A Psicologia está cada vez mais famosa. Não é raro encontrarmos atores e youtubers falando sobre a psicoterapia e como ela tem lhes ajudado no dia a dia. A grande questão é que ninguém — isso mesmo, ninguém! — explica o que é essa bendita psicoterapia.
Existem alguns textos falando sobre o assunto, mas normalmente eles são pouco didáticos e trazem uma visão muito profunda e acadêmica, sempre com muitos conceitos. Eu tenho uma proposta diferente: que tal falarmos da psicoterapia de forma prática, explicando como ela pode te ajudar no dia a dia?
Índice
- O que é psicoterapia?
- Para que serve a psicoterapia?
- Quem pode fazer a psicoterapia?
- Quando devo fazer psicoterapia?
- Quando a psicoterapia é indicada?
- O que a psicoterapia pode tratar?
- Como funciona a psicoterapia?
- Quais são os tipos de psicoterapia que existem?
- A psicoterapia realmente vale a pena?
- Como escolher um psicoterapeuta?
- Qual é a duração da psicoterapia?
O que é psicoterapia?
Então, para começar com o pé direito já vamos entender o que é a tal da psicoterapia. Essa palavra surgiu da união de dois termos: terapia + psi. Terapia significa tratamento e psi é uma abreviação para o termo “psicológico”.
Dessa forma, psicoterapia é um tratamento psicológico, ou seja, um tratamento que visa cuidar de nossos pensamentos, sentimentos, emoções e comportamentos. O profissional responsável por oferecer este serviço é o psicólogo.
Só que esse tratamento não é igual ao tradicional que a gente costuma associar com a medicina. Quando vamos ao médico ele nos receita algum medicamento, tomamos as pílulas e depois ficamos bem, correto?
O tratamento médico, esse que acabei de falar, é o que chamamos de terapia passiva. Nessa modalidade de tratamento o cliente tem pouca interferência no resultado. Se você tomar os medicamentos e seguir as orientações médicas, sua saúde melhorará.
A psicoterapia é muito diferente. Ela é vista como um serviço colaborativo ou terapia ativa. O cliente é um ator ativo de todo o processo. Seus comportamentos, crenças e pensamentos influenciam nos frutos da terapia.
Em outras palavras: não adianta ir ao psicólogo, falar sobre sua vida, entender o que está acontecendo de errado e chegar em casa e continuar fazendo as mesmas coisas. É preciso seguir os combinados e colocar em prática tudo que é discutido durante os atendimentos.
Para que serve a psicoterapia?
Eu poderia dizer centenas de benefícios que a psicoterapia pode gerar, mas prefiro fazer diferente. Existe uma coisa que resume a serventia desse serviço. O objetivo final de qualquer terapia psicológica é te ajudar a se conhecer melhor e ter mais qualidade de vida.
Calma, não é tão metafísico quanto parece — muito menos filosófico. A Psicologia é bem prática. Conhecer a si mesmo vai muito além de entrar em contato com suas emoções. O autoconhecimento é o que nos permite conhecer nossos comportamentos, aceitar nossas decisões e lidar com problemas sem sofrer tanto.
Dessa forma, a psicoterapia serve como um auxílio para que você entenda o motivo de fazer o que faz, bem como as causas de pensar o que pensa. Com ela é possível descobrir o porquê de a sua vida ser como ela é hoje.
Além disso, a psicoterapia também pode ajudar a mudar aquilo que você não gosta, que quer que pare de se repetir ou que poderia ser melhor.
Mas, claro, não podemos esquecer dos casos “clássicos” da Psicologia. Afinal de contas, a psicoterapia é reconhecida pelo tratamento de algumas questões específicas. Dentre elas temos:
- ansiedade;
- depressão;
- baixa autoestima;
- distúrbios alimentares (como a bulimia e a anorexia);
- tristeza profunda;
- medos e fobias;
- falta de objetivos na vida;
- problemas de relacionamentos;
- distúrbios psicológicos diversos.
