resposta para a pessoa. O perdão é seu e ele pode demorar o tempo que for — e pode também nunca acontecer.

Não se sinta pressionada e mantenha uma coisa em mente: você é quem foi traída, por mais que a outra pessoa faça parecer que tudo isso é sua responsabilidade ela é a verdadeira culpada. Por isso, o poder está em suas mãos, o perdão é só seu e você, apenas você, decide o que fazer com essa decisão.

Mas não fique assim para sempre. Quando estiver pronta para perdoar, perdoe. Se decidir que não vai perdoar, comunique isso para a outra pessoa e pegue seu espaço de volta, se afaste e tenha uma vida saudável longe dela.

Ambas as decisões precisam de tempo, para que você possa refletir sobre, e de coragem para assumir o término de uma relação ou a volta para uma relação que foi fragilizada com a quebra da confiança. Em ambos os casos a decisão é difícil.

Entenda que perdoar uma traição não significa que vocês ficarão juntos

Mesmo que você consiga realizar a difícil tarefa de perdoar quem te traiu, isso não significa que é obrigatório se envolver romanticamente com a pessoa mais uma vez. Perdoar, por si só, já é difícil o bastante — não tem motivo para se obrigar a ficar em um relacionamento com quem já te traiu.

Isso não significa que você está desistindo da sua relação, que não lutou por ela ou que fracassou. Muito pelo contrário, sua atitude foi corajosa. Ao se deparar com o problema, buscou soluções, estudou, leu este texto, tentou da forma como pôde para lidar com seus sentimentos negativos e depois de muito pensar chegou à sua decisão.

Tudo bem perdoar seu parceiro, estar emocionalmente curada de todas as sensações aversivas que a traição causou, e mesmo assim querer distância. Talvez, ao seguir os passos até aqui, você percebeu que aquela pessoa não era alguém boa para estar ao seu lado, não era confiável e vocês estavam juntos por comodidade ou segurança, não por amor, afeto e confiança.

Seja sincera consigo mesma. Entenda seus limites, entenda que perdoar uma traição não é nada simples e se parabenize por conseguir. Depois, siga sua vida naturalmente e guarde esse aprendizado — ao menos a parte de pensar no relacionamento como duas pessoas juntas, e não apenas como uma “relação” — para seus próximos encontros amorosos.

Mas se mesmo após ler o texto até aqui você ainda tiver alguma dúvida sobre perdoar uma traição, recomendo que leia meu outro texto falando sobre esse tema com uma abordagem um pouco diferente. Para acessá-lo basta clicar aqui.

SOBRE O AUTOR: Sou um psicólogo (CRP 04/51810) dedicado a ajudar pessoas a desbloquearem seu potencial máximo e alcançarem o sucesso em suas vidas. Minha missão é clara: eliminar as barreiras que impedem você de prosperar. Entendo que a jornada do desenvolvimento pessoal pode ser complexa, e é por isso que minha abordagem é sempre empática e flexível. Acredito que cada pessoa é única, com sua própria história, desafios e objetivos. Você não será rotulado aqui; em vez disso, exploraremos juntos o que está por trás de suas ações, pensamentos e aspirações. Com mais de 7 anos de experiência, estou comprometido em fornecer resultados tangíveis. Trabalho com abordagens baseadas em evidências, sempre considerando o contexto individual. Quer dar um passo em direção a uma vida mais plena e completa? Clique aqui e agende sua primeira consulta comigo!

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