Você já se sentiu “preso” no passado? Como se diariamente tomasse decisões e fizesse coisas para evitar algo que já aconteceu antes? Talvez isso seja fruto de um trauma, um longo processo emocional que hoje paralisa sua vida e te deixa estagnado, incapaz de ter relações saudáveis ou alcançar seus objetivos pessoais e profissionais.
Mas isso não precisa ser assim para sempre. Existe tratamento para traumas e a psicoterapia é o “carro-chefe” que pode te ajudar a retomar o controle da sua vida. Pelo menos é isso que vejo diariamente no meu trabalho como psicólogo.
Quer entender melhor o que são traumas, como eles te afetam e como o suporte de um profissional poderia te ajudar? Então, continue a leitura. Falarei sobre todos esses tópicos a seguir!
Índice
- O que é trauma e como ele se manifesta?
- Os efeitos do trauma na vida diária
- A importância de procurar ajuda profissional
- Como funciona a psicoterapia no tratamento de traumas?
- Técnicas comuns utilizadas na psicoterapia para traumas
- Benefícios da psicoterapia para a superação de traumas
- O papel do psicoterapeuta no processo de cura
- Dicas para encontrar o psicólogo certo
- Histórias de sucesso: superando traumas através da psicoterapia
- É possível superar o seu trauma
O que é trauma e como ele se manifesta?
Trauma é uma resposta emocional a um evento terrível e intenso, como um acidente, abuso ou desastre natural. Essa resposta pode ser imediata ou aparecer após algum tempo.
As manifestações do trauma são diversas, abrangendo sintomas físicos e emocionais. As pessoas podem experimentar flashbacks, que são recordações vívidas do evento traumático, pesadelos que perturbam o sono e dificultam o descanso, e uma constante sensação de alerta, como se o perigo pudesse surgir a qualquer momento.
Além desses sintomas mais conhecidos, o trauma pode se manifestar de maneiras mais sutis, como dificuldades de concentração, irritabilidade e comportamentos de esquiva, onde a pessoa evita situações que possam lembrar o evento traumático.
Imagine a seguinte situação: Carlos, durante anos, sofreu humilhações e xingamentos constantes por parte de seu chefe. Essa experiência negativa o levou a desenvolver diversos comportamentos de esquiva relacionados ao trabalho.
Carlos começou a evitar ao máximo contato com seu chefe, chegando a inventar desculpas para não participar de reuniões ou tarefas que o obrigassem a estar próximo a ele. Ele também se isolou dos colegas de trabalho, com medo de que eles percebessem o que estava acontecendo e o julgassem.
Essa situação o deixou cada vez mais desmotivado e ansioso, afetando diretamente seu desempenho profissional. E, mesmo mudando de emprego, aquela sensação de insegurança e ansiedade continuam acompanhando Carlos, impedindo que ele se desenvolva em sua carreira.
Esse é apenas um exemplo de como a esquiva de traumas pode moldar nossa vida. Os eventos do passado, quando não tratados, interferem no nosso bem-estar e em nosso senso de autossuficiência e autossatisfação.
Os efeitos do trauma na vida diária
Traumas não resolvidos podem se refletir em vários aspectos da vida diária, interferindo na capacidade de uma pessoa de funcionar normalmente. Vamos explorar alguns exemplos específicos de como os traumas se manifestam na vida cotidiana.
Trauma de infância: medos e fobias
Experiências traumáticas na infância, como abuso ou negligência, podem causar medos irracionais e fobias na vida adulta.
Por exemplo, uma pessoa que sofreu abuso físico pode desenvolver uma fobia de lugares fechados ou de figuras de autoridade. Esses medos podem limitar a vida do indivíduo, impedindo-o de aproveitar oportunidades e experiências que poderiam ser positivas.
A fobia pode levar à evitação de situações essenciais, como uma promoção no trabalho que envolve mais responsabilidade e interação com superiores.
Trauma de violência: ansiedade e desconfiança
Pessoas que sobreviveram a situações de violência, como assaltos ou agressões, muitas vezes experimentam ansiedade constante e desconfiança em seus relacionamentos.
Elas podem se sentir sempre em alerta, esperando que algo ruim aconteça a qualquer momento. Isso prejudica tanto a vida social quanto profissional, criando um ciclo de isolamento e medo. Por exemplo, alguém que foi assaltado pode evitar sair à noite ou frequentar certos lugares, limitando suas atividades e convivências sociais.
Trauma de perda: depressão e isolamento
A perda de um ente querido, ou uma separação traumática, pode deixar uma marca profunda, levando à depressão e ao isolamento social. A pessoa pode se sentir incapaz de conectar-se com os outros, evitando interações sociais e atividades que antes traziam alegria. Normalmente com o medo de que essas novas pessoas também “partam”, e assim é “melhor não se apegar” para evitar o sofrimento.