Quem pode fazer a psicoterapia?
A psicoterapia é um profundo processo de autoconhecimento e aprimoramento pessoal. Em função disso, ela é recomendada para qualquer pessoa que quer ter mais saúde mental e tranquilidade em sua vida.
— Ah, então criança pode fazer psicoterapia?
Sim! Crianças também podem fazer psicoterapia. Existe até uma modalidade de atendimento focada totalmente na criança, a ludoterapia. Daqui a pouco eu falo sobre ela — prometo!
— Mas… pessoas felizes não precisam de terapia, não é?
Bom, meu caro leitor, ninguém procura o psicólogo quando está pulando de felicidade. Isso realmente é verdade. Entretanto, nada impede que alguém procure um psicólogo para se manter “de bem com a vida”.
Lembre-se: a psicoterapia pode, e deve, ser usada para potencializar sua felicidade e ajudar você a lidar com as mudanças da vida. Essa história de que psicólogo é só para doido ou só para quem tem depressão é uma mentira.
Quando devo fazer psicoterapia?
“Será que eu preciso de terapia?” e “quando é o melhor momento para começar a fazer psicoterapia?” são as duas perguntas que mais escuto de pessoas que ainda não são meus clientes. Como você está lendo este texto, imagino que também já se fez essa pergunta, não é mesmo?
Tudo bem, a psicoterapia realmente é um pouco “nebulosa”. Existem dois tipos de situações que fazem com que as pessoas procurem por um psicólogo. Essa situação vai definir quando e como a pessoa buscará pela psicoterapia. Entenda cada uma delas a seguir!
Pessoas que estão bem, mas querem se cuidar
O primeiro caso é mais raro. Por incrível que pareça, existem pessoas que fazem psicoterapia regularmente mesmo estando bem. Elas gostam de conversar com os psicólogos porque podem refletir sobre sua vida e cuidar da sua saúde mental.
Essas pessoas já entenderam que os cinquenta minutos de atendimento são para que elas se dediquem a entender seus pensamentos e refletir sobre forma como têm se relacionado com a vida e com seus objetivos pessoais. Sempre contando com a ajuda de um observador externo (o psicólogo) para ajudá-la a avaliar suas experiências sem o risco de se “contaminar” apenas pelos próprios pensamentos.
Em casos como esse a psicoterapia não tem pré-requisitos e pode ser iniciada a qualquer momento. Basta que a pessoa entenda qual é o papel do psicólogo e queira contar com a ajuda dele para ficar cada dia melhor consigo mesma e com seus amigos, conhecidos e familiares.
Pessoas que precisam de ajuda com algum problema
O segundo caso, por outro lado, é um pouco mais complicado e mais comum. Aqui temos as pessoas que realmente precisam de uma ajuda externa porque não conseguem lidar com os problemas da sua vida.
A grande questão é que ninguém consegue viver sozinho. No nosso dia a dia temos amigos e familiares que nos ajudam e nos dão suporte. Entretanto, existem pessoas que não conseguem o apoio necessário para superar os obstáculos da vida e por isso se afundam em sentimentos negativos, negações, medos e inseguranças.
Quando isso acontece, o mais recomendado é que se busque a psicoterapia o mais rápido possível. Afinal de contas, quanto maior for o tempo em que os sentimentos negativos permanecerem, mais difícil será o tratamento e a recuperação.
Mas… quem disse que as pessoas procuram ajuda? Isso não acontece tão fácil assim.
Para procurar um psicólogo a pessoa precisa reconhecer que não conseguirá resolver seus problemas sozinha. Para muitos isso é sinal de fraqueza, falta de habilidade ou incapacidade — o que é um grande equívoco.
