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Medo de ser feliz: Quando evitar sentir equivale a evitar viver?

medo de ser feliz

Você já ouviu falar do medo de ser feliz?

Quando falamos de sofrimentos emocionais estamos falando de algo particularmente humano. Por esse motivo possui suas peculiaridades e importâncias, dentre elas podemos ressaltar a sobrevivência e manutenção da espécie.

Sentir é uma sirene de alerta que nos predispõe a responder de maneira mais eficaz em uma série de situações. O medo é a sirene da fuga, a raiva é sirena da luta… mas, nem sempre tudo funciona tão bem assim, temos sensações que mais atrapalham do que ajudam.

Esse fenômeno não é incomum e pode se transformar em medo de ser feliz. É isso mesmo, continue a leitura que vamos aprofundar um pouco mais nesse assunto.

A cultura do como sentir

Nós, humanos, nos organizamos em grupos. Essas uniões formam culturas cada vez mais complexas. Isso afeta diretamente a maneira como sentimos, expressamos e interpretamos nossas emoções.

A título de exemplo, pense na cultura ocidental. Aqui existe uma maneira muito específica de explicar os comportamentos e emoções humanas.

Basicamente você aí que está lendo este texto, neste exato momento, muito provavelmente se não for um psicólogo, em especial um analista do comportamento, compreende os sentimentos da maneira que explicarei a seguir.

Para você, seus sentimentos controlam o seu comportamento, correto? Você jogou o celular no chão, por exemplo, porque estava nervoso, correto?

Essa é a maneira como a maioria das pessoas entendem as emoções e os sentimentos. A essa forma de pensar nos damos o nome de “mentalismo”, ou seja, é a crença de que as emoções determinam suas ações.

Vamos a uma situação hipotética!

Pepita queria apresentar seu trabalho de iniciação científica em um congresso muito importante da sua área, mas pepita não apresentou, pois sentiu-se insegura, com medo e por isso desistiu.  

Observe o trecho acima, trata-se de uma relação causal, na qual os “sentimentos” insegurança e medo foram os responsáveis pelo comportamento de não submeter o trabalho ao congresso.

Momento divisor de águas!

Você deve estar pensando: tá; e qual a relação disso tudo com o título do texto?

Essa lógica de causalidade entre emoções e ações (comportamentos) afeta diretamente a nossa maneira de lidar com a vida, seus obstáculos e momentos difíceis.

Esse modo como nos relacionamos com as emoções (fazemos x porque sentimos y) nos deixa muito submissos a elas. É como se estivéssemos colados, fusionados com o que sentimos, e isso, de fato, nos controlasse o tempo todo.

Momento de desconstrução!

Responda às seguintes questões:

Como você usualmente lida com as dores emocionais (ansiedade, medo, tristeza e insegurança)?

Que resultado você quer alcançar ao agir dessa forma?

Imagino que muito provavelmente as suas respostas foram mais ou menos as seguintes: “busco não sentir dores emocionais, uso estratégias para não me sentir mal, como evitar o contato com pessoas e lugares que causem sensações ruins”.

Em resumo, o objetivo é sempre buscar alívio e evitar essas emoções “negativas”; sejam elas o medo, a ansiedade, a insegurança e por aí vai. Assim você crê está no caminho da felicidade e da satisfação, mas pode estar na verdade alimentando o medo de ser feliz.

Olhando desse jeito, parece que você é sempre controlado pelas suas emoções, não é mesmo? Você decide o que quer ou não fazer com base no que sente. Mas, calma! Tenho uma boa notícia para você!

As emoções não estão no controle

As emoções não estão no controle da sua vida e você definitivamente não precisa evitá-las para ser feliz. Ah e o psicólogo aqui, que vos escreve, não tá doidão não. Vou explicar melhor!

Por uma lógica cultural, como conversamos acima, aprendemos a nos aprisionar em sentimentos e pensamentos. Isso pode ser um problema, um medo de ser feliz. Quando acontece? Quando deixamos os sentimentos e pensamentos assumirem o controle de nossas vidas.

Sentimentos e pensamentos fazem parte de quem somos, mas não controlam nossa existência. Evitar sofrimentos emocionais pode levar a perda de coisas importantes, prazerosas e que trazem satisfação para nossa vida.

Quem nunca deixou de realizar algo por medo ou insegurança?

Quem nunca ouviu demais seus pensamentos críticos e acreditou fielmente neles?

Tudo isso acontece porque aprendemos que os sentimentos controlam nossas ações e que o sofrimento é algo 100% ruim e deve ser evitado. “Novidade!” Sofrimento não é anormal e não deve ser evitado.  

Fuga e negação das emoções, não é a solução!

Não estou falando de sadomasoquismo, muito menos de tortura emocional. Ninguém gosta de sofrer “de graça”. Buscamos, continuamente, uma vida com mais satisfações do que sofrimentos, isso se chama bem-estar.

A questão é que muitas vezes para não sofrer, construímos uma vida cada vez mais escassa de satisfações e com isso potencializamos o sofrimento.   Somamos a ele frustrações, insatisfações e desilusões. Esse é o famoso medo de ser feliz, medo de sofrer. Fazemos tudo isso porque:

Em consequência, não aprendemos que podemos aceitar sofrer um pouquinho em prol de algo que é importante e prazeroso no final. Tipo a Pepita ir apresentar a sua pesquisa de iniciação científica lá no congresso independentemente da insegurança que estava sentindo.

Deixando o medo de ser feliz para trás

Aceitar as emoções sem julgamento é se permitir sentir o que se está sentindo e assumir o controle das suas ações, comprometido com aquilo que é importante para você. Apesar da presença das emoções, isso é muito importante para construção de uma vida com mais sentido e satisfações.

Claro que não é algo simples de se fazer, também não é se jogar de uma vez em uma situação ansiogênica (situações que geram ansiedade) do nada e ter uma crise de pânico.

Então… como faz?

Sempre é bom identificar as causas e a origem dos sofrimentos. Assim podemos trabalhar a aceitação desses sentimentos ou pensamentos e pensar em uma forma de superá-los.

Como resultado, você pode construir uma vida que valha a pena ser vivida, reduzindo o controle das emoções sob nossas ações e aumentando o nosso compromisso com aquilo que realmente importa.

Quando você evita a todo custo o sofrimento, você dá força para ele, o faz cada vez mais presente. E, mais uma vez, na tentativa de evitar a dor evitamos o que de fato é importante para nós e isso gera mais sofrimento e frustração.  

É preciso aprender que evitar o sofrimento é uma forma de sofrimento

Ter uma vida com mais satisfação e bem-estar abrange sofrimento e prazer ao longo de um contínuo. Evitar sentir equivale a evitar viver, quando você não faz algo importante, para não sentir desconfortos emocionais.

Buscando ajuda

A psicoterapia pode ajudar muito nessa mudança. Um profissional habilitado vai saber conduzir esse processo de maneira segura, auxiliando no desenvolvimento de habilidades necessárias para lidar mais efetivamente com as emoções e pensamentos.

Isso pode até mesmo minimizar a gravidade e intensidade deles, mas nunca eliminá-los. Como dito no início do texto, trata-se de uma questão adaptativa da espécie humana, portanto sensações desagradáveis sempre vão existir, mas você pode, sim, acabar com o medo de ser feliz.

Vamos juntos construir uma vida mais comprometida com seus propósitos? Conte com o meu apoio para isso. Entre em contato comigo! Caso queira marcar uma consulta clique aqui.

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