Esse isolamento pode agravar a dor do trauma, tornando mais difícil encontrar o caminho de volta ao bem-estar. Alguém que perdeu um familiar próximo pode se afastar dos amigos e até mesmo das atividades que antes apreciava, mergulhando em um ciclo de tristeza e desânimo.
A importância de procurar ajuda profissional
Lidar com os próprios traumas sozinho não é impossível, mas corremos um grande risco: como estamos enviesados pelos nossos medos e inseguranças, podemos não saber dar os próximos passos e até mesmo evitar caminhos que poderiam nos fazer melhorar.
Uma pessoa que tem ansiedade ao falar em público pode, em vez de aprender a se comunicar e gerir suas emoções, adotar estratégias de esquiva, como buscar desculpas para não apresentar trabalhos de escola ou mesmo escolher uma área de trabalho na qual não precisará se expor a isso (mesmo que o grande sonho de sua vida envolvesse uma área que a colocaria para falar publicamente) — isso é o que chamamos de autossabotagem.
Um psicólogo consegue olhar de fora para essa situação. Ele é um especialista no entendimento do comportamento humano e em vez de reforçar essas estratégias de esquiva, ajudará a pessoa a desenvolver as habilidades necessárias para que esse ‘monstro’ possa ser derrotado e deixe de parecer tão poderoso assim.
Lidar sozinho com um trauma é o equivalente a fazer a própria sutura caso se corte ou enfaixar o próprio braço quebrado. Pode funcionar? Pode, mas na maioria dos casos o resultado tende a ser mais negativo do que contar com a ajuda de alguém que se formou e estudou por anos para lidar com esse tipo de problema.
Como funciona a psicoterapia no tratamento de traumas?
A psicoterapia envolve sessões regulares com um psicólogo capacidade (devidamente registrado no Conselho Regional de Psicologia — CRP), onde o paciente é encorajado a falar sobre suas experiências e sentimentos. O terapeuta o ajuda a entender seus pensamentos e comportamentos, mostra como determinados comportamentos foram aprendidos e desenvolve estratégias para lidar com os sintomas do trauma.
O processo terapêutico é estruturado para criar um ambiente seguro e de confiança, onde o paciente pode explorar seus sentimentos sem medo de julgamento — um bom psicólogo nunca irá te julgar e tudo o que é dito na consulta fica em sigilo, entre você e o profissional. Com o tempo, isso ajuda a reduzir a intensidade das emoções associadas ao trauma, permitindo que a pessoa reconstrua sua vida com mais equilíbrio e menos sofrimento.
Durante as sessões, o terapeuta pode usar diversas técnicas para ajudar o paciente a processar suas experiências traumáticas.
Isso inclui a criação de narrativas para os eventos traumáticos, ajudando o paciente a dar sentido ao que aconteceu, e a prática de habilidades de enfrentamento para lidar com os sintomas de estresse e ansiedade. O processo de psicoterapia é um trabalho colaborativo entre o terapeuta e o paciente, onde ambos trabalham juntos para alcançar os objetivos terapêuticos.
Técnicas comuns utilizadas na psicoterapia para traumas
Existem várias técnicas eficazes utilizadas na psicoterapia para tratar traumas. Aqui estão algumas das mais comuns:
Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)
A TCC é uma abordagem focada em mudar pensamentos e comportamentos disfuncionais — aqueles que prejudicam sua vida e te levam na direção contrária aos seus objetivos. Ela ajuda os pacientes a identificar padrões de pensamento distorcidos e a substituí-los por pensamentos mais realistas e positivos. Através de exercícios práticos e sessões de reflexão, o paciente aprende a gerenciar seus sentimentos e reações de forma mais saudável.
Por exemplo, uma pessoa que acredita que “ninguém é confiável” após uma traição pode, através da TCC, aprender a questionar essa crença e a desenvolver uma visão mais equilibrada dos relacionamentos.
A TCC também inclui a prática de habilidades de enfrentamento, como técnicas de relaxamento e estratégias de resolução de problemas, para ajudar o paciente a lidar com o estresse e a ansiedade.
Terapia de Exposição
A terapia de exposição envolve a confrontação gradual e controlada dos medos e lembranças traumáticas. Durante o processo, o terapeuta fornece técnicas e orientações para lidar com as emoções, garantindo que o paciente não sofra mais que o necessário durante o tratamento.
O objetivo é dessensibilizar a pessoa em relação ao trauma, reduzindo a intensidade da resposta emocional e permitindo uma vida mais livre de medos paralisantes.