Seria o equivalente a eu quebrar minha perna e decidir que não iria a um médico porque isso demonstraria fraqueza da minha parte. Colocado dessa forma parece uma coisa absurda, certo? Mas como estamos falando de algo interno (sentimentos, emoções, comportamentos), e não externo (um osso quebrado), temos a tendência a achar que o problema é “menor” e por isso precisa menos de ajuda.
Então, em primeiro momento ela deve aceitar suas limitações e sua situação atual. Além disso, precisa reconhecer que sem uma ajuda especializada a situação só piorará. Somado a isso, essa pessoa precisa entender que é possível ficar bem e que ela pode, sim, melhorar.
Caso isso esteja claro, aí sim é o momento de buscar uma psicoterapia. De nada adianta obrigar alguém a ir no psicólogo apenas porque ele está mal, okay? Lembre-se: a terapia é um trabalho em conjunto e o cliente precisa concordar em fazer tudo em seu alcance para melhorar.
Quando a psicoterapia é indicada?
Como você pôde ver até aqui, a partir do momento que temos dificuldade em lidar com nosso dia a dia a terapia com psicólogo é aconselhável. Por outro lado, situações mais extremas fazem a psicoterapia ser algo necessário, como é o caso do abuso sexual, depressão, tentativas de suicídio, ansiedade etc.
Entretanto, existem várias situações nas quais o atendimento psicológico pode ser muito útil. Alguns exemplos disso são:
- quando terminamos um relacionamento e não sabemos o que fazer;
- quando ficamos em dúvida se devemos ou não voltar com nosso ex;
- quando nosso relacionamento tem problemas que não conseguimos resolver;
- quando estamos pensando em nos separar;
- quando a vida sexual não está agradável;
- quando estamos tristes por longos períodos e não conseguimos sair dessa situação;
- quando nossos comportamentos nos atrapalham mais do que nos ajudam;
- quando a ajuda de familiares e amigos não é o suficiente para resolver os problemas;
- quando nos preocupamos excessivamente;
- quando não conseguimos nos relacionar com outras pessoas;
- quando temos dificuldade para lidar com alguma situação;
- quando falta concentração e ficamos procrastinando excessivamente;
- quando ficamos desanimados ao pensar que temos que trabalhar;
- quando temos dificuldade de nos relacionar com nossos colegas de trabalho;
- quando o nosso chefe nos tira do sério e não já não conseguimos lidar com ele;
- quando trabalhamos excessivamente e chegamos ao nosso limite;
- quando queremos mudar de emprego ou começar uma nova carreira;
- quando não conseguimos crescer profissionalmente;
- quando fazemos muitas coisas para os outros, mas poucas para nós mesmo;
- quando sentimos medo demais e não conseguimos controlar;
- quando achamos que nossa vida não faz sentido e precisamos de um novo objetivo;
- quando nos sentimos mal, mas não entendemos o motivo;
- entre outros.
O que a psicoterapia pode tratar?
Além de servir de auxílio para refletir sobre a vida, resolver problemas e tomar decisões, a psicoterapia também é utilizada para tratar algumas doenças. Elas recebem o nome de psicopatologias.
Essas doenças psicológicas são alterações no comportamento e no pensamento das pessoas. Durante muito tempo elas foram ignoradas e vistas como “frescuras” ou “falta de força”. Hoje, ainda bem, elas são entendidas como um sério problema de saúde pública.
As psicopatologias são doenças incrivelmente debilitantes que podem levar qualquer pessoa a se confinar em casa, fugir do mundo, se machucar ou, em casos mais extremos, se matar. As doenças psicológicas mais conhecidas são:
- Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH);
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG);
- Transtorno de Personalidade Borderline (TPB);
- Síndrome do Pânico;
- Transtornos Depressivos;
- Esquizofrenia;
- Anorexia Nervosa;
- Bulimia;
- Transtorno do Estresse pós-traumático (TEPT);
- Transtorno Afetivo Bipolar (TAB);
- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);
- Disfunções sexuais;
- Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Como funciona a psicoterapia?
Outra dúvida muito comum das pessoas que nunca fizeram psicoterapia é sobre como ela funciona. Imagino que isso realmente deve ser algo meio místico, não é mesmo? O psicólogo sempre fecha a porta do consultório e apenas ele e seu cliente sabem o que acontece lá dentro.
Se você não é um psicólogo, aluno de Psicologia ou nunca fez psicoterapia, provavelmente o máximo que já ouviu falar é que durante o atendimento as pessoas “ficam conversando”. Acertei?
Isso não está errado, mas também não explica como funciona a psicoterapia. Então, vamos lá! Em primeiro lugar é interessante você saber que o psicólogo pode atender uma pessoa de cada vez, casais, famílias ou — acredite — grupos.
Então, cada tipo de atendimento vai funcionar de uma forma completamente diferente. O que acontece, normalmente, é que as pessoas falam, expõem seus problemas e contam sobre sua vida e o psicólogo fará perguntas para entender quais são seus problemas e como é o dia a dia desse cliente.
Por meio de várias perguntas e comentários — sempre muito bem embasados e com um objetivo claro — o psicólogo fará com que o cliente reflita sobre seu comportamento e crie soluções para lidar com os desafios enfrentados. Além disso, é claro, o psicólogo também propõem intervenções e ajuda a pessoa a avaliar sua vida de maneira mais crítica e agir de forma diferente.
É muito comum que os psicólogos façam uso de dinâmicas e várias técnicas. Também é comum que os clientes recebam tarefas para fazer em casa, como se fossem pequenos desafios que vão ajudá-los a atingir um objetivo.
Pense na psicoterapia como um treinamento que vai prepará-lo para lidar com a vida, com seus pensamentos e com as várias situações que podem acontecer no seu dia a dia.
Quais são os tipos de psicoterapia que existem?
Diferentemente do que muita gente pensa, psicoterapia não é tudo igual. Dentro da Psicologia temos formas diferentes de lidar com os diferentes problemas que enfrentamos diariamente. A mesma estratégia usada para Fulano não caberá em Ciclano.
É por isso que algumas modalidades de psicoterapia podem ser mais interessantes para o caso X ou Y. Por isso gostaria de te apresentar algumas dessas diferentes formas de atuação do psicólogo que você poderia encontrar por aí.
Psicoterapia individual
A forma mais comum e tradicional de psicoterapia é a individual. Ela é a responsável pela clássica imagem do psicólogo com a prancheta na mão, sentado em sua poltrona, enquanto o paciente se inclina no sofá para falar seus segredos entre quatro paredes.
Olha, na prática é bem parecido com essa imagem mesmo: é só você e o psicólogo, sem interrupções, focados em entender seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. É um espaço seguro para explorar desafios pessoais, traumas, ou simplesmente para melhorar a qualidade de vida.
O objetivo da psicoterapia individual é te ajudar a desenvolver estratégias para lidar com os desafios da sua rotina e promover um crescimento pessoal positivo.
Durante as consultas da psicoterapia individual você poderá levantar problemas nos quais enfrenta dificuldades, como dormir com qualidade, se relacionar com alguém, lidar com alguma emoção, conseguir focar nos estudos etc. O psicólogo, então, te ajudará a desenvolver as habilidades não apenas para “acabar com o problema”, mas também para prevenir que ele volte a acontecer ou que você saiba lidar com ele caso aja uma nova ocorrência.
Psicoterapia de casal
Com relação à psicoterapia em casal, acredito que não seja necessário fazer uma grande explicação, não é mesmo? Essa é uma terapia focada no relacionamento do casal, em sua vida sexual, intimidade, conflitos, na forma como interagem no dia a dia e nas expectativas que um tem sobre o outro.
A psicoterapia de casal pode ter vários objetivos, como ajudar na reconciliação, reduzir as brigas, melhorar a vida sexual do casal, facilitar a criação de planos em conjunto etc. Em alguns casos o psicólogo serve de mediador para que o casal possa, em conjunto, definir o que será melhor para seu futuro.