Alguém com medo de dirigir após ter sofrido um acidente, por exemplo, pode, na terapia de exposição, começar a falar sobre dirigir, depois olhar fotos de carros, assistir a vídeos de pessoas dirigindo e, eventualmente, sentar-se em um carro estacionado antes de tentar dirigir novamente. A cada etapa a pessoa recebe orientações e desenvolve habilidades específicas para lidar com suas emoções e os comportamentos que têm nesses momentos.
Todo esse processo é feito de forma gradual e com o suporte do terapeuta, garantindo que o paciente se sinta seguro e no controle.
Benefícios da psicoterapia para a superação de traumas
A psicoterapia pode proporcionar inúmeros benefícios para quem sofre de traumas. Além de reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, ela pode melhorar a qualidade do sono, fortalecer relacionamentos e aumentar a autoestima.
Com o apoio de um terapeuta, o paciente desenvolve novas habilidades — como a inteligência emocional — para lidar com os desafios diários, encontra um novo significado na vida e reconstrói sua confiança.
Ao longo do tratamento, muitos pacientes relatam uma sensação crescente de empoderamento. Eles começam a perceber que têm as ferramentas necessárias para lidar com seus problemas e que são capazes de enfrentar desafios que antes pareciam insuperáveis.
Além disso, a psicoterapia pode ajudar a criar uma rede de apoio, onde o paciente se sente compreendido e apoiado em sua jornada de recuperação.
O papel do psicoterapeuta no processo de cura
O psicoterapeuta atua como um guia e apoio durante o processo de tratamento. É importante entender que “cura” pode não ser o termo mais adequado; o objetivo é ganhar habilidades e confiança para lidar com a vida, mesmo com os momentos negativos. O terapeuta ajuda o paciente a identificar recursos internos e externos que podem ser utilizados para enfrentar desafios futuros.
O terapeuta não está lá apenas para ouvir, mas para intervir de maneira estratégica, ajudando o paciente a desenvolver novos padrões de pensamento e comportamento. Essa colaboração ativa é essencial para o progresso terapêutico.
O psicoterapeuta também oferece uma perspectiva externa e imparcial, algo que é difícil para alguém que está emocionalmente envolvido em sua própria história de trauma.
Dicas para encontrar o psicólogo certo
Encontrar o psicólogo certo é fundamental para o sucesso da terapia. Leia avaliações e não hesite em marcar uma consulta inicial para ver se você se sente confortável com o terapeuta. A relação de confiança entre paciente e terapeuta é crucial para o sucesso do tratamento, portanto, escolha alguém com quem você se sinta à vontade para compartilhar suas experiências mais íntimas.
Além disso, é importante verificar as credenciais e a experiência do psicólogo. Pergunte sobre suas especializações, abordagens terapêuticas e experiências com casos semelhantes ao seu.
Não tenha medo de fazer perguntas e de procurar até encontrar o profissional que realmente entenda suas necessidades e com quem você possa construir uma relação de confiança e respeito mútuo.
Histórias de sucesso: superando traumas através da psicoterapia
Existem muitas histórias de pessoas que conseguiram superar seus traumas através da psicoterapia. Essas histórias inspiram e mostram que a recuperação é possível, proporcionando esperança para quem está no início dessa jornada. Conhecer relatos de sucesso pode ser motivador e encorajador, reforçando a ideia de que é possível encontrar um caminho para a cura.
Na minha experiência como psicólogo, ao longo da última década, tive a oportunidade de acompanhar de perto algumas dessas histórias, como:
- pessoas que antes não conseguiam se posicionar hoje conseguem expressar suas opiniões e apresentar discordância mesmo em espaços públicos;
- pessoas que sofreram acidentes de carro e pouco a pouco descobriram sua habilidade para dirigir;
- vítimas de relacionamentos abusivos que conseguiram, gradativamente, se abrir para relacionamentos saudáveis e satisfatórios;
- vítimas de violência urbana que voltaram a caminhar na rua com tranquilidade, sem crises de ansiedade ao pisar fora de casa;
- filhos de pais abusivos ou excessivamente rígidos que aprenderam a se amar e reconhecer seu próprio crescimento e desenvolvimento.
É possível superar o seu trauma
Superar um trauma é um processo desafiador, mas com a ajuda da psicoterapia, é possível reconstruir sua vida. Lembre-se: você não precisa enfrentar isso sozinho. A psicoterapia oferece um caminho seguro e eficaz para lidar com traumas, proporcionando as ferramentas e o suporte necessário para uma vida mais plena e equilibrada.
Se você está pronto para começar essa jornada, entre em contato comigo pelo WhatsApp e agende sua primeira consulta para que possamos nos conhecer!