De modo geral, podemos dizer que o objetivo da terapia em casal é permitir que as pessoas tenham uma vida melhor com seus parceiros, sendo mais sinceras e aceitando as diferenças.
Psicoterapia Infantil ou Ludoterapia
Como prometido, chegou a hora de falar da Ludoterapia. Essa técnica consiste em brincar com a criança para ajudá-la a formular pensamentos, melhorar habilidades interpessoais e trabalhar a aceitação de sentimentos.
Durante a brincadeira é comum que a criança reproduza o que aconteceu em seu dia a dia. Então, frequentemente o psicólogo consegue identificar e dar a devida atenção para situações que precisam de cuidado (como a separação dos pais ou o bullying sofrido na escola).
Psicoterapia Breve
A Psicoterapia Breve, como o nome já diz, é um tratamento mais direto e feito no curto prazo. Seus objetivos são muito bem definidos e o foco é voltado para o comportamento problema que levou o cliente ao tratamento.
Nessa modalidade de psicoterapia você pode esperar que o psicólogo seja mais ativo e intervenha mais vezes. A ideia é resolver um problema específico dentro de um período pré-determinado.
Essa modalidade é muito indicada para pessoas passando por crises agudas (como uma tentativa de suicídio, por exemplo) ou com situações fóbicas que precisam ser resolvidas rapidamente — como alguém que tem medo de voar, mas inevitavelmente precisará entrar em um avião em poucas semanas.
Psicoterapia em grupo
A psicoterapia em grupo é outro exemplo de um modelo que é bem diferente da psicoterapia tradicional — aquela em que o psicólogo e o cliente ficam sozinhos durante cinquenta minutos.
Nesse tipo de atendimento psicológico são formadas rodas de conversa. As pessoas trocam experiências, falam sobre suas vidas e comentam sobre as experiências dos outros participantes. O psicólogo tem o papel de mediador, garantindo que a conversa aconteça e que ela seja benéfica para o maior número possível de pessoas.
Esse modelo de psicoterapia é bastante interessante para vários casos, como no tratamento de abuso de substâncias, desenvolvimento de habilidades sociais, treino de habilidades cognitivas, grupos de apoio a situações extremas (luto, desastres naturais, familiares de dependentes químicos etc.).
A psicoterapia realmente vale a pena?
O grande problema com relação à psicoterapia — e eu entendo se você também pensa assim — é que as pessoas têm dúvida se ela funciona ou não. Não podemos negar que o atendimento psicológico não é barato, por isso é normal ter receio de gastar seu dinheiro e não receber nada em troca, até porque não existe nenhuma garantia.
Então, deixa eu “vender meu peixe” aqui. Em primeiro lugar, é importante falar que a Psicologia é uma ciência. O trabalho que ela faz pode, e já foi, mensurado por estudos acadêmicos. Hoje nós sabemos o impacto da psicoterapia, quais técnicas dão mais resultado e em quais situações o psicólogo sozinho não conseguirá fazer nada.
O que a American Psychological Association diz a respeito disso?
Para você ter uma ideia, a American Psychological Association (APA) liberou uma resolução de reconhecimento da efetividade da psicoterapia. Nessa resolução eles apontam que:
- a psicoterapia é eficiente para o tratamento de uma variedade de doenças mentais e problemas de comportamento de toda a população. De acordo com os estudos, o efeito médio gerado pela psicoterapia é maior do que vários tratamentos medicamentosos;
- vários estudos mostraram que a psicoterapia ajuda a reduzir a incapacidade, morbidade e mortalidade. Além disso, ela também ajuda as pessoas a melhorarem seu desempenho no trabalho e reduz a necessidade de internação psiquiátrica;
- durante a psicoterapia o cliente aprende habilidades para a vida que duram mesmo depois que o tratamento termina. Somado a isso, os resultados da psicoterapia duram muito mais tempo do que os tratamentos com medicamentos e raramente produzem efeitos adversos prejudiciais;
- quando a medicação é necessária, as pesquisas apontam que a combinação de medicamentos e psicoterapia é o caminho mais eficiente para o tratamento de depressão e ansiedade. A resolução ainda ressalta que os efeitos produzidos pela psicoterapia (mesmo nesses casos) são equivalentes aos produzidos pelo tratamento com medicamentos (salvo algumas exceções, claro), mas sem o risco de causarem efeitos adversos.
Qual é a real adesão da psicoterapia pela população?
Mesmo com tantas vantagens, a psicoterapia não é a primeira opção das pessoas. O levantamento feito pela APA aponta que apesar da eficiência, a psicoterapia ainda é pouco utilizada.
Isso é confirmado pelo estudo do Marketing Analysis, que verificou que apenas 2% da população adulta das grandes capitais faz terapia atualmente. Por outro lado, 11% das pessoas que responderam ao questionário não fazem psicoterapia hoje, mas já fizeram em alguma época de suas vidas.
Um dado positivo, apesar desse cenário catastrófico não muito favorável para os psicólogos, é que 66% das pessoas que responderam à pesquisa acham necessário ou muito importante fazer um tratamento psicológico. Somado a isso, 49% dos entrevistados disseram que pretendem iniciar um tratamento nos próximos seis meses.
Como escolher um psicoterapeuta?
Você leu o texto até aqui, já entendeu o que é psicoterapia, já viu como ela pode ser útil, aprendeu sobre as suas diversas modalidades e agora que começar o próprio tratamento. O primeiro passo seria escolher um bom psicólogo. Mas… como é que você faria isso?
A escolha de um psicólogo adequado para você é fundamental. Durante o texto eu falei várias vezes que a psicoterapia é um trabalho em conjunto entre o profissional e o cliente. Isso significa que a relação de vocês precisa ser ótima.
Certamente existem vários psicólogos que você gostaria de ser atendido por eles. Outros você preferiria passar longe. Então, como saber qual é o ideal? Bom, só existe um jeito: entre em contato e converse com essas pessoas.
Mande mensagem, chame no WhatsApp, envie um e-mail, ligue. Use os canais de comunicação que o psicólogo disponibiliza e tente entender se ele é ou não o profissional certo para você. Veja a forma como ele fala, preste atenção se ele é mais formal ou mais brincalhão (e veja qual desses estilos você gosta mais) etc.
Outra coisa que é possível fazer é conferir o blog desse psicólogo, ler as coisas que ele escreve e a forma como ele fundamenta os textos. Isso ajudará você a entender se o profissional realmente conhece do assunto ou não.
O que você deve perguntar a si mesmo?
Antes de buscar um profissional e começar sua terapia psicológica, existem algumas coisas que você precisa se perguntar. São elas:
- quais são seus objetivos com o tratamento?
- você tem condições financeiras para ser atendido sem prejudicar as finanças da sua família (lembre-se de que o tratamento pode ir desde 3 meses até anos, tudo depende do caso)?
- você falará com sinceridade, independentemente de quão pessoal seja o assunto tratado (ou está disposto a se esforçar para fazer isso)?
- você está disposto a mudar seu comportamento, ouvir críticas e refletir sobre as suas próprias ações?
- quais horários você tem disponível para ser atendido semanalmente (o melhor cenário é quando o atendimento acontece sempre no mesmo dia e horário)?
- você está disposto a mudar, se aceitar e ser mais feliz?
Ao responder estas perguntas fica mais fácil entender o motivo de fazer terapia, bem como o quanto você está disposto a se entregar ao tratamento e colher seus frutos.
O que perguntar ao psicólogo?
Para o psicólogo as perguntas que devem ser feitas são mais diretas e objetivas. Lembre-se que você está contratando um serviço e que precisa entender se o profissional é o adequado. Por isso, pergunte para ele sobre conhecimentos e experiências.
Veja se o profissional já atendeu pessoas com casos semelhantes ao seu e quão habilidoso ele é para lidar com essas situações. Se você tem algo que o faria desistir da psicoterapia, fale para o psicólogo — esse tipo de informação serve até mesmo para que o profissional te oriente.
Qual é a duração da psicoterapia?
Você já ouviu falar que psicoterapia demora muito? Pois é, isso é verdade, mas também é mentira. Calma, eu explico!
O tempo de duração de um tratamento psicológico varia muito. Ele depende de:
- gravidade do motivo que levou a pessoa até o psicólogo;
- estágio do distúrbio ou transtorno psicológico;
- impacto dos comportamentos problemáticos no relacionamento interpessoal do cliente;
- características comportamentais e histórico do cliente;
- metas do tratamento;
- participação do cliente durante o processo psicoterapêutico;
- tipo de relacionamento que o cliente tem com familiares, amigos e pessoas que podem dar apoio;
- tempo entre o início do problema e a busca por ajuda especializada.
Todos esses fatores influenciam no tempo que pode levar para que alguém receba alta do psicólogo. Existem pessoas que precisam apenas de uma sessão para desabafar e se sentirem melhor. Em contraponto, alguns clientes levam anos para resolver suas questões psicológicas.
Independentemente de qual seja o seu caso, posso dizer que a maioria das pessoas se sente melhor depois de algumas poucas sessões. Já no primeiro mês de psicoterapia é comum que os clientes demonstrem uma melhora, mesmo que o principal problema ainda não tenha sido resolvido.
Quanto mais grave é o problema e mais tempo a pessoa tentou resolvê-lo sozinha, maior será o tempo de psicoterapia. Só que o tratamento psicológico não é focado apenas em resolver problemas, mas sim em ajudar a pessoa a encontrar novas maneiras de lidar com a vida.
Então, podemos dizer que a cada sessão o cliente se torna mais apto para resolver suas coisas e ser feliz — mesmo que essa felicidade demore um pouco mais.
Quando parar com a psicoterapia?
A psicoterapia não tem data certa para início e fim. Normalmente a decisão de parar o tratamento é tomada em conjunto pelo psicólogo e o cliente.
E isso pode acontecer do dia para a noite, simplesmente porque você começou a se sentir melhor ou porque percebeu que não precisa mais da ajuda do psicólogo para lidar com os problemas da sua vida, já que eles não te fazem sofrer como faziam antes.
Pode ser também que o psicólogo proponha a parada das consultas, identificando que você já não tem mais demandas e que deveria viver sem esse “suporte” para experimentar uma vida diferente e sem depender dele para auxiliá-lo em suas decisões.
O que acontece após o fim da psicoterapia?
Suponhamos que você e seu psicoterapeuta decidiram que era hora de parar com seu tratamento. E agora? O que acontece?
É muito possível que seu psicólogo peça para que você retorne ao seu consultório dentro de algum tempo — normalmente dentro de um mês. Essa visita é como se fosse um check-up. Ele vai querer saber sobre como você tem lidado com seu dia a dia sem a psicoterapia e se tem colocado em prática as coisas que haviam combinado.
Entretanto, mesmo depois de ter terminado seu tratamento isso não significa que você não poderá voltar a pedir ajuda do seu psicólogo. A vida sempre nos prega peças, e em algum momento pode ser que você fique fragilizado novamente.
Se isso acontecer, volte para a psicoterapia. Reconhecer que precisa de ajuda, assumir os próprios sentimentos e tentar melhorar é um grande sinal de autoconhecimento e coragem. Poucas pessoas conseguem isso. Se você já tiver feito antes, poderá fazer de novo, não é mesmo?
Bom… espero que tudo tenha ficado claro. Caso queira falar com um psicólogo ou tirar alguma dúvida, me mande uma mensagem no WhatsApp!